MANHUAÇU – O diretor da Superintendência Regional de Ensino (SRE) de Manhuaçu, Clóvis Dornelas Filho, afirma em entrevista ao DIÁRIO que o Governo do Estado quer se aproximar da Gestão Municipal. O objetivo, segundo ele, é unir esforços juntamente com o Governo Federal em prol de uma educação mais forte e de qualidade.
Ainda durante a entrevista, Clóvis, que é ex-diretor da Escola Estadual Maria de Lucca Pinto Coelho e militante político filiado ao diretório municipal do Partido dos Trabalhadores (PT) de Manhuaçu, comenta sobre projetos, perspectivas para a atual gestão da pasta e o desejo de aproximação política do governador Fernando Pimentel com o prefeito Nailton Heringer.
Clóvis tomou posse no dia 27 de fevereiro deste ano. Seu nome foi praticamente unanimidade dentro do Governo do Estado. Articulado pelo deputado estadual Durval Ângelo (PT), o novo diretor do SRE Manhuaçu contou prontamente com o aval do governador Fernando Pimentel, que tem nele a pessoa de confiança para fazer a mudança na educação da região.
Acompanhe a entrevista.
Em aproximadamente dois meses e meio de trabalho afrente da SRE Manhuaçu o que já foi feito de trabalho?
Quando assumi a pasta, a primeira ação foi dar assistência a todas as 79 escolas dos 18 municípios que integram a nossa área de atuação. Fizemos levantamento da situação física de todos os prédios e ainda estamos formando equipes de trabalho para que possam atender da melhor maneira a nossa educação. Enquanto diretor de escola, adquiri conhecimento em gestão. Por isso, estamos tendo a preocupação em atender educadores e especialistas. O Governo do Estado prega transparência e diálogo e é exatamente isso que estamos implementando na nossa gestão.
Sabemos que a SRE é um braço do Estado em sua área de atuação no interior. Hoje são 49 em toda Minas Gerais. O que há de propostas para a educação da região?
Dentro do primeiro e segundo escalões do Governo do Estado ainda há indefinições. Por isso, ainda não podemos implantar plenamente as nossas ideias e propostas para a educação na região. Sem dúvida, os projetos que forem bons serão mantidos. Outros deveremos extinguir ou melhorá-los. O que posso adiantar é que o governador Fernando Pimentel tem uma enorme preocupação em conversar com as entidades de classe em prol da valorização do servidor. Precisamos recuperar, por exemplo, o salário dos funcionários da educação, que ficou defasado ao longo dos anos.
Sobre a recuperação do salário, assunto muito em voga ultimamente, o que o Governo do Estado pretende fazer? Vai pagar o piso nacional?
O governador Pimentel sabe que não tem condições de pagar o piso nacional dos servidores da educação tudo de uma vez só. Isso seria inviável, uma vez que oneraria muito o erário. A proposta é aumentar, gradualmente, o salário para que até 2018 possamos estar equiparados com o que diz a lei. Foram anos e anos de congelamento do salário praticado pela gestão passada. Exemplo de aumento escalonado que deu certo foi realizado com o salário dos policiais militares mineiros. E isso deve ser alcançado também com os servidores da saúde.
Qual é a realidade encontrada pela sua gestão? E quais os maiores desafios?
Se falarmos somente da parte pedagógica, não teríamos praticamente nenhum problema. Hoje, contamos com um quadro de servidores capacitados e preparados para assumir o desafio de transformar a nossa educação. Porém, o Governo do Estado anterior deixou muitas escolas em péssimo estado de conservação.Ao assumirmos a pasta, nos deparamos com muitas licitações em andamento, mas sem o recurso contemplado, ou seja, a empresa deveria reformar a escola, mas não temos recurso para pagar. Manhuaçu, bem como em outras cidades, temos escolas com salas interditadas há anos. Se calcularmos que são 49 superintendências com centenas de escolas para lidar, chegamos na casa de milhões de reais sem solução. Seguindo uma escala de prioridades, vamos atender a todas na medida do possível.
Mudando um pouco de assunto, vamos falar mais de política. O senhor é reconhecido militante petista em Manhuaçu. Por anos empenha a bandeira do partido e agora tem a chance de estar afrente de uma pasta tão importante. O senhor acredita que esse trânsito com o Governo do Estado pode facilitar a implantação de projetos na região?
Sem dúvida. Este é apenas o início de um governo. Temos muita esperança de que as coisas mudem para nós e vamos trabalhar para que a região seja contemplada efetivamente com projetos e programas dos Governos Estadual e Federal. Claro que não podemos deixar de evidenciar esta crise a qual estamos vivendo, mas o governador Pimentel já deixou claro que quer diálogo com as bases políticas.
Recentemente, o deputado estadual petista, Durval Ângelo, se reuniu com o prefeito aqui em Manhuaçu. Porém, sabe-se que o diretório municipal do PT está “rachado” com a gestão de Nailton Heringer. Essa reunião demonstra que o Governo do Estado quer uma reaproximação política?
Quando falamos de educação, e isso devemos levar em conta todos as 18 cidades em que atuamos, não podemos desconsiderar o papel das Prefeituras. Não conseguimos executar todos os projetos se não tivermos a parceria dos municípios. Isso é fundamental para o bom andamento da educação. Antes das divergências políticas, precisamos avaliar o interesse dos nossos alunos e a nossa comunidade escolar, que são para quem realmente trabalhamos. Num primeiro momento, o PT demonstrou que não estava alinhado com as práticas da gestão do prefeito Nailton Heringer, mas já há uma outra ala dentro do mesmo partido que ainda vê com bons olhos uma aliança. A presença do deputado Durval Ângelo prova interesse do Governo em manter diálogo com Nailton.
Levando em conta a sua história na política manhuaçuense e os cargos que já ocupou, podemos avaliar a sua gestão afrente da SRE como política ou técnica?
Técnica. É claro que a política norteia a nossa vida. Não conseguimos desvencilhar totalmente dela. Tenho feito muitas visitas e recebido em meu gabinete mais de 150 profissionais da educação, que trazem propostas, sugestões e problemas. Nosso objetivo é atender a todos e resolver tudo aquilo que for pertinente à pasta. Quem exerce cargo de confiança é porque tem vínculo político com, neste caso, o Governo do Estado. Mas, volto a dizer, a meta é trabalhar tecnicamente em prol da educação. Depois pensar no campo político, tentando tirar o máximo de proveito possível deste bom trânsito com o alto escalão que atua junto ao governador Pimentel.
Para encerrar a entrevista, suas considerações finais ao nosso leitor…
Agradeço a todos os companheiros da educação, pois vou contar com cada um para que possamos, realmente, fazer uma gestão que atinja os objetivos do Governo do Estado. Estamos trabalhando para agilizar os processos de licitação de reformas das escolas, pois é uma das nossas prioridades. Agradecemos também o apoio que recebemos da sociedade, até mesmo porque, é para trabalhar para as pessoas que estamos nos esforçando.