Em entrevista especial, a psicóloga Juliana Firmino, destaca como podem ser esta postura de vida neste momento de isolamento, vivenciado durante a pandemia
MANHUAÇU– Diariamente, vivenciamos uma série de emoções, boas ou ruins, mas que fazem parte da vida, como a alegria, tristeza, felicidade, raiva, frustação, satisfação, entre outras. Como lidamos com estas emoções é o que determina nossa saúde mental.
Em entrevista especial, a psicóloga Juliana Firmino, destaca como podem ser esta postura de vida neste momento de isolamento, vivenciado durante a pandemia.
Dra. Juliana, o que é saúde mental?
Ela pode ser caracterizada como sentimento de bem-estar, em que a pessoa trabalha, aprecia a vida e ao mesmo tempo, administra suas próprias emoções. Em resumo, saúde mental é administrar sentimentos positivos, como alegria, confiança, felicidade, mas também saber lidar com sentimentos tristes como a frustação, os ciúmes e a decepção. Em suma, é saber lidar com isto.
Como evitar que se perca a saúde mental?
Em primeiro momento é interessante a pessoa saber que ela não precisa dar conta de tudo. É importante eleger prioridades no dia-a-dia, o que é urgente, o que pode esperar, manter relacionamentos positivos, vivenciar seu propósito no ambiente de trabalho, fazendo o que gosta, e, ter atividade física é importantíssimo, pois ela traz os hormônios do bem-estar, como a endorfina, serotonina, dopamina. Enfim, é necessário estar engajado em atividades que fazem sentido para a pessoa.
Outra coisa muito importante: não querer agradar a todos, ninguém consegue isto. Dormir bem ajuda muito. Ter a rotina do sono, com o momento certo para dormir, em vez de cada dia dormir em horário diferente; próximo à hora do sono, diminuir as luzes e fazer atividades mais tranquilas favorecem à saúde mental.
Ansiedade e depressão aparentemente estão afligindo mais as pessoas, quais os cuidados se devem tomar neste momento?
O período da pandemia trouxe muitas incertezas, trouxe o medo de contrair o vírus ou de que algum familiar contraia o COVID-19. Então, pessoas que já tinham tendência à ansiedade e à depressão ficaram muito ansiosas, alguns desenvolveram o transtorno de ansiedade.
A ansiedade em si, é normal. Quando ela está equilibrada, ela te prepara para um evento, ela te deixa atento. Quando ela avança e sai do equilíbrio, nós chamamos de transtorno de ansiedade.
Na pandemia, muitas pessoas desenvolveram o transtorno de ansiedade justamente porque estão privadas de fazer o que gostam, seja no trabalho, seja ver os amigos e familiares, e, ao mesmo tempo, consomem muitas informações. O que eu sempre sugiro para os que já estão com transtorno de ansiedade é reduzir o excesso de informações, não ficar assistindo noticiário a respeito do vírus o tempo todo, embora não deixem de se informar, mas que escolham um momento do dia para buscar informação. Depois, disto, não fique só focado no assunto vírus, senão o corpo vai transformar isto em ansiedade elevada. É preciso evitar as fake news também, e, reforçamos a importância de manter atividade física.
Remédios causam dependência?
É uma pergunta bem complexa. Há medicamentos que podem causar dependência, que são aqueles de tarja preta, em sua maioria. No entanto, os medicamentos indicados pelos psiquiatras, no geral, são avaliados de acordo com cada paciente. Então, se eles precisarem utilizar medicação de tarja preta, eles farão com controle, de forma que não deixe o paciente dependente. A grande maioria dos psiquiatras usa a medicação de tarja preta apenas em último caso, e, se o psiquiatra indicá-lo, ele saberá ter o controle do mesmo, e, com este controle do médico, penso que o paciente não se sujeitará à dependência.
O que pode vir a causar dependência, é que algumas pessoas vão ao médico uma vez, e, às vezes, o profissional de saúde receita uma medicação de tarja preta, por exemplo, e, ai esta pessoa não retorna ao médico e fica, por conta própria, renovando a receita, em automedicação. Ai é que esta o erro, pois, é preciso ir ao especialista, pois, ele saberá se já precisa mudar a receita, a fórmula, o momento de reduzir a medicação ou até mesmo retirá-la para não causar dependência.
No consultório, quando precisamos indicar uma pessoa com transtorno depressivo ou ansiedade muito elevada, por vezes, combinamos terapia com tratamento psiquiátrico. As vezes, com este receio de ficar dependente da medicação, muitos resistem em buscar esta ajuda com o profissional capacitado.
Estou sempre batendo na tecla: o medicamento que o médico vai te passar será na dosagem correta. Se a pessoa usar corretamente, não haverá dependência.
Se precisar de ajuda médica, não tenha receio de procurar.
Como identificar uma situação de risco à saúde mental?
O excesso de sono, por exemplo. Se a pessoa dormia oito horas por dia e passa a querer dormir a maior parte do tempo; se ela perdeu o interesse em atividades que antes considerava importantes ou prazerosas, quando também a pessoa começa a ter insônia ou deixa de fazer atividades importantes; quando ela vai se recolhendo, para de conviver com as pessoas, e, a cada dia, vai ficando sozinha, e, quando a pessoa se altera com facilidade, como ficar irritada, responder de forma bruta, são indícios de que a pessoa precisa de ajuda.
A clínica da psicóloga Juliana Firmino localiza-se à Rua Monsenhor Gonzalez, 618, no centro de Manhuaçu. Contatos podem ser feitos pelo telefone (33) 98416-3674.