Como Reconhecer o Envolvimento de Deus em Minha Vida
Li um relato incrível: a luta de um homem com Deus: Era de noite, e ele estava à beira de um rio. O homem conseguiu segurá-Lo, resistindo pela noite adentro, até que o oponente (Deus) pediu que ele O soltasse e deixasse ir. O homem só acedeu a esse pedido com a condição de que seu antagonista lhe revelasse o Seu nome.
É uma daquelas histórias que se lê muitas vezes e pouco se entende. No pano de fundo, porém, é uma história magnífica e que traz uma revelação única. Encontra-se em Gênesis 32.22-32.
O resultado mais interessante, certamente mais significativo, foi que o homem teve seu nome mudado – antes era Jacó, depois da luta, Israel. Além disso – um detalhe nem sempre observado: o nome de seu Deus também sofreu uma mudança. A partir de então, Ele adotou um nome novo: o “Deus de Israel” (El Elohai Yisrael!).
Fato marcante é que, a partir daquela noite, Deus começou a se identificar também como o “Deus de Israel”.
Ora, isso é algo tão conhecido, não é?
Não, não é. Não há outra história entre os povos que tem detalhe como esse. Os deuses dos povos são, de uma forma geral, tidos como seres estranhos, com características humanas, ou da natureza, mas o que impacta é exibirem as fraquezas tanto de caráter como nas ações – e que quase sempre “exigem” dos humanos uma variedade de sacrifícios, até mesmo de vidas humanas. Jacó, porém, lutou com Deus e sobreviveu!
Ele chegou à conclusão sui generis de que seu Deus deseja e quer Seu nome unido, ligado ao nome dos que se importam com Ele e que com Ele se envolvem – assim como nesse seu caso.
Indo para o Novo Testamento, na sequência da revelação bíblica, deparamo-nos com outro fato notório: De acordo com as Escrituras, crer e confiar em Jesus é algo tão profundo como nascer, ou nascer de novo. Mais ainda: a partir desse encontro com Jesus, o Ungido de Deus, a pessoa se torna da mesma linhagem de Israel. Em outras palavras, quem nasce recebe um nome novo – e este é, primeiramente, “Israel”! Por isso, como nos tempos do Antigo Testamento, nossos nomes estão ligados ao nome de Deus – o “Deus de … “[seu nome], o “Deus de Rudi” [meu nome].
Por outro lado, pela gramática, “meu Deus” é uma interjeição, ‘designativa’. Mas o que estamos entendendo da revelação bíblica, e seguindo o exemplo de Jacó/Israel, estamos aqui diante de algo muito mais sublime e demasiado simples: o Deus Criador se interessa tanto pelos seres humanos que até espera que lhe demos um nome novo! E que assumamos, concomitantemente, um nome no qual estamos – cada um de per si – intimamente ligados ao magnífico Criador e Senhor de todas as coisas.
Entendo que esse pensamento pode até ser difícil para nós, pois pela nossa lógica isso não faz sentido. É, porém, um assunto no qual – mais uma vez – temos de deixar de lado a lógica e aprender o que é revelado.
Pense uma vez só: o que significa estar tão intimamente ligado com Aquele que é a fonte e origem de tudo, sobretudo, da própria vida, de nossa vida em particular?
Isso é algo tremendamente fabuloso, apesar de ser totalmente fora do comum e impensável à mente humana!
Veja, porém, um fato que muitos de nós experimentamos e talvez nem levamos tão a sério. É comum usarmos a expressão “meu Deus” ou “Jesus, acuda”. Fazemos isso automaticamente, e nem percebemos essa ligação profunda que temos com o nosso Criador.
Ao refletirmos sobre isso, vamos descobrir que o nosso nome está deveras ligado ao dEle!
Assim, a expressão “meu Deus” é muito mais do que uma interjeição. É muito mais do que um elemento da gramática, ou palavras, ou mesmo, sentimentos (desespero, surpresa, etc.). Estamos – às vezes, sem estarmos conscientes – declarando nossa ligação com Ele.
Entretanto, talvez você pergunte: – Como é mesmo essa questão de eu dar a Deus um nome novo?
Na medida que você se torna mais e mais familiarizado com Ele, com a forma de Ele agir, de tratar as pessoas, de enfrentar dificuldades, etc., aquele que se chama “Antônio”, agora que é amigo de Deus, é o “Antônio de Deus”, ou “o Deus do Antônio”, e assim por diante. As pessoas ao redor do Antônio (e, principalmente, ele mesmo) saberão que o Antônio não está sozinho neste mundo, que ele tem o seu Deus, a quem ele pode chamar pelo nome: é o “Deus do Antônio”!
Outra conclusão muito profunda, e confortadora: Deus quer o nome dEle ligado ao seu! Isso não é nada de mágico, nem depende de rituais ou sacrifícios: é algo que pode acontecer de dia, ou de noite. O que isso significa é tremendo: a sua vida está ligada à dEle, e a identidade dEle está ligada à sua. Onde quer que você vá, Ele está com você, e vice-versa. Conte com Ele em tudo, pois Ele está aí com você – Ele é o SEU DEUS.
O nome secreto de SEU Deus é tão sagrado como todos os outros nomes dEle! Significa que Ele é o Deus de sua existência, de sua vida, o Deus de seu passado, o Deus de suas necessidades, o Deus de seus machucados e feridas, o Deus do seu coração, do futuro, que ninguém sabe. Significa também que Ele é o seu Deus e de tudo o que você é . . . Assim, este nome dEle que você carrega consigo – o Deus de [seu nome] – é o que só você e Deus conhecem a fundo.
Voltando à revelação bíblica, Jacó QUERIA saber qual era o nome dEle, e logo descobriu a verdade desse mistério: logo depois (Gn 33.20) ele constrói um altar e o consagra a El Elohai Yisrael = a “Deus, o Deus de Israel” (só para lembrar: Israel é o novo nome desse homem, Jacó).
Mais uma conclusão: como no caso de Jacó, quem tem esse encontro profundo com o Deus verdadeiro, sai transformado, é uma nova criatura – nasce de novo, e recebe um nome novo. No meu caso, dá pra escrever assim os dois novos nomes: o meu – Rudi de Deus, e o de Deus – o Deus de Rudi!
É um pensamento revestido de muita simplicidade, cuja profundeza, porém, exige tempo para ser escavada, alcançada.
Imagine: Que tipo de ser é esse que se une assim com seres humanos como nós, e que sempre esteve disponível para todos – hoje, para os mais de 6 bilhões de pessoas vivas na terra!!!
A bem da verdade, infelizmente, poucos são os que estão cientes dessa possibilidade. Pior, contudo, talvez: a maioria das pessoas não tem a mínima ideia do que isso seria – que o Criador de todas as coisas, o Pai de nosso Senhor Jesus, o próprio Jesus que é o Filho de Deus, que Ele QUER esse tipo de intimidade constante, contínua e cada vez mais envolvente COM CADA UM DE NÓS (dito isso, isso NÃO tem nada a ver com o ser “religioso”, nem com algo de características “deformantes”, como poderia ser interpretado por alguns estudiosos da Bíblia – os quais, em sua época, Jesus chamou de ‘hipócritas’!).
Se entendermos corretamente os Evangelhos (que narram a vida de Jesus aqui na terra), foi isso que Ele viveu entre os Seus conterrâneos, e foi isso que Ele procurou sempre mostrar a seus seguidores: – Eu e o Pai somos um! Ou, – Eu não faço nada de mim mesmo, mas tudo o que vejo o Pai fazendo, isso faço! Essa ligação clara e direta – é isso que Ele quer de nós.
Ao pensar nesse fato, duas observações para finalizar:
Primeira: sinceramente, eu acho que é uma coisa tremenda como Deus se envolve na vida de um indivíduo, como um amigo verdadeiro – para ajudar, para consolar, para carregá-lo – sempre!
A segunda: todo esse envolvimento de Deus está contido e incluso no sentido da palavra “amor”, “o amor de Deus”.
Filosofias NUNCA irão entender nem poderão explicar, por exemplo, o significado integral da palavra “amor”, a qual sempre sofreu entre nós (não somente por causa das novelas globais!). É uma palavra frequentemente abusada, e banalizada. Novamente: Ela foge completamente da razão e lógica humanas, que para nós são essenciais, mas – temos de reconhecer – limitadas em muitos assuntos, tipo, quando se trata de “humanidade”, “amor” e outros assuntos afins.
O que nos resta? Talvez isso:
Quem é verdadeiramente humano é Deus, e nós podemos aprender a sê-lo. Como? Seguindo os passos de Seu Filho!
Isso é estranho, não é? Não. E NÃO é a ideia de uma instituição: é a própria vontade dEle! O resto, é o resto, e tem de ser colocado sempre em segundo plano – mesmo que tenha aparência de “sagrado” ou “sacrossanto”.
(Quero confessar que todo o retorno que recebo de vocês tem sido proveitoso, e inspirador, mesmo que foi apenas uma ideia ou sentimento simples, de cunho pessoal. Obrigado. Sintam-se livres, continuem. Fico feliz.)
Rev. Rudi Augusto Krüger – Diretor, Faculdade Uriel de Almeida Leitão; Coordenador, Capelanias da Rede de Ensino Doctum – [email protected]