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O paradoxo tecnológico: Unindo e separando em uma era conectada

Vivemos em uma era marcada pela evolução tecnológica, que nos proporciona uma conexão instantânea com pessoas ao redor do mundo, e tem facilitado a vida humana em nossa era moderna.

A tecnologia atual impulsiona constantes avanços em diversas áreas, desde medicina até energias renováveis. De certa forma, é inquestionável que, se bem utilizada, a inovação resultante desse avanço tecnológico tem o potencial de melhorar significativamente a qualidade de vida e resolver muitos dos desafios globais.

Atualmente, a tecnologia, em especial a internet, permeia de forma profunda nossa sociedade e toda a nossa vida, transformando a maneira como vivemos, nos comunicamos e percebemos o mundo, de maneira que, a nossa sociedade atual se mostra imensamente diferente da sociedade de nossos pais, ou de nossos avós, tendo a internet como fator principal dessa mudança. De forma geral, também é inquestionável que essa revolução tecnológica apresenta tanto benefícios quanto malefícios que têm a capacidade de mudar nossas vidas.

Os benefícios provenientes do avanço tecnológico, e da internet, são inegáveis. A internet conectou todo o globo e, além disso, proporcionou acesso a uma vasta fonte de conhecimentos e informações, nos possibilitando ter acesso à informação de forma instantânea e possibilitando comunicação em tempo real. Porém, essa facilidade de acesso à informação também levanta questões sobre a qualidade do conhecimento disseminado na rede, já que a internet deu voz a todas as pessoas – (e isso é muito bom, desde que haja responsabilidade e compromisso com as informações transmitidas). A multiplicidade de fontes online desafia nossa capacidade de discernir entre fatos e opiniões, facilitando a propagação das tão conhecidas “fake news”.

A vasta quantidade de informações disponíveis online democratizou o conhecimento, permitindo o fácil acesso a inúmeras áreas do saber humano. Com isso, as pessoas podem aprender, pesquisar e se informar sobre praticamente quaisquer coisas que lhe interessem, de maneira que isso contribui para uma sociedade mais preparada em questão de conhecimento e informação. Com isso, a internet também abriu portas para novas oportunidades de trabalho, podendo alcançar uma enorme gama de nichos dentro do ambiente virtual, permitindo maior flexibilidade e acesso a novas oportunidades para indivíduos em diferentes partes do Brasil e do mundo.

De uma forma geral, podemos dizer que a internet, e todo o seu aparato tecnológico, teve um grande impacto na criação de uma nova forma de relacionamento entre as pessoas, aproximando parentes, amigos, e entes queridos em todas as partes do globo, estabelecendo uma nova forma de se relacionar em nosso mundo.

Contudo, essa mesma tecnologia que nos aproximou de parentes, amigos, e entes queridos distantes, também desencadeou uma paradoxal separação dentro de nossas próprias casas.

A capacidade de comunicação instantânea, impensável a alguns anos atrás, se tornou algo indispensável em nossa vida cotidiana. As redes sociais, como catalisadores dessa revolução comunicativa, desempenham um papel central na forma como nos relacionamos. No entanto, enquanto nos conectam virtualmente, também podem contribuir para o afastamento emocional dentro de muitos lares. Quantas vezes vemos pessoas passarem horas no celular e redes sociais sem trocar uma palavra com as pessoas que estão ao redor delas, assentados em volta de uma mesa com seus familiares.

A tecnologia molda nossa percepção de realidade, e as redes sociais desempenham um papel significativo nesse processo. A criação de bolhas de informação e o compartilhamento seletivo de conteúdo influenciam nossas visões de mundo, alimentando preocupações sobre a manipulação da verdade e a formação da identidade na era digital. De maneira que, importantes áreas do saber humano, como a filosofia, se veem desafiadas a explorar como as identidades digitais moldam a percepção das pessoas sobre si mesmas, e se a busca incessante por validação online compromete a busca por uma identidade autêntica e real, que vá além das redes sociais.

Assim, muitos estudiosos têm buscado compreender como a experiência digital, e a relação com as redes sociais, podem moldar nossa percepção sobre nós mesmos e sobre os outros.

Com isso, as redes sociais se apresentam com duas facetas diferentes e opostas: Por um lado, oferecem uma plataforma para conexões significativas, relacionamentos, e compartilhamento de experiências. Por outro lado, podem contribuir para a alienação e o isolamento em nível local, à medida que os relacionamentos face a face diminuem, substituídos pela experiência das relações virtuais.

Além disso, o uso excessivo das redes sociais pode levar ao vício, afetar a saúde mental e prejudicar as relações pessoais. A constante necessidade de estar online o tempo todo pode trazer consequências ruins, como ansiedade e isolamento.

A tecnologia, especialmente a internet, se apresenta atualmente como um grande paradoxo: Enquanto concede acesso sem precedentes ao conhecimento e possibilita inúmeras conexões e relacionamentos, também gera desafios éticos, sociais e psicológicos que necessitam de extrema atenção.

Além das questões relacionadas à internet e redes sociais, o avanço tecnológico também contribuiu para o desenvolvimento da automatização de inúmeras coisas em nossa atualidade. A automação, impulsionada pela tecnologia, trouxe eficiência, mas também desafios éticos. A substituição de empregos por máquinas levanta reflexões sobre o valor do trabalho humano, e como o trabalho humano pode se manter relevante em meio a era das máquinas. Dessa maneira, devemos buscar respostas sobre como garantir que a tecnologia sirva à humanidade, e não o contrário.

Além do mais, o compartilhamento constante de dados na internet e nas redes sociais levanta preocupações sobre a privacidade. O uso indevido de informações pessoais por empresas e entidades governamentais representa um grande desafio para a segurança digital hoje.

Kaus Schwab e Thierry Malleret, em seu livro “Covid-19: O Grande Reset”, livro escrito no início da pandemia de Covid-19, argumentam que, impulsionados pela pandemia, vivenciaríamos um grande avanço tecnológico que poderia ser imensamente útil, mas, também, extremamente perigoso.

Ressaltando a dualidade paradoxal do desenvolvimento tecnológico, os dois dizem que os novos avanços tecnológicos poderiam ameaçar algo extremamente importante para os seres humanos: a privacidade.

Citando o momento da pandemia, os autores dizem: “veremos como o rastreamento de pessoas contaminadas tem uma capacidade inigualável e tem um lugar quase essencial no arsenal necessário para o combate à Covid-19, enquanto, ao mesmo tempo, tem grande potencial de se tornar um recurso de vigilância em massa”.

Além dos autores citados, muitos outros argumentam que, da forma que têm sido usados, os novos avanços tecnológicos, a internet, e as redes sociais, podem representar um grande perigo para a privacidade de seus usuários.

Em última análise, vivemos em um mundo paradoxalmente conectado e, ao mesmo tempo, desconectado. A tecnologia, a internet, e as redes sociais, juntamente com todas as suas conquistas, também trouxeram à tona desafios complexos que exigem atenção e uma abordagem cuidadosa e equilibrada. À medida que nos beneficiamos da comunicação global e instantânea, é de extrema importância não perdermos de vista as conexões pessoais que moldam nossas vidas, personalidades, e todas as relações familiares e sociais. Nosso caminho em direção a um futuro mais justo exige reflexão constante sobre como a tecnologia pode ser um agente de união, não apenas entre nações, mas também entre pessoas dentro de seus lares, e como a mesma pode afetar e interferir em todos os âmbitos de nossas vidas, sendo um perigo para nós e para a nossa privacidade.

Wanderson R. Monteiro Dr. hc. em Literatura e Dr. hc. em Jornalismo. Bacharel em Teologia, graduando em Pedagogia. Acadêmico Correspondente da FEBACLA. Acadêmico Fundador da AHBLA. Acadêmico Imortal da AINTE. Vencedor de quatro prêmios literários. Coautor de 13 livros e quatro revistas. (dudu.slimpac2017@hotmail.com) São Sebastião do Anta – MG more

 

Diário de Manhuaçu

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