É inquestionável que alguns padrões são imensamente
necessários para o desenvolvimento de uma sociedade e,
nos últimos anos pudemos ver que muitos desses padrões
são quebrados e tripudiados pelo simples fato de muitos
pensarem que têm o direito de fazer o que quiserem, em
busca de uma "liberdade" que, infelizmente, tem se
tornado quase em uma nova forma de absolutismo, sendo
obrigação das outras pessoas, e da sociedade em geral, se
adaptarem a sua regra de conduta, a sua forma de
absolutismo, movida, pura, e simplesmente, por sua
maneira egoísta e egocêntrica de enxergar o mundo. O
egocentrismo de muitos, levado ao extremo, sendo visto
como a única forma aceitável de se viver, normativisando
toda a forma de vida à seus princípios e padrões pessoais,
têm a capacidade de nos levar à uma sociedade doente,
insegura, onde muitos se sentem acuados de dizer o que
pensam, e de viver da forma que realmente são, por medo
da censura e rejeição da nova sociedade normativa, que
parece nutrir pretensões de ser absolutista, e que cresce e
se espalha em meio à nossa sociedade atual. Engraçado
que, quanto mais se fala de liberdade, muitas pessoas têm
se sentido mais limitadas, inseguras, condicionadas, e
amordaçadas.
Essa nova forma de se viver nasce da visão relativista da
sociedade atual, que provém da quebra dos princípios que
antes eram tidos como normais, sadios, e universais,
levando muitos em nossa atualidade a julgar todas as
coisas, todas as ações, e todas as pessoas, a partir de sua
visão particular de mundo, a partir pura, e simplesmente,
da sua subjetividade. Essa forma de relativismo faz com
que cada pessoa ande segundo suas próprias regras, de
acordo com o que somente a sua consciência julga correto,
o que, na grande maioria das vezes o "certo" é aquilo que
de alguma forma lhe traz benefícios, ou que a faz se impor
sobre os outros em relação a alguma coisa. Assim, padrões
como certo e errado são julgados, pura, e tão somente, por
aquilo que a pessoa acha certo, ou errado, de acordo com a
sua subjetividade, seu "achismo", e só. Hoje, "certo e
errado" não parece mais vir de padrões amplamente
aceitos, mas a partir de julgamentos culturais e subjetivos,
fazendo com que todos passem a andar em um terreno
traiçoeiro e movediço, em uma corda bamba, onde, uma
hora ou outra, a queda é certa.
Uma sociedade onde cada um tem suas próprias regras,
sem um padrão aceitável por todos, que nos tornaria
realmente em uma "comunidade", mais cedo ou mais tarde
encontrará o caos como consequência inevitável da falta
de integração e compreensão de seus indivíduos. Vivemos
em um mundo em que a maioria das pessoas buscam
realizar todas as suas vontades e desejos individuais,
infringindo leis e padrões inquestionáveis, movidos
completamente pelo hedonismo, que tomou conta de nossa
época.
Wanderson R. Monteiro
([email protected])
São Sebastião do Anta- MG