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DEPOIS DO TEMPORAL

Pessoas abrigadas no poliesportivo relatam o que sofreram com a enchente e mostram que mesmo diante do caos, ainda resta a esperança

MANHUAÇU – Por conta das intensas chuvas que ocorreram na cidade de Manhuaçu, algumas famílias ainda se encontram desabrigadas no ginásio poliesportivo Osvaldo Sad. O jornal DÁRIO DE MANHUAÇU foi ao encontro de duas dessas famílias para saber como elas estão após toda a destruição e também saber qual seria o olhar dessas pessoas para o futuro.
Robson Andrade, 51 anos, trabalha no ginásio poliesportivo Osvaldo Sad e acabou indo para este lugar na noite da enchente para procurar abrigo e também ajudar as vítimas. Segundo Robson, a madrugada da enchente foi bem intensa e conturbada, o tempo todo famílias chegando e precisando de ajuda. “Não era o meu plantão de trabalho, mas por conta da chuva e da minha casa estava na área de alagamento, acabei ajudando os meus colegas ali, a noite acabou sendo muito intensa, foi chegando gente, ficamos sem luz, a intensidade da chuva aumentou. Então tivemos que fazer tudo no escuro, meio que às cegas, e mantendo a calma para não deixa as pessoas mais nervosas”.
O cenário que Robson encontrou ao chegar em casa foi de destruição total, lama para todos os lados, tudo revirado, sofá, livros e tudo acabado. As únicas coisas que ele conseguiu recuperar foram os eletrodomésticos que estavam na parte de cima da casa.
Mesmo com tanta destruição ele não perde a esperança e deixa uma mensagem para aqueles que perderam tudo. “Agora é a hora de não desanimar, como se dizia meu avô, ‘Deus não dá o frio maior que o cobertor’, então assim, você não precisa de uma religião, você tem que ter fé, pode ter fé em Deus ou em qualquer outra coisa que seja sua crença pessoal, mas mantenha o foco, é ter meta, é buscar manter os mesmos planos que você tinha, porque isso é só um hiato, é recuperar o fôlego, pensar com calma, não desesperar, tocar o barco e seguir em frente, porque não tem como voltar atrás. Já aconteceu, então agora é ver o que sobrou disso tudo, que tipo de experiência aprendemos e colocar as coisas em prática na vida e nas experiências pessoais, sem lamentar, levantar a cabeça. Vamos embora porque as coisas não podem parar.”
FAMÍLIA ILHADA
Pedro, 29 anos, ficou ilhado na sua residência com sua esposa que está no quarto mês de gravidez. Naquela noite ele estava trabalhando quando sua esposa Tamires Ferreira ligou avisando que o rio iria subir e invadiria sua casa. Pedro foi até sua residência e começou a colocar os móveis para o segundo andar, quando se assustou, a água já estava batendo em seu peito.
Segundo Pedro, a água chegou até o segundo andar da sua casa. “O segundo andar tem três níveis de altura. Aí ficamos subindo com as coisas, quando eu assustei a água estava pegando no meio peito. Até o meu carro eu não consegui tirar da garagem, aí ela ficou lá em cima comigo, colocamos as coisas lá. Falei com ela que iríamos esperar os bombeiros chegarem para resgatar a gente. Os vizinhos ficaram desesperados, sendo que o da frente tem uma filha cadeirante. A gente se assustou quando ela passou da marquise do teto da casa. Aí os bombeiros vieram sem botes, colocaram a boia na minha esposa e jogaram ela na parte de cima para resgatar. Eu fiquei lá até às 5h”
Pedro espera que tudo volte à normalidade e agradece as pessoas que estenderam a mão nesse momento difícil. “Foi muito bom não se sentir sozinho”, frisa Pedro. Ele deixa uma mensagem para as pessoas que estão na mesma situação que ele: “A única coisa que destrói a vida é a morte, o resto se tiver vida e saúde, você continua. Vamos recomeçar, vamos lutar e construir tudo de novo.”

Diário de Manhuaçu

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