
Vereador Chico do Juquinha ficou 52 dias internado após sofrer um infarto; em recuperação, ele voltou às atividades parlamentares no fim de abril.
Após 52 dias internado, vereador Chico do Juquinha fala sobre o infarto que sofreu; também em entrevista do DIÁRIO, cardiologista alerta para os riscos e formas de prevenção
MANHUAÇU – Após ter um infarto e passar 52 dias internado em Belo Horizonte, o vereador Chico do Juquinha (PT) voltou às atividades parlamentares no final de abril. Ainda em processo de recuperação, em entrevista ao DIÁRIO, ele falou sobre sua saúde. No especial, o médico cardiologista, Dr. Dr. Frank Nunes, ainda esclareceu as principais dúvidas sobre doenças cardíacas, formas de tratamento e prevenção.
O INFARTO
No final do mês de fevereiro o vereador Francisco de Assis Dutra, o popular Chico do Juquinha, foi enviado a Belo Horizonte para realizar um curso para vereadores. Na capital, ele se sentiu mal e acabou visitando o Hospital João XXIII para um consulta, no dia 26 de fevereiro.
“Chegando lá, fizeram o eletrocardiograma e já deu como que eu tinha infartado. No dia 27, fui transferido para a Santa Casa, onde fiquei 52 dias internado”, conta o vereador.
Sobre o infarto, ele destaca que foi silencioso, sem dor e, segundo o médico, a forma mais perigoso da doença se manifestar. “Eu estava sentindo há uns tempos uma dor no coração, insignificante, mas ela já estava começando a me prejudicar, por exemplo, quando eu andava, cansava e tinha que parar, mas não havia procurado o médico. Eu falo para toda a população e, principalmente, os homens, que são muito relaxados na questão de saúde. Um chek-up deve ser feito todo ano. Temos que procurar o médico, se eu tivesse feito isso, teria evitado a questão do infarto. Esses dias internado me serviu de reflexão, para cuidar melhor da minha saúde”, destacou.
Agora, ainda em processo de recuperação, Chico destaca que ainda está tomando medicamentos e controlando a alimentação. Entre os principais pedidos do médico, o de mais urgência foi para abandonar o cigarro.
A DOENÇA
Em entrevista do DIÁRIO, Dr. Frank Nunes, médico cardiologista, fala sobre as principais doenças cardíacas, formas de tratamento e prevenção.
Quais são as principais doenças cardíacas?
As mais prevalentes são hipertensão, a insuficiência cardíaca e doenças coronárias, que são a angina estável e infarto. Existem alguns fatores de risco muito importantes que influenciam no surgimento dessas doenças que são as alterações de colesterol e diabetes, que são fatores que influenciam bastante.
Quais são as causas mais comuns dessas doenças citadas?
Há alguns fatores de risco comuns a boa parte dessas doenças cardiovasculares e há alguns específicos, mas de uma forma geral, há os fatores genéticos, a predisposição. Por exemplo, na doença coronária, quem tem um histórico familiar de coronariopatia, que tem histórico de Angina, infarto na família, tem mais chances. A hipertensão da mesma forma, quem tem um histórico familiar, tem predisposição a ser hipertenso. Tem os fatores genéticos e a questão do estilo de vida, isto é, a pessoa que é sedentária, não tem um bom hábito alimentar, o ganho de peso, tudo isso pode influenciar, pois pode haver alterações no colesterol, desenvolver diabetes, etc. Então se a pessoa é sedentária e não possui um hábito alimentar saudável, há ingestão exagerada de bebida alcoólica, tabagismo, consequentemente, há uma maior prevalência dos fatores de risco.
Quais são os tratamentos para essas doenças?
Existe o tratamento não medicamentoso e aquele combinado com remédios. O tratamento não medicamentoso é indicado para todas as pessoas, então a correção de estilos de vida. É importante ressaltar que o sedentarismo é muito prevalente e com ele se aumenta o risco da pessoa ser hipertensa ou diabética. O diabético, por exemplo, tem três, quatro vezes mais riscos de ter eventos coronarianos que o não diabético. Para alguns casos, além da mudança de estilo de vida, existe os medicamentos para as doenças cardiovasculares, para hipertensão, insuficiência cardíaca, remédios tanto para melhorar a qualidade de vida do paciente, quanto para a expectativa de vida. Na angina, da mesma forma, medicamentos para melhora dos sintomas, quanto para a sobrevida. É muito importante ressaltar que há pacientes que aderem ao medicamento, mas não adere como deveriam a mudança de estilo de vida, então o tratamento é mais complicado. A pessoa precisa tomar o medicamento para o colesterol, por exemplo, mas não relaxar na alimentação ou ingerir bebida alcoólica em excesso.
Pode ocorrer o caso do paciente ser ativo, fazer exercícios físicos, ser até um atleta, ter uma alimentação saudável, e, mesmo assim, ter problemas cardíacos. Por quê?
Quando há mortes de atletas por infarto, de uma forma geral, vemos a divulgação disso: “olha um atleta, bem preparado e acabou infartado”. Na verdade, a morte súbita em atletas jovens, a parcela é mínima. Mortes em pacientes atletas abaixo de 35 anos de idade, são normalmente outras doenças cardiológicas, com a porcentagem do infarto da doença de obstrução de coronária sendo mínimas. Existem doenças genéticas que predispõe arritmias, elas se chamam canalopatias, existe uma super prevalente que é a cardiopatia hipertrófica, que são doenças que as pessoas ou nascem com elas, ou até podem adquirir, mas geralmente são genéticas do músculo cardíaco, que são causadoras de morte súbita. A morte súbita em atletas acima dos 35, aí sim, começa aumentar muito a prevalência de doenças de coronárias, então muitas vezes, é aquela pessoa que tem vários fatores de risco, por exemplo, a pessoa tem 50 anos, ficou hipertensa, o colesterol e a glicose começaram a alterar e resolve partir para uma atividade física sem ter uma orientação multidisciplinar, isto é, tanto do profissional médico, quanto do educador físico. Às vezes essa pessoa pode ter uma doença coronariana que ainda não apresentou sintomas e no esforço físico, até maior do que a pessoa está acostumada a fazer, ter um evento agudo de uma doença que ela já tinha. A atividade física nesse caso, não é o fator causal.
Algumas pessoas têm uma alimentação saudável e praticam esportes, por acharem que nunca vão desenvolver um problema de saúde, sobretudo cardiovascular, não procuram um médico. Existe um risco para essas pessoas também devido ao fator genético?
A atividade física e a alimentação saudável sempre contribuem, mas muitas vezes pode não ser o único fator necessário. Por exemplo, tem pacientes que têm uma alimentação super controlada, fazem atividade física adequadamente, mas ainda sim têm um colesterol alterado. Eu digo a eles, claro que ajuda, mas são três fatores: a dieta, a atividade física e o medicamente. Tem alguns pacientes que nos dois primeiros se resolve o problema, já outros com um fator genético mais importante, também precisam de um medicamento associado.
De todas as doenças cardíacas, a que mais amedronta as pessoas é o infarto. Em que momento ele pode ocorrer? Quais são os sintomas?
A morte súbita, falando especificamente da doença de coronária, que leva ao infarto, pode ser a primeira manifestação, na verdade ocorre em 20% a 30% dos casos. Nos outros casos, a pessoa irá desenvolver sintomas anginosos, como vai subir no morro e sente uma pressão no tórax, que às vezes a pessoa nem percebe como dor, e pode ser já o infarto, que não leva a morte, como manifestação da doença. O infarto não fatal ocorre porque a pessoa pode ter placas coronárias e que sejam com graus de obstrução menores, mas que em uma situação aguda, como induzida por um esforço físico ou pelo fumo, no qual as várias substâncias podem agredir a cápsula dessa placa, e num evento súbito rompe-se a capa dessa placa e há um processo de coagulação e obstrui o vaso. É uma placa assintomática da doença. Há pacientes que muitas vezes não apresentam sintomas, mas possuem um quadro anginoso e num esforço podem vir a ter o infarto.
Quando a pessoa sofre um infarto, qual é o processo de recuperação?
Na fase hospitalar, quando é um evento agudo há recanalização dos vasos obstruídos e associado a isso medicamentos para a recuperação do músculo cardíaco. Após a fase hospitalar, há o que chamamos de prevenção secundária, que são os medicamentos de suporte para recuperação do músculo e mudança de estilo de vida, no sentido preventivo para a diminuição de risco de um segundo evento, inclusivo o risco de uma morte súbita.
Quais as suas considerações finais?
Eu acredito que as medidas preventivas são mais importantes. A gente tem que frisar uma alimentação saudável, atividade física regular, controle de ingestão de bebidas alcoólicas e evitar o cigarro.