A FALSIDADE É SEMPRE ESCORREGADIA

Acredito que todo mundo concorda: é muito difícil viver com alguém que é falso.
Pois nunca sabemos como lidar com tal pessoa. O pior é quando ela não está aberta para qualquer contestação, ou crítica.
Claro: as ciências humanas desenvolveram bastante nos últimos 50 anos – ou, talvez, melhor, a partir de experiências durante a Segunda Guerra Mundial, quando – em circunstâncias especiais e de extrema crueldade – as pessoas perseguidas tentavam de tudo para poderem sobreviver, e, mais ainda, poderem fugir, ou ajudar a outros a sair do campo de concentração.
Mas o que é uma pessoa falsa? Alguém definiu que é alguém que não age autenticamente, e muitas vezes, expressa sentimentos ou intenções que não correspondem à sua verdadeira natureza. De forma simples, há um distanciamento entre palavras e ações.
Isso até se parece com um tipo de doença: da mente, ou até, da personalidade – não é?
Pela psicologia, que estuda comportamentos – isso não é doença. Ou, nem toda discrepância na personalidade é doença. É claro – depende, também, do ramo de psicologia que se usa.
Hoje li na meditação Lucas 12:1-5. Nesse texto Jesus dá continuidade à sua crítica aos líderes religiosos de sua época (os escribas ou doutores da Lei, e os fariseus – uma linha mais conservadora do Judaísmo da época).
Ele está cercado por uma multidão de pessoas – o texto diz que “muitos milhares de pessoas se aglomeravam e atropelavam umas às outras”.
Ora, que situação propícia para uma boa palavra sobre ser autêntico!
E Jesus começa a se dirigir primeiro a seu círculo interno, aos discípulos:
Cuidado com o fermento dos fariseus, que é a hipocrisia [ou falsidade]!
A ideia de “fermento” é que ele tem uma ação escondida, e que se espalha e atinge a massa toda – como no pão!
Então, falsidade produz falsidade.
Um líder falso cria seguidores com o mesmo tipo de “doença”: quando se trata da verdade, por exemplo, e o líder não a leva a sério, mas a cada nova situação, faz uma “adaptação” – logo, nesse grupo de seguidores a mesma adaptação será feita.
O legal mesmo é que Jesus não para aí. Ele continua:
Nada há encoberto que não venha a ser revelado, nem escondido que não venha a ser conhecido. Pois tudo o que você diz no escuro será ouvido em plena luz; e o que você falou sussurrando em casa, será proclamado de cima dos telhados.
Então, – e me pergunte por que eu admiro, amo, confio em Jesus: ele não faz rodeio nenhum. Suas palavras são claras e diretas – para restaurar o que foi deturpado, o que foi falsificado, o que foi adaptado “às manias ou manobras” do não-autêntico.
Talvez agora vai ficar ainda mais claro – o que ele, Jesus, na continuação, está realmente dizendo:
Meus amigos, eu lhes digo: Não temam os que matam o corpo, e depois disso nada mais podem fazer. Eu lhes mostrarei a quem vocês devem temer: temam aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno [desgraça eterna]; sim, digo que a esse vocês devem temer de verdade.
Ser autêntico, ser verdadeiro exige muita coragem. E ser falso é um autoengano completo e total: agora que eu digo algo que não é, ou que eu enfeito o “pavão” – e nas consequências, pois a verdade sempre vence, e há de se revelar.
E se não é nessa vida, certamente naquilo que há de se seguir.
Se conseguimos cauterizar e anular nossa consciência, um dia ela será restaurada – e o último estado dessa pessoa será pior do que o anterior, na falsidade.
Assim, de forma simples: Um viver autêntico é ter nossas ações atreladas a nossas palavras.
Um grande abraço.
Rev. Rudi Augusto Krüger – Diretor, Faculdade Uriel de Almeida Leitão; Coordenador, Capelanias da Rede de Ensino Doctum – UniDoctum; E-mail: rudi@doctum.edu.br