Nos últimos anos o termo “fake news” (notícia falsa) invadiu os lares e as conversações, ganhando enorme popularidade. O termo “fake news” já é usado desde o final do século XIX, mas a imprensa internacional começou a usá-lo com mais frequência durante a eleição americana, em 2016. O termo e o fenômeno denominado de fake news teve seu “boom” com a democratização da internet e ao vasto uso das redes sociais, que mudaram as formas de se acessar e de se dar as notícias.
Com a facilidade ao acesso à internet, as notícias que antes eram dadas por meio daquilo que hoje chamamos de “mídias tradicionais”, como o rádio, a tv, os jornais impressos, os telejornais, etc., hoje são propagadas pela rede, e compartilhadas por diversas fontes, com inúmeras visões e intenções diferentes. Com a internet, as mídias tradicionais perderam o seu monopólio na propagação da informação, de forma que, hoje, muitos passaram a ser criadores e propagadores de notícias.
Mas, como tudo aquilo que se populariza e passa a ser praticado em massa, é necessário reconhecermos que a propagação das notícias perdeu sua qualidade e o cuidado na avaliação de sua veracidade, o que teve como consequência as tão conhecidas “fake news”.
Note bem, as fake news não são publicadas e compartilhadas somente por pessoas menos abastadas, sem conhecimentos e sem meios de descobrir a verdade dos fatos por si mesmas. Não, muito pelo contrário: na grande maioria dos casos, as fake news são criadas, usadas, e propagadas por pessoas, veículos, e instituições, que têm grandes condições, que têm acesso e conhecem a realidade e a verdade dos fatos, mas que se utilizam das fake news como um grande trunfo para maquiar e esconder a verdade, e os motivos para isso são os mais variados, seja para afastar a desconfiança de si, seja por cumplicidade para com o erro, seja pela fé cega a uma ideologia, seja para alimentar e fortalecer rixas e discussões, seja por simples maldade (particularmente, acredito que esconder a verdade e a realidade dos fatos em prol de um ardil embasado no puro egoísmo se constitui uma das principais características do mal). Toda fake news nasce da maldade e da má fé daquele que a cria, e é daí que reside o seu grande poder, força, e maior perigo.
Depois que a notícia falsa é criada pela parte mais alta da pirâmide, só resta a ser feito o trabalho de propagação da mesma, e esse é magistralmente cumprido pelas partes mais baixas que, por falta de conhecimento, paixão ideológica, ou preguiça de procurar a verdade, fazem as falsas notícias circularem em alta velocidade pela rede.
Para “controlar” e desmentir as fake news, foram criadas as agências de checagem, com o objetivo de avaliarem se uma notícia é fake (falsa), ou verdadeira. Como é fácil de se averiguar, as agências de checagem mais conhecidas e utilizadas são aquelas criadas pelas mídia tradicionais – aquelas mesmas que perderam seu monopólio de informação, e seu poder, com a democratização da internet -, que não perderam tempo e criaram uma nova forma de voltar a ter o controle da informação. Nos cabe a pergunta: quem checa a veracidade das informações checadas pelas agências de checagem? Quem pode nos garantir que elas não são tendenciosas e parciais, buscando maquiar e forjar verdades? Quem pode nos garantir isso? Elas mesmas?
O problema das fake news é muito maior do que a maioria das pessoas conseguem perceber, não é uma simples “notícia falsa”, é um meio de maquiar a realidade e estabelecer novas “verdades” que tem como propulsor um egoísmo malicioso. E tudo aquilo que orbita em torno das fake news é envolto por uma névoa permanente, tudo é envolto por trevas e escuridão, que escondem da população comum os ardis e os objetivos a serem alcançados nessa guerra de narrativas, onde cada lado luta para alcançar o monopólio para, a partir disso, perpetuar sua história, firmado em cima de seu conceito de “verdade” e visão de “realidade”.
Wanderson R. Monteiro
São Sebastião do Anta – MG
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