Ildecir A.Lessa

 Advogado

 

Na antiga obra de Albert Camus, A Peste. Rio de Janeiro: Editora Opera Mundi, 1973, tem na sua narrativa, um efeito impactante, quando retrata o sofrimento que a população passa desde as mortes até o momento que ocorre a quarentena na cidade. A quarentena foi abordada como uma fase difícil para todos os moradores, pois viviam tristes e indolentes, separados dos entes queridos e também, por terem a convicção de que eram prisioneiros. A cidade foi fechada para o resto do mundo, até mesmo o envio de cartas foi proibido por ser um possível meio de transmissão da doença. Os médicos que aplicavam-se 24 horas por dia para tentar salvar a população dessa peste que estava carregando consigo várias vidas.

A descrição do hospital é chocante. Os médicos fizeram o melhor que podiam para reduzir a doença. O que não significa que o contágio cessou, as mortes chegaram a passar de 700 por dia e os enterros aconteciam o mais rápido possível com o mínimo de riscos para os outros, o que deixavam as famílias tristes e ofendidas. Enquanto isso, os jornais publicaram novos decretos sobre a proibição ao tentar sair da cidade e guardas a cavalo e patrulhas faziam a ronda no local, matando cães e gatos que poderiam transmitir pulgas contaminadas. A todo o momento, o livro, sugere reflexão e nos faz levantar sérios questionamentos acerca de como nos colocamos diante dos outros, principalmente quando esses estão em situação de risco.

Essa narrativa é uma obra de ficção de Camus, mas agora, o mundo está vivendo uma grande realidade, com a presença de um vírus que às vezes é letal, para alguns, o chamado Coronavírus. No Brasil, velocidade de propagação do novo Coronavírus repete o padrão dos países que mais sofrem com o avanço da Covid-19, demonstram os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). O crescimento de casos confirmados segue um ritmo parecido com o de países como Alemanha, França e Reino Unido. “Na Itália, estamos assistindo a um filme idêntico ao que vimos na China, e a batalha será a mesma em todos os outros países do mundo, mas com dias ou semanas de atraso“, afirma Nino Cartabellotta, médico e presidente da Fundação Gimbe, organização não governamental que promove a difusão de informações científicas confiáveis para a realização de políticas públicas. “O Brasil tem a chance de jogar sabendo o resultado da outra partida, porque já viu o filme italiano. Comparar a curva de diferentes países não é um problema, muito pelo contrário“, diz Cartabellotta.

Em apenas 10 dias, a França saltou de 50 casos para mais de mil. Depois disso, mandou seus 67 milhões de habitantes ficarem em casa, a não ser em caso de deslocamentos essenciais. É uma verdadeira Pandemia, conforme foi declarado pela OMS. E com isso, a crise do Coronavírus está gerando estresse na população. A constatação é da Organização Mundial da Saúde (OMS), e não é difícil constatar isso na nossa vida. As pessoas estão preocupadas com a saúde, com os idosos, com os empregos, a vida social, a economia.

No entanto, é importante não deixar de fora os cuidados com a saúde mental em meio a essa crise. É difícil ficar imune a essa onda de ansiedade, já que é difícil prever quando a rotina vai voltar ao normal. E os efeitos do cenário de incerteza podem ser ainda mais graves para quem já tem condições como a ansiedade e o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC).

Portanto, nesse momento é importante controlar a quantidade de tempo que passamos assistindo, lendo ou ouvindo notícias que te trazem angústia. Uma sugestão é separar horários específicos do seu dia para fazer isso. Necessário tomar cuidado com informações falsas que circulam nos grupos de WhatsApp. Pode trazer preocupação desnecessária, passando a informação para frente e preocupar mais alguém com base em algo que nem é verdade. No momento em que muitas pessoas estão isoladas ou em quarentena, as redes sociais se tornam uma forma ainda mais importante de interação com os amigos e a família. E a própria OMS recomenda permanecer conectado por e-mail, redes sociais, videoconferência e telefone. Procure ajudar especialmente a quem precisa de assistência extra, como os idosos.  Uma atitude que a gente já viu no Brasil e no exterior foram pessoas mais jovens que ofereceram a vizinhos idosos a compra de produtos de mercado.

Durante os períodos de estresse, pare e preste atenção nas suas próprias necessidades e sentimentos.  Procure atividades que você goste e que te façam relaxar. Também faça exercícios regularmente (mesmo que adaptados a um novo contexto), mantenha uma rotina de sono e procure se alimentar de forma saudável. Tudo isso vai colaborar com o seu corpo e a sua mente. E vamos esperar que esse vírus assustador desapareça e volte e reinar a paz na vida de cada um.

Diário de Manhuaçu

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