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ADVOGADO OU A MÁQUINA?

Ildecir A.Lessa

Advogado

 

Quando da promulgação da Constituição Federal, há 30 anos passados, foi cunhado no artigo 133 que o advogado é indispensável à administração da Justiça. Isso porque, numa sociedade baseada no respeito pela excelência da lei, o advogado desempenha um papel especial para resolver as infindáveis questões judiciais. Devido as complexidades do sistema judicial brasileiro, as funções do advogado, são sumamente importantes, mormente para a interpretação do cipoal da legislação brasileira. Essas funções não se esgotam apenas nessa interpretação legal, mas dentro de outras abrangências do mundo jurídico.

Nessa linha, o advogado deve servir o propósito de uma boa administração da Justiça ao mesmo tempo em que serve os interesses daqueles que lhe confiaram a defesa dos seus direitos e liberdades. Um advogado não deve ser apenas um defensor de causas, mas também um conselheiro do cliente. Contudo, apesar da importância do advogado, a tecnologia da informação no futuro promete ameaçar a carreira dos defensores das leis segundo o advogado britânico Richard Susskind, autor do conhecido livro “O Fim dos Advogados?“. O autor argumenta que a profissão de advogado, como a conhecemos hoje, está ameaçada de extinção — ou, pelo menos, “à beira de uma transformação fundamental”, por dois fatores: o primeiro é a expansão da tecnologia da informação, que permitirá a qualquer bom leitor entender os meandros da lei. O segundo é a mercantilização da profissão, que fará com que a preparação das peças jurídicas seja terceirizada para mão de obra mais barata. Com isso, os tradicionais postos de trabalho dos advogados serão substancialmente diminuídos. Ele lembra que, da mesma forma que as pessoas se sentem confortáveis hoje em uma agência bancária, se sentirão à vontade em uma sala de tribunal.

No caso brasileiro, a medida contradiz a Constituição brasileira: “O advogado é indispensável à administração da Justiça”. No citado livro, o autor faz sua formulação radical: assim como a doença não existe para dar emprego aos médicos, a lei não está aí para dar sustento aos advogados. Ainda na visão do autor, as escolas não se preocupam com as próximas gerações de operadores de Direito. E ainda prossegue o autor, pontuando que, “o desafio que se estabelece para os advogados é perguntar, com as mãos no coração, quais elementos do seu trabalho podem ser feitos de uma maneira diferente, o tornando mais barato, eficiente e de melhor qualidade”. Essa tese, a princípio controvertida, não é bem aceita entre operadores de Direito do Brasil, considerando a tecnicidade do Direito brasileiro, sendo que, o advogado é imprescindível para se fazer Justiça, já que o Direito é uma ciência eminentemente social. Ou seja, os advogados sempre serão necessários, inclusive para consultorias. Não se pode negar que existe hoje em dia uma “concorrência desleal” entre os advogados que vem maculando o mercado. É muito ávido hoje, o desejo de ser advogado, quando está presente uma mudança de mão dupla do Direito. Gera isso uma insegurança no mercado da advocacia, onde os advogados correm o risco de não serem no futuro o que são hoje. O advogado não mais será como liberal, mas como prestador de serviço. No Juizado Especial, por exemplo, não exige a presença de um advogado, por se tratar de julgamentos de causas pequenas. O velho Direito que se aprende nas faculdades, não mais existirá, em razão da perda de força. A tendência é de se multiplicar os tribunais de conciliação e câmara de arbitragem. A tecnologia vem avançando no meio jurídico, com a presença da inteligência artificial de maneira que, haverá uma transformação radical. A tecnologia dominará de tal forma que, nenhuma das regras atuais serão válidas.

Em dez anos, o mundo do Direito já estará em transição, com ameaças direitas ao labor dos advogados. Urge, portanto, a necessidade de se modernizar porque, a tendência é de haver mais o fornecimento barato de serviços padronizados, usando a força da tecnologia. Diante disso, é preciso criar estratégias para aumentar a eficiência e a colaboração, sob pena de prevalecer o advogado máquina.

Diário de Manhuaçu

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