Diário Entrevista

Diabetes: cuidados com a alimentação e atualização da medicação fazem a diferença

Em 2021, quando se completa cem anos da descoberta da insulina, a diabetes continua sendo uma doença preocupante no mundo inteiro em razão dos altos índices de mortalidade e as diversas complicações de saúde que provoca no corpo humano.

Em entrevista ao Diário de Manhuaçu, o Médico Dr. Fábio Araújo de Sá, membro da Sociedade Brasileira de Diabetes e da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, além de palestrante dos laboratórios Boehringer Ingelheim, Lilly, Novartis, Sandoz, Bayer e Abbott, destacou questões importantes para prevenção e tratamento da doença.

A diabetes é uma doença crônica caracterizada pelo aumento dos níveis de açúcar no sangue, o que pode provocar danos em vários órgãos, se não for tratada.

 

DIÁRIO – Qual deve ser maior cuidado atenção que a população deve ter com relação a diabetes?

 

  1. FÁBIO – É muito importante que a imprensa esteja divulgando um assunto tão importante porque o diabetes é uma doença silenciosa, e, quando ela vem manifestar, é como diz aquele ditado do interior: já fez muito estrago. Só para termos uma ideia, no Brasil, hoje, temos a média de 18 milhões de diabéticos, e, o mais apavorante é que, mais ou menos a metade desse número corresponde a pessoas que não sabem que tem diabetes, e, 70% dos pacientes que estão tratados não estão dentro da meta.

Outra coisa muito grave é que 80% dos pacientes com diabetes vão desenvolver uma doença cardiovascular, tipo um derrame ou infarto, e, 40% dos pacientes com diabetes tipo dois terão complicação renal. Essa complicação renal é preditora de doença cardiovascular. Ou seja, se o rim piorou, a pessoa tem mais chance de ter um infarto e de ter derrame.

Então, nesse momento, é importante que façamos o diagnóstico precoce. Há mais anos, não se tratava a pré-diabetes, o cara ficava diabético para depois ser tratado. Isso é igual àquela história: vamos esperar chover para consertar goteira? Não!

Outro fato: aquele paciente que está há muitos anos usando o mesmo medicamento, tipo Metformina e Glibencamida há mais de dois, três, cinco anos, por favor procure o médico porque isso é inércia nossa, ou seja, do médico. Então, hoje, não é medicamento só para baixar a glicose. Os medicamentos são feitos para proteção renal, proteção cerebral, proteção cardíaca. Vamos fazer o diagnóstico desde cedo, porque às vezes demora-se dez anos para descobrir, e, ai, há efeitos negativos.

 

DIÁRIO – Atualmente, a tecnologia favorece o monitoramento do paciente de diabetes…

 

  1. FÁBIO – Sim, e nós temos por exemplo, o Freestyle Livre que é um dispositivo adesivo que é colocado no paciente e ele se monitora com o próprio celular. Ou seja, em vez de ficar furando a ponta do dedo, você passa o celular e você mesmo descobre quanto está a Glicemia.

Eu sei que nós não podemos tratar diabetes sem pensar na relação custo. Nós estamos no Brasil. No entanto, aquela velha ação de furar a ponta do dedo e fazer as tomadas direitinho é importante.

Por que eu quero parabenizar vocês da imprensa do Diário de Manhuaçu por estar fazendo um trabalho sobre isso? Porque o mais importante é a educação em diabetes. Então, o diabético tem que aprender a se cuidar, a fazer exercícios, parar de fumar – que é mais importante do que qualquer medicação – e também saber como tratar os cuidados com o pé diabético.

 

DIÁRIO – Por falar em educação e prevenção, alimentação é um fator importante. Observa-se que na região há produtos naturais como a conhecida rapadura, o mel e o açúcar mascavo. O diabético pode consumir isto?

 

  1. FÁBIO – Não, não. É mito! Tem gente que fala assim: ‘não estou usando açúcar comum, estou usando o açúcar mascavo’. A gente brinca: o que vem da cana, até a pinga não pode, não. Por que estou dizendo isso? Porque as pessoas confundem diet com light. Temos que aprender a fazer a dosagem de carboidratos e ver que, às vezes, você acha que aquele alimento não tem nada de açúcar, mas tem. Então, nada de açúcar mascavo, nada de rapadura. Vamos usar adoçante sim – existem uns melhores que os outros, mas também não tem esse mito que adoçante está causando câncer, senão já tinha sido proibido o uso há muito tempo.

Em vez disso, procure saber com seu nutricionista ou com o seu médico, do que você pode se alimentar e do que não pode.

Para aquele paciente que está dentro da meta, que está fazendo tratamento direitinho, um dia ou outro, como no seu aniversário por exemplo, ele tem direito, sim, de comer o seu docinho, mas tudo regrado. Ele tem que ter qualidade de vida. Hoje o diabético bem tratado, leva uma vida normal. Há mais anos, sabíamos que, fatalmente, ele seria amputado, ficaria cego e iria para hemodiálise. Hoje, não. Depende da própria pessoa se educar, ter acesso a comunicação e à educação em diabetes.

 

DIÁRIO – A diabetes tem fama de ser doença silenciosa. Ela manifesta sinal no organismo em que a pessoa deve ficar alerta e procurar um médico para saber se está com problemas de saúde?

 

  1. FÁBIO – Agradeço muito a sua pergunta pelo seguinte: quando falei que, às vezes, a diabetes demora dez anos para manifestar, o que ocorre é que a pessoa quando chega ao médico, já está com lesões e é por causa disso. Entre os sintomas a serem observados: o apetite exagerado, muita sede, perda de peso, visão ficando turva, câimbra e machucado que não sara. Estes são elementos que a pessoa deve estar atenta. Se sentiu algo assim, então procure um médico. Vamos fazer exames.

Uma novidade é que, depois de vinte e tantos anos que o pessoal do SUS não tinha uma droga nova para diabetes, agora foi liberada para Politec e deverá chegar em poucos meses uma medicação que mudou o paradigma de tratamento porque ela não vai abaixar a glicose, ela protegerá o coração e os rins. Então, existe muita coisa boa vindo para a pessoa com diabetes. É só fazer o tratamento direitinho e tomar conta da sua saúde.

Em Manhuaçu, Dr. Fábio Araújo dirige o CADIT (Centro de Atenção ao Diabético e Telemedicina), situado à Rua Lafaiete Sabido, 86, no centro. Contatos podem ser feitos pelos telefones 33 99932 8176 e 3331 6033 e na internet acessando o site: doutorfabiosa.com.br.

Diário de Manhuaçu

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