Artigo

O AMOR CRISTÃO NOS TEMPOS DA PANDEMIA

José do Carmo Veiga de Oliveira[1]

Ao seu tempo, o festejado autor colombiano Gabriel Garcia Marquez, qualificado como escritor, jornalista, editor, ativista e político, foi tido e havido como um dos autores mais lidos do Século XX, cujas obras foram traduzidas no mundo todo, com mais de 40 milhões de livros vendidos em 36 idiomas, segundo informações coletadas no Wikipédia.

No entanto, o seu tema estava voltado, em uma de suas obras, sob o título “O AMOR NOS TEMPOS DO CÓLERA”, construindo um romance dos mais conhecidos em sua performance literária. Nascido em Aracataca, em 06 de março de 1927, com o registro de seu falecimento em 17 de abril de 2014. Elogiado e homenageado com o Prêmio Nobel de Literatura, Prêmio Rómulo Gallegos, entre tantos outros.

Essa abordagem nos leva a considerar, naturalmente, num contexto de pandemia, sobre alguns aspectos que são de suma relevância para os dias que vivemos. Estamos há praticamente um ano, depois de ser “anunciada” nos dias que se seguiram à “festa da carne” do ano de 2020, oportunidade em que uma determinada agremiação teve o despautério inominável de colocar, na passarela, um personagem representando a pessoa de Cristo sendo assassinado pelo seu e pelo maior inimigo de nossas almas. Não acredito em “coincidências”, dado ao fato de que tudo que acontece no Universo é fruto da vontade boa, perfeita, agradável e, especialmente, soberana de Deus, o Pai de Jesus Cristo.

No entanto, o que podemos considerar nos dias atuais – mais de um ano depois do início de tudo isso, esses convulsionados anos de 2020 e 2021, até agora – é que estamos vivendo um período em que nunca se pregou tanto a Palavra de Deus, já que a Humanidade, como um todo, vem se posicionando num momento de reflexão, para alguns, já que outros estão se posicionando politicamente contra tudo, talvez apenas em virtude de insurgências de ordem política, com decisões judiciais sendo proferidas em diversas frentes e, com frequência, contrárias ao Governo Central Brasileiro, como que se estivéssemos dentro de um motim contra a própria República.

O que temos ouvido em termos de jornalismo no Brasil é impactante. Milhares de mortos e outros tantos em uma situação de desespero completo e absoluto, mormente por seus familiares que peregrinam pelas ruas onde é possível encontrar hospitais funcionando, mas, sem qualquer possibilidade de “aceitar” mais um paciente que seja, em virtude de sua completa saturação em termos de atendimento àqueles que foram acometidos do mal deste Século XXI. Já ouvi depoimentos de alguns médicos dizendo-se cansados de “escolher” quem vai morrer, em face da ausência de respiradouros para entubar os pacientes que se apresentam buscando uma alternativa para preservação da vida.

Todavia, não fosse tudo isso suficiente, ainda encontramos pelas ruas de nossas cidades “acampamentos” que não se destinam a acolhimento para trato medicinal. Esses já foram desconsiderados ante a ausência de doentes ao tempo de sua construção e agora estão fazendo falta à população. Vemos por todos os lados pessoas que, antes de tudo isso, tinham um lar estruturado, com filhos na escola, trabalho para prover o sustento da família. Não eram dias de inquietação. No entanto, tornou-se uma vida dura e sofrida, sem ser pautada pela onda pandêmica dos dias que correm mundo afora.

Correm porque, pouco depois de nos deitarmos para uma noite de sono, já nos despertamos e nos colocamos diante do Senhor como aquele homem que foi espancado e socorrido e, ainda que passassem por ele várias pessoas que transitavam pelo caminho em que se encontrava, ninguém se dignou em socorrê-lo. Depois de cuidar de suas feridas com vinho e azeite, segundo o relato Bíblico, o cidadão da cidade de Samaria, condoendo-se de seu estado precário, levou-o até um estalajadeiro e confiou ao seu dono que se lhe dispensasse os cuidados necessários à sua recuperação, entregando uma quantia em dinheiro àquele proprietário da estalagem e dizendo que o restante pagaria em sua volta.

O fato é que estamos assistindo estupefatos graves práticas de violência perpetradas por alguns agentes do Estado, a despeito de toda a campanha que se tem desenvolvido, no que tange à “proibição de aglomerações”, sob o argumento extremamente combatido e desacreditado quanto à sua “eficácia”, já que muitos dos que se encontram infectados estavam em seu convívio familiar, no recinto de seu lar.

Ouvimos perplexos dias atrás que um cidadão foi preso com o emprego de algumas viaturas, apreendendo-se-lhe seus bens e, afinal, atirado ao cárcere. Recebendo a comunicação da prisão em flagrante, conforme determina o Código de Processo Penal, o MM. Juiz daquele caso simplesmente desconstruiu, à luz da Constituição da República, de 1988, todos os “argumentos” suscitados, a iniciar da abordagem contra a “ausência de constitucionalidade” de um ato em que, sem “aprovação” do Congresso Nacional e mais ainda, sem sanção presidencial – caso tivesse havido a aprovação pelas duas (02) Câmaras – Baixa e Alta – do Congresso Nacional – editou e publicou um “decreto” por meio do qual houve a prisão e apreensão de todos os produtos que estavam sendo comercializados por esse cidadão, visando atender à demanda local e, especialmente, para prover o sustento de sua amada Família.

Não estou a criticar qualquer ato de governo. Não tenho isso por objetivo neste texto, embora inevitável a sua menção. O que nos alerta e alarma é o fato de que em tempos de pandemia, o amor está esfriando, cumprindo-se, pois, o que a Palavra de Deus nos afirma quanto à volta de Cristo, nos vários escritos bíblicos, sobre os quais deveríamos nos debruçar para nos reconciliarmos com Deus, que entregou seu Filho à morte, e morte de cruz, para, assim, nos permitir viver a Sua vida.

Ao tempo que se procedia ao julgamento de Cristo, aqueles que ali se encontravam preferiram a soltura de um assassino à liberdade do Filho de Deus, livrando-o da morte. No entanto, afirmaram, em coro para Pilatos, o então governador da Judéia: “…caia sobre nós o seu sangue e sobre nossos filhos” (Mateus 27:25). E até hoje vemos uma guerra sem fim naquela região, com milhares de pessoas sendo mortas, seja em decorrência de atentados, ou por outras razões de todos conhecidas.

Mas, é fato inescondível que há sinais declinados na Bíblia Sagrada que nos alerta para essa proximidade da volta de Cristo. Cabe a nós tomar posição em relação à nossa postura como cristãos, devendo estar firmada apenas em Cristo, o Senhor de nossas vidas – suplicando-Lhe misericórdia e buscando que sejam abertos nossos olhos e mentes para compreendermos o que se passa ao nosso derredor e assim do Planeta que geme de tantos males que acontecem sobre esse mundo e, muitas das vezes, de forma imunda, porque o homem é mau e prefere os “prazeres” à reconciliação com Deus.

Não sabemos, é certo e, assim, a própria Palavra de Deus nos afirma, que nem Cristo sabe o dia e a hora em que Ele voltará. Mas isso não nos impede, definitivamente, em mudar as nossas atitudes, olhando os necessitados e desamparados com compaixão e misericórdia, pois, “terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia e me compadecerei de quem eu me compadecer”. (Êxodo, 33:19).

Tem-se “apelado” em algumas cidades para o ato de se “proibir” a aglomeração de pessoas em templos de qualquer confissão de fé. No entanto, vivemos tempos em que o respeito às autoridades, tal como apregoado na Carta de Paulo aos Romanos, capítulo 13, versos de 1 a 7, elas foram instituídas pelo próprio Deus, para não deixar os homens à sua própria vontade. Pouco adiante, na Primeira Carta de Pedro, nos versos 13 a 16, encontramos a seguinte assertiva de profunda aplicação:

“Sujeitai-vos a toda instituição humana por causa do Senhor, quer seja ao rei, como soberano, quer às autoridades, como enviadas por ele, tanto para castigo dos malfeitores como para louvor dos que praticam o bem. Porque assim é a vontade de Deus, que, pela prática do bem, façais emudecer a ignorância dos insensatos, como livres que sois, não usando, todavia, a liberdade por pretexto da malícia, mas vivendo como servos de Deus. Tratai todos com honra, amais os irmãos, temei a Deus, honrai o rei”.

Portanto, estejamos alertas, firmados no pacto que deveria estar ativo com o próprio Cristo que deu Sua vida por amor de nós, apesar de nós. Sejamos gratos em todas as circunstâncias, porque esta é a vontade de Deus para nossas vidas em Cristo Jesus. Mas, lembremo-nos que, a despeito de vários fatores que nos desafiam, tudo podemos por meio da intercessão de Cristo em nosso favor diante do Trono Eterno do Pai.

[1] José do Carmo Veiga de Oliveira, Desembargador Aposentado do Tribunal de Justiça de Minas Gerais; Mestre em Direito Processual pela PUC-MINAS; Doutor em Direito Político e Econômico pela Universidade Presbiteriana Mackenzie – SP; Post-Doctor en Derecho – Universidad de Salamanca – España; Professor de Direito Constitucional e Processual da Pós-Graduação e de Direito e Religião da Universidade Presbiteriana Mackenzie – SP; Membro da Academia Mackenzista de Letras – SP; Membro da Academia Paulista de Direito; Membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo.

 

Diário de Manhuaçu

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