Comigo eu guardo histórias que jamais esquecerei

Celebro o meu batismo de Manhuaçu, desde 5 de novembro de 1877. Antes se escrevia com dois S. Não se sabe ao certo a origem do meu nome, alguns dizem que significa lugar de muitas águas, ou lugar de muita chuva, mas a maioria de meus filhos acredita que significa Rio Grande, por conta do rio que me atravessa e me empresta o seu nome.

Também não se sabe quando tudo começou, mas é atribuído a Domingos Fernandes Lana, o título de desbravador de minhas terras.

Os índios Puris foram os meus primeiros filhos, e me tratavam com tanto amor e carinho.

Eu era proibida pela Coroa Portuguesa, chamavam a mim e minhas irmãs de sertões proibidos, e isso foi até quando precisaram de mim para abastecer com produtos agrícolas as minhas irmãs que produziam ouro.

Desde o começo houve disputas sobre mim, primeiro foi com índios em 1843, quando arranjaram um lugar para eles, onde hoje é a Ponte da Aldeia. Depois foi quando me emanciparam, uma de minhas filhas, a Vila de São Lourenço de Manhuassú, não queria que sua irmã Vila de São Simão fosse a sede do município, e tanto lutou que em 1880 a Vila de São Lourenço ganhou. Em 1896, eu fiquei independente durante 22 dias, pelas mãos de Serafim Tiburcio e Antonio de Miranda Sette, virei república, tive até moeda própria.

Nessa época minhas terras já proporcionavam o meu bem mais precioso, o café. É ele que me enfeita e me enche de orgulho.

Nestes anos eu fui doando um pouco de mim, algumas filhas minhas foram se emancipando. Primeiro foi Caratinga em 1880, as duas últimas foram Reduto e Luisburgo em 1995. Mas eu sei que foram mais de 70. Eu era grande, desde a divisa com o Espírito Santo a leste, até Abre Campo a oeste, ao sul até Carangola e ao norte até o que hoje é o Vale do Aço.

A Maria Fumaça chegou até mim em 1915, para levar o meu ouro verde até a antiga capital federal, o Rio de Janeiro.

Em 1927 eu ganhei um hospital pela mão do médico João Cesar D’Oliveira Leite, hoje é referência em toda região, assim como toda uma infraestrutura de saúde que atende até pessoas do Espírito Santo.

Tenho orgulho de estar no meio do caminho dos mineiros em direção as praias capixabas.

Alguns de meus filhos vieram de longe, franceses, alemães, suíços, italianos, libaneses, portugueses, chineses, além de outros vindos de vários estados do Brasil. Todos foram recebidos por mim de braços abertos e juntos, formamos uma grande família.

Meus filhos, algumas vezes choraram, quando o rio que me corta, resolveu mostrar a sua força, mas tenho orgulho deles que não se deixaram abater e me reconstruiu.

Hoje o progresso, que sempre fez parte de mim, faz com que eu cresça ainda mais, dando aos meus filhos orgulho de ser a maior cidade do Serra do Caparaó.

Os meus jovens têm sede de viver. Os trabalhadores não se cansam de me ajudar a crescer, e eu só tenho a agradecer.

Como disse o meu ilustre filho Hervê Cordovil: “Ouça quem tiver ouvidos de ouvir. Olhe quem tiver os olhos de olhar: As terras, As serras, As cores, As flores, As fontes, Os montes, As matas, Cascatas… E o rio que cata, Do EME à letra “U”, Seu nome é MANHUAÇU!

 

O Jornal Diário de Manhuaçu tem orgulho de fazer parte da história de Manhuaçu!

Parabéns pelos 143 anos!