Artigo

ISOLAMENTO, SAÚDE MENTAL E O MEDO

Ildecir A.Lessa

Advogado

Muito informado que nos meios de comunicação, a respeito do isolamento social, que é a principal recomendação das autoridades de saúde mundial, para evitar a propagação do Coronavírus, causador da Covid-19. Contudo, essa medida radical, impôs nas pessoas uma mudança radical no estilo de vida. Somando-se o medo de ser contaminado, à impossibilidade do contato físico, entre outros fatores, a situação acaba trazendo transtornos também na saúde mental da população.

Esse dado é importante de se destacar porque, se as mortes por Coronavírus podem ser contabilizadas, mapeadas, colocadas em gráficos e publicadas diariamente, o mesmo não acontece com um outro aspecto sanitário ligado à Pandemia, mas muito menos visível: a saúde mental de toda a população mundial, que está submetida há meses a uma realidade com a qual ninguém está preparado para lidar.

A crise – inédita para toda uma geração, por uma combinação de variáveis que conjuga alcance, duração e letalidade – traz consigo medo e ansiedade em doses difíceis de serem administradas, ainda mais por pessoas que passaram a viver confinadas, sozinhas ou em família. À insegurança com a própria saúde e de pessoas próximas, soma-se ainda insegurança financeira. Para muitos, a experiência é luto. A experiência da perda não se restringe apenas ao desaparecimento físico de uma pessoa próxima. O luto também é vivido na perda de um emprego, de um lugar, de uma vida tal como era conhecida.  Muitos desses processos de perda sequer podem ser acompanhados dos rituais propícios. A interdição ao contato social impede funerais e cerimônias religiosas, estendendo o dado da morte também aos que não podem chorar seus mortos e fechar um ciclo.

Com tudo isso, a primeira reação é de estresse agudo relacionado com a Pandemia que ocasiona uma circunstância súbita e inesperada. Segundo os especialistas em saúde mental, a Pandemia é um forte fator de estresse que, por sua vez, torna-se fator causal de desequilíbrios neurofisiológicos. Segundo a Especialista em Psicologia em Caratinga, Dra. Eneide Caetano, para combater o isolamento psicológico é muito importante nos mantermos distantes, mas conectados, não perder a conexão com amigos e familiares, hoje facilitada pelos celulares e internet.

A grande preocupação é no sentido de que, a ansiedade preocupa quando o foco de apreensão expande os limites relacionados com a Pandemia, que invade outras faces da vida como a familiar, conjugal e profissional. Portanto, a boa receita para redução do estresse é se manter ativo nas redes sociais, obter informação de qualidade, buscar um ócio criativo, manter o humor, a atividade física regular, dentre outros. O certo é que, o impacto dessa Pandemia é imenso e afeta a todos os seres humanos; alguns de forma muito intensa, principalmente os que são diretamente afetados pela perda de familiares ou amigos, além das pessoas que estão doentes e das pessoas que têm muito medo ou ansiedade em relação ao risco de se infectar. Por isso, é muito importante recorrer a grupos de psicólogos e psiquiatras, que têm oferecido cuidados online, individuais e em grupo. Mas esse é um conhecimento que está sendo construído. Não se pode desconsiderar que, algumas pessoas tentam negar o que está acontecendo. Fazem isso como uma forma de proteção contra a ansiedade e o medo. O perigo dessa negação em situações extremas é o de coloca em risco a própria vida e a vida de outros. Tem um outro aspecto, principalmente no Brasil, onde se batalha em um outro terreno: o ideológico. O debate sobre a Pandemia no Brasil ganhou um estatuto político e as discussões sobre o isolamento se transformaram numa disputa ideológica.

O resultado de tudo isso é o completo desnorteamento da população, que pode facilmente ser percebido. Mas as cabeças pensantes indicam uma forma de escapar dessa batalha ideológica, com mais comunicação, que é muito importante em situações de crise e de desorganização, uma comunicação que ofereça informações e esclarecimentos e que também ofereça possibilidades de acolhimento e de cuidados, que auxilie na busca de contato e de apoio em pessoas da família, em amigos e em profissionais da área de saúde mental.

Enfim, daí a importância do confinamento horizontal, que é difícil para todos. Preparar-se e viver essa situação, poder trocar informações e esclarecimentos, cuidar-se e buscar cuidados nas formas atuais, online, buscar, enfim, novas formas de viver essa situação, tudo para fugir da prisão por isolamento, medo, sempre buscando a saúde mental.

Diário de Manhuaçu

Recent Posts

Hemominas convoca mineiros para ação que faz bem a si e ao próximo: doar sangue

Índice da população doadora no estado está abaixo do recomendado pela OMS; níveis críticos dos…

4 horas ago

AGENDA DE CURSOS DO SENAR

Capacitações acontecem entre 20 e 25 de maio DA REDAÇÃO – Mais uma agenda de…

4 horas ago

CBH Manhuaçu disponibiliza mais de R$ 1 milhão voltados para projetos de abastecimento de água e esgotamento sanitário

MANHUAÇU - O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Manhuaçu (CBH Manhuaçu), está disponibilizando mais…

5 horas ago

Correios suspendem coleta de roupas entre as doações para o Rio Grande do Sul

Empresa está recebendo doações em todas as agências do Brasil e também faz o transporte…

5 horas ago

Edital para duplicação de trecho entre BH e Valadares da 381 é aprovado

Intervenções prevêem 134 quilômetros de duplicações e 138 quilômetros de faixas adicionais A Agência Nacional…

5 horas ago

2ª edição da Feira Popular do Livro

Evento acontece na praça Cordovil Pinto Coelho e prossegue até 5 de junho MANHUAÇU -…

5 horas ago

This website uses cookies.