Religioso deixou seu nome marcado na história de Manhuaçu
MANHUAÇU – Com emoção e muita gratidão, Manhuaçu e região se despediram do Padre Júlio Pessoa Franco, 87 anos, na tarde de domingo (22). O religioso faleceu no sábado (21) no Hospital César Leite, onde estava internado para tratamento de saúde. Após missa, o corpo foi conduzido em carro dos bombeiros pelas ruas de Manhuaçu num cortejo que passou em frente à Igreja Matriz de São Lourenço, casa na qual o Padre Júlio evangelizou durante 59 anos, e depois seguiu para o cemitério municipal. Com muitas palmas, Padre Júlio Pessoa Franco foi sepultado, logo após a bênção celebrada pelo padre Heleno, da Paróquia do Bom Pastor
TRAJETÓRIA
Natural de São Gotardo-MG, padre Júlio nasceu em 11 de setembro de 1930. Filho de Marinha Pessoa Franco e Rivalino de Mello Franco, teve treze irmãos, sendo seis homens e sete mulheres. Fez o Curso Fundamental em São Gotardo, no Grupo Escolar Afonso Pena e o Ginasial no Seminário Apostólico de Manhumirim. Em 1951, iniciou no curso de Filosofia: 1º ano – no Seminário Coração Eucarístico, de Belo Horizonte; 2º ano – Seminário São Rafael, de Dores do Indaiá e 3º ano – Seminário Apostólico de Manhumirim. Em 17 de janeiro de 1950, fez a sua primeira profissão religiosa e, em 19 de dezembro de 1954, fez a sua Profissão Perpétua. No dia 5 de janeiro de 1958, foi ordenado diácono, pelo então bispo diocesano de Caratinga, dom José Eugênio Corrêa e, naquele mesmo ano, foi ordenado presbítero. Desde 1959 estava em Manhuaçu, tendo sido pároco da Paróquia de São Lourenço por mais de 20 anos.
De acordo com a nota publicada pelos Missionários Sacramentinos, nos últimos meses padre Júlio passou por um agravamento em seu quadro de saúde, precisando ser submetido a uma cirurgia. “Toda a Congregação esteve unida a ele nas orações nestes momentos. Contou com a companhia e o cuidado de seus confrades e de muitos paroquianos de Manhuaçu, onde residiu. Hoje partiu para a Casa do Pai, confortado com os Sacramentos”, escreveram.
CRONOLOGIA
1950 – Regente e professor no Seminário São Rafael – Dores do Indaiá
1958 – Ecônomo em Manhumirim; Vigário Coadjutor na Paróquia Bom Jesus e Diretor do Patronato Agrícola Santa Maria
1959 – Professor do Educandário Sacramentino, de Espera Feliz e Cooperador na Paróquia São Sebastião, também em Espera Feliz
1959 – Foi nomeado Vigário da Paróquia de Manhuaçu. Também exerceu os seguintes cargos: membro do Conselho Presbiterial Diocesano e Consultor Diocesano da Diocese de Caratinga, cargo este que exerceu até o seu falecimento
1963 – Foi Vigário-Ecônomo de São Luís de Manhuaçu, hoje, Luisburgo
Na Área de Comunicação:
1972 – Fundou o Jornal Tribuna do Leste
1982 – Fundou a Rádio Nova FM
No Setor Empresarial:
– Construiu o edifício Expansão Cultural
– Criou a Livraria Expansão Cultural
– Fundou a Gráfica Expansão Cultura
– Construiu o edifício Tribuna do Leste (São Vicente)
– Presidente da Fundação Expansão Cultural
– Diretor do Fundo de Expansão Cultural
Construções Religiosas:
– Construiu a Igreja de Reduto
– Construiu a matriz do Bom Pastor
– Construção da capela de São Geraldo (Bairro Petrina)
– Reformou a Igreja de Santo Antônio
– Reformou a Igreja de São Luiz Gonzaga (Luisburgo)
As capelas onde o Padre Júlio marcou presença durante sua vida apostólica estão nos municípios de Manhuaçu, Reduto e Luisburgo
Títulos honoríficos recebidos pelo Padre Júlio:
1982 – Cidadão Honorário de Manhuaçu
1992 – Membro da Academia Manhuaçuense de Letras
1999 – Diploma de Honra ao Mérito da Câmara Municipal de Manhuaçu
Homenagens da sociedade civil:
1976 – Homenagem da Assembleia Legislativa de Minas Gerais – ao jornal Tribuna do Leste, pelo deputado João Bello
1990 – Destaque da Imprensa, pela Fundação Manhuaçuense de Cultura
1996 – Diploma de Honra ao Mérito – Loja Maçônica União de Manhuaçu
2000 – Homenagem a Rádio Manhuaçu AM/FM pela Academia Manhuaçuense de Letras
2017 – Eleito Sacerdote Sacramentino de Expressão – pelo site Manhuaçu Notícias
Nota publicada pelos Missionários Sacramentinos de Nossa Senhora:
Prezados irmãos e irmãs em Cristo,
Os Missionários Sacramentinos de Nossa Senhora comunicam, com pesar, que o Pe. Júlio Pessoa Franco, SDN, fez na tarde desde sábado, 21 de julho, sua páscoa definitiva. Nos últimos meses passou por um agravamento em seu quadro de saúde, precisando ser submetido a uma cirurgia. Toda a Congregação esteve unida a ele nas orações nestes momentos. Contou com a companhia e o cuidado de seus confrades e de muitos paroquianos de Manhuaçu, onde residiu. Hoje partiu para a Casa do Pai, confortado com os Sacramentos.
Pe. Júlio foi um extraordinário propulsor do crescimento de Manhuaçu, sendo por muitos anos diretor da Fundação Expansão Cultural (Jornal Tribuna do Leste, Rádio Manhuaçu, Rádio Nova FM). Esteve presente em inúmeras comunidades rurais da região, celebrando e dirigindo a construção de capelas. Dedicava-se, com fidelidade, ao atendimento do Sacramento da Confissão. Marcou gerações com sua voz grave, apresentando diariamente o programa “Prece do Amanhecer” na Rádio Manhuaçu.
A Igreja, nossa Congregação e a sociedade de Manhuaçu perdem, certamente, um grande homem. Que ele possa agora contemplar, face a face, o Cristo pelo qual tanto trabalhou nesta terra. Pedimos aos amigos e amigas as orações pelo descanso de sua alma e conforto dos que aqui ficamos.
Requiescat In Pace, Amen
DEPOIMENTOS
Pessoas que tiveram contato com o Padre Júlio falaram sobre o seu legado e de sua importância para Manhuaçu, não só no que tange a Igreja Católica, mas de como ele revolucionou os meios de comunicação de Manhuaçu e região.
“Foi um trabalhador por nossa querida cidade. A gente deve uma reverência muito grande ao Padre Júlio. Era um padre empreendedor e que promovia a religião.” Coronel José Pedro de Assis, ex-comandante do 11º Batalhão de Polícia Militar
“Foi um homem que Manhuaçu deve muito a ele, por toda a história dele, por tudo o que construiu. Em todas as áreas, mas principalmente, à frente da Igreja e da comunicação. Tive o privilégio de conviver com ele durante esse tempo e aprendi muito”. Laurentino Xavier, empresário
“Nós perdemos mais que um acadêmico, perdemos um professor, um amigo, uma pessoa que nos norteava, como o bom pastor que junta suas ovelhas e as faz ir pelo caminho do bem. Que Deus o abençoe e nos dê a serenidade para seguir os exemplos que ele deixou aqui na terra”. Luiz Amorim, advogado e presidente da Academia Manhuaçuense de Letras
“Tivemos uma convivência muito profícua nos meus tempos de Polícia Civil e posteriormente na fundação da Academia Manhuaçuense de Letras, quando ele estava conosco até hoje. Era um exemplo de ética, de postura. Uma pessoa queridíssima de todo mundo e que só deixa boas lembranças”. Paulo Roberto de Magalhães, delegado de polícia aposentado e membro da Academia Manhuaçuense de Letras
“Veio para a cidade em tempos que o deslocamento era muito difícil e saia a cavalo para levar a palavra de Deus nos mais distantes locais da região. Construiu grandes empreendimentos e seu legado será sempre lembrado”. André Farrath, presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico e Social do Caparaó (ADESC)
“O Padre Júlio foi um referencial. Nas suas atividades de construção, trouxe gráfica, jornal, rádio, livraria. Ele foi um precursor para o progresso da cidade, além de ser um grande evangelizador. Ele praticava uma verdadeira entrega em prol dos outros e para levar a palavra de Deus. É digno de todo reconhecimento da nossa cidade”. Luiz Assis, advogado e contador
“Foi uma pessoa que me incentivou muito na minha carreira profissional. Sempre me apoiou e eu sou muito grato por tudo isso. Nos últimos tempos pude visita-lo e manifestar minha eterna gratidão, pela satisfação que tive em conhecê-lo. É uma perda muito grande para mim, para Manhuaçu e para toda a região”. Moisés Pêsso, empresário
“Com certeza, isso impulsionou a disseminação da palavra do Senhor para todos através das ondas do rádio. Isso foi muito importante o crescimento da Igreja Católica na região. Por outro lado, os veículos de comunicação conduzidos por ele promoveram a informação e o conhecimento. É inegável se falar quantos profissionais de comunicação foram forjados pelas mãos desse sacerdote”. Toninho Gama, ex-vereador
“A notícia do falecimento do Padre Júlio me doeu profundamente. Foram mais de 60 anos dedicados ao sacerdócio. Ele era um empreendedor. Na época em que não havia internet, nossos únicos canais de comunicação regional eram a rádio AM, depois FM e o jornal Tribuna do Leste. E o mais importante é que ele usou dos meios de comunicação para levar a palavra de Deus. Conseguia ser firme e amável ao mesmo tempo. Tinha sempre uma palavra de conforto para acalmar os nossos corações. Tinha ideias incríveis com relação ao desenvolvimento regional. Como prefeita, quero expressar meu profundo pesar e deixo aqui nosso reconhecimento e eterna admiração pela pessoa do querido Padre Júlio”. Cici Magalhães, prefeito de Manhuaçu
“Desde a adolescência trabalhando com jornais na cidade, nós tínhamos um contato muito diário. Depois, nas instituições e trabalhos sociais que passamos a colaborar, nossa rotina ficou cada vez mais próxima. Foi uma pessoa de um dinamismo enorme. Construiu um jornal impresso que se consolidou durante mais de 40 anos sob sua administração. Tenho um carinho muito grande e agradeço a Deus por ter convivido com ele, que sempre nos aconselhou muito na nossa vida pessoal e profissional. Manhuaçu perde muito”. Renato da Banca, empresário e vice-prefeito de Manhuaçu
“Enquanto seres humanos, precisamos de referências. Ele foi sempre isso. Sempre tolerante, apaixonado pelo ser humano e que nos ensinou, com suas ações, como devem ser as atitudes daqueles que proclamam o evangelho, anunciam a paz e representam o Reino de Deus”. Márcio Melo, pastor da 1ª Igreja Batista de Manhuaçu
“Padre Júlio não foi apenas um empreendedor de veículos de comunicação e de obras de concreto. Ele moldou profissionais de comunicação. Foi o guia, o orientador e, acima de tudo, um incentivador. Foi ele quem deu oportunidade para muitos de nós começarmos a trabalhar seja na gráfica, no jornal ou na rádio. Hoje, meu sentimento é de agradecimento. De gratidão por tudo que ele fez por nós”, Carlos Henrique Cruz, jornalista