Artigo

A Questão não está em pauta

Margareth Maciel de Almeida Santos

Doutora em Sociologia Política

Membro do Instituto Nacional dos Advogados do Brasil (IAB)

 

Estamos vendo diariamente que no campo da saúde, o Brasil está apresentando altos números de óbitos. Esperas e mais esperas em hospitais, os pacientes impacientes correndo para serem atendidos contra o coronavírus que surpreendeu a terra, sem escolher brancos ou negros, pobres ou ricos. Em falar em branco e negro, dificilmente um cientista social fugirá à reflexão sobre o mundo das leis. Lembremos a produção da legislação para a criminalização do racismo, que proíbe a discriminação racial em qualquer lugar, a regulação dos conflitos das discriminações, mas que na verdade nunca produziu justiça, não só por razões das incompletudes das leis, mas pelo fato dos costumes estarem enraizados na sociedade. Pode-se até a falar que o sistema de justiça dá uma certa cobertura aos diversos conflitos, mas a praticabilidade é quase nula.

Mas esse não é a conversa que gostaria de trocar com você nesse domingo. Assim gostaria de voltar, ao assunto sobre o campo da saúde, o que me chamou atenção foi a confiança do presidente Bolsonaro em insistir o uso da cloroquina, hidroxicloroquina no início do estado da doença covid-19. A revista científica The Lancet afirmou que uma auditoria independente está revalidando as bases utilizadas sobre a cloroquina. Disse ainda por meio das mídias, que levou a Organização Mundial da Saúde, a interromper os teste com a substancia, mas “após importantes questões científicas”, foram levantadas relevante tópicos a respeito de sua validade.

Esse vírus traz muitas instabilidades nas informações, e eu me lembro que quando o medicamento cloroquina ainda não comprovava sua eficácia, ou seja ainda não comprova, no tratamento da covid-19, o discurso de Bolsonaro sobre o remédio era e é cada vez mais insistente. E o mais grave é que essa insistência de Bolsonaro no uso da cloroquina que se posiciona contra as medidas de enfrentamento à pandemia, pode-se ler, como sendo o consenso entre autoridades sanitárias e especialistas, como o distanciamento social.

O Ministérios da Saúde anunciou a distribuição de 3,4 milhões de unidades de remédios a estados com pacientes em quadro grave, e o Ministério da Defesa também passou a produzir a cloroquina. Eu não sei dizer se houve a eficácia esperada, porque os dados não foram divulgados. Será por que?

Seria um conflito entre ciência e política? De um lado, a ideia de que não se pode parar tudo e de outro as medidas restritivas, a quarentena? Pode-se ainda questionar se Bolsonaro não está negando o saber cientifico, mas propondo um outro pensamento que possa ser manejado de acordo com os seus interesses políticos? Vamos aguardar os estudos da Cloroquina e as divulgações dos resultados desses 3,4 milhões de unidades, para saber a realidade do remédio.

A covid-19 é uma doença causada por um vírus novo, e sabemos que o seu avanço é rápido, o que faz os cientistas demorarem a chegar em conclusões exatas.

Outro fato, que me chamou atenção também, foi que após tensas manifestações, o clima entre os poderes executivos e judiciário, já acirrado por meses afora, após desdobramentos do inquérito das fake news, o presidente Bolsonaro compareceu à posse do ministro Alexandre de Moraes no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Registrei também o fato do ministro Alexandre de Moraes ter barrado a nomeação de Alexandre Ramagem. A mídia nos conta que Alexandre é amigo de Bolsonaro, e que essa atitude desagradou o presidente. Lembremos também que, o ex-presidente, Michel Temer, foi alvo de críticas também, quando Moraes foi indiciado por Temer, como ministro da Justiça. Moraes era filiado ao PSDB. Além disso já havia participado de diversas gestões tucanas.

Bolsonaro chegou a dizer que ele “é a Constituição”, mas negou querer fechar o Supremo Tribunal Federal e o Congresso. Essa fala contraria a própria Constituição, pois todos os poderes devem zelar pela própria Constituição de 1988 do nosso Brasil.

Para concluir, em meio a tantos acontecimentos, apesar de todos os dias ficarmos informados de fatos que nos impressionam, falas do presidente Bolsonaro em altos tons de histerismo, ainda posso dizer que temos o melhor governo dos últimos tempos. Não acredito que a democracia brasileira, corre perigo por todos os lados, e que um impeachment do presidente seja realizado de maneira precoce.  O que precisa é a coalizão de partidos, segmentos da sociedade para garantir a governabilidade. Bolsonaro pensou em não trocar cargos, mas experimentou que no Brasil isso é inadmissível para aprovação de seus projetos. No entanto, as convicções de Bolsonaro sobre combater a corrupção ainda está de pé, e é por isso que os investidores estão acreditando no Brasil.

E se de fato a cloroquina for considerada eficiente no combate ao coronavírus, poderemos dizer: “– Viva a Cloroquina”, para não dizer “Viva Bolsonaro”.

PAZ E BEM!

Diário de Manhuaçu

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