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O LUTO EM TEMPOS DE COVID

Psicológica Silva Reis explica como lidar com este sentimento

 

MANHUAÇU– A humanidade já presenciou muitas tragédias. Entre elas figuram epidemias, pandemias e crises sanitárias — como a Peste Bubônica, na Idade Média; e a Gripe Espanhola de 1918. Mesmo que na História estejam presentes tais crises de saúde, a pandemia de Covid-19 é diferente, porque esta é a primeira grande pandemia e desafio sanitário do século XXI— que conta com tecnologias indisponíveis nas crises passadas.
O que todas as tragédias têm em comum é a morte — a própria origem da palavra “tragédia” faz referência às peças gregas que continham a morte de uma(um) personagem ou de seus entes queridos na narrativa. A Covid-19 vem ceifando diversas vidas no Brasil, é esperado que neste contexto o luto esteja no centro de nossa experiência pandêmica, não se resumindo apenas à perda de vidas humanas para a doença, mas também por um aspecto muito particular da Covid-19 — a mudança de comportamento que a doença gerou.

A psicológica Silva Reis conversou com a equipe do DIÁRIO, e deu sua opinião sobre o luto em tempos de Covid-19: “O luto inicia quando se perde um ente querido. A perda faz uma conexão instantânea com nosso mundo interno e tende-se a querer abandonar e adiar os acontecimentos externos. A pessoa enlutada passa a ter dificuldade no aqui e agora, se recolhe e assim começa a processar esse luto. A psicologia classifica o luto em cinco fases (estágios), não existindo uma ordem cronológica para que aconteça, uma vez que somos indivíduos únicos onde cada um vai lidar de forma diferente com a capacidade de perda, pois a forma como reagimos sempre estará ligada as nossas experiências vividas e o meio”.

Ela observa que é comum durante o luto as pessoas evitarem o convivo social, choros repentinos, evitarem lugares, comidas, que lembram a perda, sentimento de culpa, lembranças, raiva e hostilidade. “Esses sentimentos não devem ser reprimidos ou poderão retornar posteriormente em outro sintoma ou somatização.  Respeitar o período de luto e superar é algo esperado e necessário”.

FASES

A psicológica Silva Reis descreve um trabalho da psiquiatra suíço-americana Elisabeth Kubler-Ross, que é referência na área de pacientes terminais e morte. “No seu livro publicado em 1969 “Sobre a Morte e o Morrer” ela define essas fases da seguinte forma:

Fase 01- Se isolar e negar: Fase do choque inicial, onde não se acredita no que houve, a pessoa prefere acreditar que é brincadeira, mentira e que em breve vão contar a verdade. Quem recebeu a notícia não está acostumado com a situação, ou seja, vai negar e se isolar. O esperado é que essa fase não dure muito tempo e a pessoa perceba que realmente houve uma perda.

Fase 02- Raiva: Nesse momento, não se consegue mais negar que houve uma perda, sendo assim, começa a raiva e o questionamento (Porque isso tinha que acontecer comigo? – Porque ele (a)?). A raiva aparece como projeção da inconformidade, e percebe-se que as atitudes do enlutado não tem fundamento plausível.

Fase 03- Barganhar, negociar: Há uma negociação com alguma divindade ao qual a pessoa acredita e consigo mesmo para que com a mudança de certas ações, a pessoa acredite que a sua existência será prolongada.

Fase 04 – Depressão: Fase marcada por tristeza, saudade, sentimento de solidão. Nesse período é necessária a presença de pessoas queridas para que o enlutado não se isole e aumente o período depressivo. Quem consegue vivenciar e superar essa fase de angustia, consegue chegar à aceitação.

Fase 05 – Aceitar: Essa é a única fase que tem ordem, é a última. Depois de negar, passar raiva barganhar, se isolar, e passar um período deprimido, vem a aceitação. A saudade se mantém, a vida passa a ter mais valor, as coisas simples se tornam especiais, os momentos vividos mais valorizados e a pessoa começa a reorganizar sua vida”.

Diário de Manhuaçu

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