Cidade

O DM quis saber: Como é o atendimento a pessoas em situação de rua?

MANHUAÇU – Quem anda por Manhuaçu já viu cenas de pessoas pedindo dinheiro ou morando na rua. Com o período atual da pandemia do novo Coronavírus e as baixas temperaturas que ocorreram durante o inverno, muitos têm ficado preocupado com estas pessoas. O DM foi conversar com a Coordenadora do Creas (Centro de referência especializado em assistência social) de Manhuaçu, Glenda Miranda da Silva Costa, sobre como é feito o serviço de abordagem de pessoas em situação de rua na cidade.

 

O serviço está inserido dentro do Creas e conta com um profissional de Assistência Social e um Educador Social que fazem as abordagens nas ruas. São oferecidos a pessoa abordada os encaminhamentos para a Casa de Acolhimento Bom Samaritano, a Comunidade Terapêutica Santa Mãe da Providência, ao Caps, como também o acompanhamento das famílias.

 

Segundo Glenda, atualmente são 35 pessoas em situação de rua em Manhuaçu, sendo que 90% tem familiares na cidade. “Estas pessoas são desde aquelas que perderam o vínculo com a família, ou não ficam em casa por causa do uso de álcool ou drogas, e em alguns casos associado a doença mental, ou apenas doença mental, e não aceitaram o nosso atendimento. Mas não quer dizer que nós não continuamos insistindo em colocar essas pessoas em tratamento. Toda vez que são abordados, são acolhidos, e tem a mesma tentativa, para que eles retornem para casa, ou vá para a comunidade terapêutica para se tratar ou que faça acompanhamento no Caps-AD”.

 

A coordenadora ainda diz que muitas das abordagens são de migrantes, por Manhuaçu ser um pólo regional, cortada pelas BR’s 262 e 116, há um intenso movimento de pessoas que passam e param na cidade. “Oferecemos passagem para migrante, durante esse ano devido a pandemia não paramos o serviço, oferecendo uma média de 100 passagens por mês, antes da pandemia esse número era bem maior por Manhuaçu ser um pólo, e por ser uma cidade que tem o entroncamento de BR, onde entra e sai gente o dia inteiro. No começo da pandemia deu uma cessada e agora novamente aumentou. Manhuaçu tem um comércio mais forte que o entorno, então essas pessoas acabam vindo pra cá com o intuito de pedir, ficam durante um tempo, nós a abordamos e retornam para a sua cidade ou segue seu trecho”. Glenda ainda completa que a cidade também conta com o serviço de albergue, aonde tem acesso a alimentação, banho e roupas, mas ressalta que por se tratar de um local de passagem e não casa de acolhimento, com regimento interno a ser seguido, muitos não aceitam ir para o local. “No albergue fica mais migrante, podendo ficar até três dias, dependendo estende-se esse tempo, cada caso é um caso. Depois ele pega a sua passagem e volta para a sua cidade. Temos aqui no Creas um banheiro especializado para eles, temos roupas, que conseguimos de doação e repasse, para que eles viagem mais limpos, a não ser que a pessoa não queira”.

 

Glenda também fala sobre a questão da doação e explica qual a melhor forma de ajudar essas pessoas. “A doação de forma errada pode propiciar que esta pessoa continue na rua. A melhor de forma de ajudar é entrar em contato com Creas, para saber se a pessoa já foi abordada, qual foi o encaminhamento ou até saber se ainda não foi atendida por nós. A pessoa com dependência de álcool, drogas ou doente mental, não responde por si, o dinheiro que a pessoa receber, ela vai gastar no vício dela. A ajuda eficaz é de saúde pública, de aconselhar a vir aqui, a fazer um tratamento, isso é a melhor ajuda que a pessoa pode dar. Entendo que é uma parceria entre o poder público e população”.

 

A pandemia

 

Na pandemia o serviço não parou em nenhum momento, segundo Glenda. “Nem durante a pandemia paramos, somos um serviço essencial, temos a consciência disso, tem até funcionário dobrando carga horária, porque a demanda aumentou demais”, ressalta. Ela ainda completa, que no início da pandemia, o intuito foi convencer estas pessoas a voltarem para casa. “Em um primeiro momento nós saímos nas ruas, eu também saí junto, para orientar sobre higiene, uso de máscara, entregamos máscaras, mas a nossa maior intenção era fazer com que eles voltassem para casa, pelo menos agora. Quem não era de Manhuaçu, oferecemos passagem, quem é daqui estávamos orientando para que voltassem pra casa. Nestas abordagens, chegamos a oferecer para os que têm família aqui, fazer um acompanhamento na casa, disponibilizando cesta básica para ajudar no sustento da família. Tentar inseri-lo no Caps, aonde poderia fazer o tratamento, utilizar dos serviços assistências, para pelo menos durante a pandemia ficar em casa”.

 

Com relação ao albergue municipal, a coordenadora fala que ao chegar ao local, todos são orientados conforme regras dos órgãos de saúde. “As pessoas que entram no albergue são orientadas na porta, ganham máscara, são orientadas a se higienizar antes da alimentação. Quando alguém apresenta sintomas, é orientado a ir ao Centro de Covid”.

 

O Creas

O Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), vinculado a Secretária de Trabalho e Desenvolvimento Social, onde são atendidas famílias e pessoas que estão em situação de risco social ou tiveram seus direitos violados.

No Creas são ofertados os serviços de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI), podendo ofertar outros serviços, como Abordagem Social e Serviço para Pessoas com Deficiência, Idosas e suas famílias. É unidade de oferta ainda do serviço de Medidas Socioeducativas em Meio Aberto. Além de orientar e encaminhar os cidadãos para os serviços da assistência social ou demais serviços públicos existentes no município, no Creas também se oferece informações, orientação jurídica, apoio à família, apoio no acesso à documentação pessoal e estimula a mobilização comunitária.

O público atendido é composto por famílias e indivíduos em situação de risco pessoal e social, com violação de direitos, como: violência física, psicológica e negligência; violência sexual; afastamento do convívio familiar devido à aplicação de medida de proteção; situação de rua; abandono; trabalho infantil; discriminação por orientação sexual e/ou raça/etnia; descumprimento de condicionalidades do Programa Bolsa Família em decorrência de violação de direitos; cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto de Liberdade Assistida e de Prestação de Serviços à Comunidade por adolescentes, entre outras.

Serviço

Creas – Centro de Referência Especializado de Assistência Social

Rua Reverendo Antônio Godoy, nº 38, Centro. Manhuaçu/MG.

33 3331 3264

creasmanhuacu@hotmail.com

O público atendido é composto por famílias e indivíduos em situação de risco pessoal e social, com violação de direitos

Diário de Manhuaçu

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