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EM BUSCA DE DIAS MELHORES

Família de Ubaporanga e amigos fazem campanha para custear cirurgia de R$ 41.746,00 para jovem que sofreu acidente 

CARATINGA- O DIÁRIO DE CARATINGA conta nesta edição a história de Daniel Reis, 31, que sofreu um acidente de moto no dia 14 de outubro de 2018. Ele pilotava o veículo que tinha um amigo na garupa, quando perdeu o controle, batendo em uma árvore. Com um trauma cranioencefálico e politraumatismo, que o levou a coma, ficou internado por meses e já em casa, segue precisando de traqueostomia para respirar.

Quase dois anos após o acidente, a vida de Daniel mudou completamente. O DIÁRIO conversou com a irmã Raquel, que relembra o acidente e fala sobre uma campanha que está sendo realizada para arrecadar R$ 41.746,00.

Raquel se recorda que após o acidente, o irmão foi socorrido rapidamente pelos bombeiros comunitários de Ubaporanga e em estado grave foi encaminhado para atendimento médico. “Ele já não estava muito consciente, em conversando. Ele ficou internado no Hospital Nossa Senhora Auxiliadora e no dia seguinte foi para a UTI. Ele chegou praticamente sem vida no hospital, então tiveram que entubá-lo o mais rápido possível, ficou em coma induzido, não conseguiam tirar a sedação dele de uma vez. Foi tirando aos poucos e às vezes quando ele tirava não conseguia respirar”.

Daniel não teve fratura exposta, mas a lesão no cérebro comprometeu o lado direito do corpo, por isso ele não consegue escrever, por exemplo. Já saiu do coma e está se recuperando. Porém, ainda está com a traqueostomia, o que impossibilita a fala e a alimentação de forma normal, se alimentando somente através de sonda. A família, que é de Ubaporanga, segue em busca de dias melhores para Daniel.

A ROTINA

Ela relata que quando Daniel recebeu alta hospitalar, ainda estava muito debilitado, o que exigiu muitos cuidados e que a família se organizasse para recebê-lo. “Eles fizeram a cirurgia da traqueostomia, ele veio com sonda nasal, não andava e não falava. O estado era bem crítico mesmo, a gente dava banho nele de leito nos primeiros meses. Tivemos que equipar minha casa todinha, moramos eu, minha mãe, ele e meu filho. Tivemos que ter uma cama hospitalar, um cilindro de oxigênio, aspirador, tivemos que ter equipamento para inalação, máscara de traqueostomia. Minha casa teve que ser preparada para receber ele, porque senão o hospital não liberava ele pra vir embora. Ele está em casa até hoje, cada dia tem uma melhora, não anda sozinho ainda, não fala, até porque a traqueo impede, escutamos um som, às vezes consigo entender ele, mais por estar perto dele. Tem hora que não entendemos e ele fica nervoso. Usa fralda ainda, alimenta por sonda no abdômen; uma alimentação preparada, batida, coada. Uma coisa rala mesma, senão não passa na sonda. Tem a seringa, tudo temos que ter em casa, pois caso acontecer alguma coisa estamos preparados”.

O dia a dia é todo voltado à assistência do irmão. Ela e a mãe dividem as atividades. “Eu dou banho nele, levo para médico, corro atrás das coisas que ele precisa. Minha mãe fica mais em casa, ela que dá alimento pra ele na sonda, lava roupa, faz as coisas, mas a outra parte quem faz sou eu. Eu tive que aprender muita coisa, é uma situação um pouco difícil, complicada”.

No começo foi muito difícil encarar a situação e, principalmente, saber as limitações que ele teria. “Tinha dia que eu falava: “Meu Deus, quando isso vai passar? Quando vou ver meu irmão bem?”. É muito difícil você ver uma pessoa que você ama na situação que ele está. Quando ele saiu do hospital não queriam falar abertamente, mas falavam que ele ia ficar daquele estado que estava. Mas, temos que ter fé, que Deus faz milagres, se Deus deu ele a vida de novo, porque ele nasceu de novo, é porque Deus tem um propósito muito grande na vida dele”.

Raquel explica que, com o passar do tempo, quando decidiram fazer alguns testes para saber se Daniel poderia retirar a traqueostomia, descobriram que ele estava com uma fístula, estenose, granulomas e paresia das pregas vocais. “Fui para Ipatinga, Belo Horizonte, atrás de vários médicos, consultas, era difícil no começo e descobri o Hospital Felício Roxo, que faz essa cirurgia. Fizemos outra broncoscopia, para descobrir o que ele tinha, pois já tínhamos feito uma mais antiga, já não tinha o granulomas mais. O médico disse que só tínhamos que preocupar com a fístula e a estenose, que dificultam na respiração e alimentação. Me pediu para ver se dava para fazer essa cirurgia, depois veio a pandemia, por isso, pediram para esperar um pouco para fazer essa cirurgia. Esses dias atrás me passou o orçamento, para talvez marcar para agosto, mas ainda não é certo”.

A ESPERANÇA

Ao saber do alto custo para a cirurgia e internação, amigos decidiram a dar início para uma vaquinha online. A cirurgia possibilitará a correção da fístula é estenose, melhorando a qualidade de vida do paciente. “Eu levava ele para academia, fazia exercício com ele, dávamos a volta com ele com todo cuidado, ele usa uma máscara de traqueostomia no pescoço para impedir que entre alguma coisa. Sabemos que qualquer cirurgia é arriscada, mas, se não fizer essa correção ele vai ficar com a traqueo para o resto da vida”.

Emocionada, Raquel afirma que o mais difícil é ver o irmão com vontade de comer algo que não é possível, devido a traqueostomia. “Comemos escondido dele, ele pede as coisas, comida toda hora, o tempo todo, mas não podemos dar. Outro dia minha mãe até contou que ele pediu pão, mas não podemos dar nada pra ele, ele fica nervoso, às vezes fica ansioso, quer comer de todo jeito, explicamos pra ele que não pode. Tem hora que ele entende, tem hora que ele não entende, porque não é uma situação muito fácil para um rapaz novo, de 31 anos, que tinha a vida toda pela frente acontecer isso e agora ter que depender da gente pra tudo”.

De toda esta situação, ela faz um apelo para que as pessoas aprendam a lição de dar valor à vida. “Os jovens hoje em dia não dão muito valor à vida. Bebem, saem, gostam de festa, às vezes não dão valor ao pai e à mãe”, disse.

E se apega na fé para acreditar em dias melhores para Daniel. “Quando ele veio pra casa, muitas pessoa de igreja vieram fazer oração, ele participava de grupos de jovens. As pessoas me falavam, seu irmão está vivo porque Deus tem um propósito muito grande na vida dele, ele vai vencer e ainda dar um testemunho muito grande disso tudo que ele passou. Tenho fé em Deus que ele vai voltar a andar pelo menos e falar. Mas, às vezes falo, meu irmão não precisa nem andar, se ele poder comer já está de bom tamanho. Ter o prazer de comer é muito bom, sentir o sabor das coisas”.

COMO AJUDAR

Quem desejar ajudar a família a custear a cirurgia, com qualquer quantia, pode acessar pelo site www.vakinha.com.br e buscar o ID 1153412.

Eles ainda precisarão arcar com despesa de acompanhante e recuperação, por isso a solidariedade é muito bem-vinda. “Os amigos dele estão me ajudando nessa campanha porque essa cirurgia é cara, minha não teria condições de pagar, pois já tem as despesas com ele, fralda, comida, suplemento. Desde já agradecemos a todos que ajudarem”, finaliza.

Até o fechamento desta edição tinham sido arrecadados R$ 4.725,00, o que corresponde a 11% do objetivo, que é R$ 41.746,00.

Link para a vakinha:

https://www.vakinha.com.br/vaquinha/cirurgia-do-daniel-isabela-karoline-rodrigues-alves

Diário de Manhuaçu

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