*Por Mariá Menezes, Diretora de Pessoas e Cultura da Sankhya
Hoje, no mundo corporativo onde a pressão por produtividade parece camuflar considerações sobre o bem-estar dos funcionários, a necessidade de encontrar um equilíbrio entre trabalho e saúde é praticamente algo emergencial. Embora as empresas bem sucedidas reconheçam a ligação entre o desempenho organizacional e a saúde física e mental de seus colaboradores, é crucial ampliar essa perspectiva para incluir não apenas o papel das empresas e da liderança, mas também o protagonismo das próprias pessoas em cuidar de si mesmas.
A história nos ensina que esse equilíbrio não é uma inovação, ou necessidade, moderna. Desde os tempos da Revolução Industrial, quando a exploração desenfreada dos trabalhadores levou a sérios problemas de saúde pública e revoltas sociais, até os dias de hoje, onde a síndrome de burnout é reconhecida quase como uma epidemia global, o desequilíbrio entre trabalho e saúde tem sido uma preocupação recorrente.
Durante o século XIX, as condições de trabalho nas fábricas eram desumanas. Longas horas de trabalho, salários mínimos e a falta de regulamentações de segurança resultaram em lesões graves e doenças ocupacionais. Foi somente após a implementação de legislações de proteção ao trabalhador, que as condições começaram a melhorar.
Este período é um lembrete de como o desequilíbrio entre trabalho e saúde pode ter consequências, e não apenas para os trabalhadores, mas também para a produtividade e estabilidade social. Mas, se pararmos para pensar… Será que demos, de fato, um passo à frente nessa relação? Será que cada indivíduo se tornou também responsável pelo cuidado com sua própria saúde e equilíbrio?
Apesar dos avanços em termos de direitos trabalhistas e consciência sobre saúde mental, muitas organizações e pessoas ainda enfrentam desafios na promoção desse equilíbrio. A cultura de trabalho intensiva, o aumento das demandas do mercado e a tecnologia que permite uma conexão constante com o trabalho podem criar um ambiente propício para o esgotamento e o estresse crônico.
No entanto, um determinado perfil de empresas surge nesse emaranhado, reconhecendo cada vez mais que investir no bem-estar dos funcionários não é apenas uma obrigação moral, mas também uma estratégia inteligente para os negócios e para a sociedade. Estudos mostram que funcionários saudáveis e equilibrados são mais produtivos, engajados e criativos. Além disso, eles têm menor rotatividade, o que reduz custos associados à contratação e treinamento de novos funcionários.
Nesse contexto, é interessante notar que, principalmente, as novas gerações, cada vez mais conscientes da importância do bem-estar emocional, estão direcionando suas escolhas profissionais com base na qualidade de vida e oportunidades de desenvolvimento oferecidas pelas empresas. Através de uma abordagem mais seletiva na escolha de seus empregadores, essas gerações estão priorizando ambientes de trabalho que promovam um equilíbrio saudável entre vida pessoal e profissional, contribuindo assim para uma mudança gradual na cultura organizacional em direção a um maior cuidado com a saúde integral dos colaboradores.
Diante de algumas mudanças no ambiente corporativo, é imperativo que as organizações adotem uma abordagem positiva e proativa em relação ao assunto. Isso inclui a implementação de políticas que promovam flexibilidade, férias remuneradas adequadas, programas de bem-estar e apoio psicológico ou até incentivo de diálogo sobre o tema para desmistificar e ajudar a todos terem ferramentas para lidar, por exemplo. Além disso, é essencial também que os líderes organizacionais criem e cultivem uma cultura que valorize o equilíbrio entre vida profissional e pessoal, incentivando os funcionários a cuidarem da sua saúde e felicidade.
E, por outro lado, além do papel das empresas e da liderança, é fundamental reconhecer a importância da autorresponsabilidade dos próprios indivíduos no cuidado com sua saúde mental e física. Embora as organizações possam oferecer políticas e programas de bem-estar, os funcionários também têm a responsabilidade de buscar o equilíbrio entre trabalho e saúde em seu dia a dia. Isso envolve a prática de hábitos saudáveis, como exercícios físicos regulares, alimentação equilibrada, gestão do estresse e busca por apoio profissional quando necessário. Se manter atualizado, buscar a produtividade de forma inteligente, com ferramentas de conhecimentos que possam executar melhor o trabalho, também. Ao assumirem essa autorresponsabilidade, os colaboradores não apenas contribuem para sua própria saúde e bem-estar, mas também fortalecem a cultura organizacional de cuidado mútuo e resiliência.
Mariá Menezes é Diretora de Pessoas e Culturas da Sankhya, uma das empresas mais relevantes provedoras de gestão corporativa do Brasil. Formada em Administração pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), especialista em negócios pela The Wharton School e Mestre em Administração pela Fundação Getúlio Vargas, Mariá possui expertise há mais de 15 anos em Gestão de Pessoas e performance. Como diretora de Pessoas e Cultura na Sankhya, tem como objetivo criar um ambiente saudável e de desenvolvimento.