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Qualidade acima de tudo

Lázaro da Silva Moreira conta como é produzir um dos melhores cafés do país

MANHUAÇU – O café produzido pelos irmãos Lázaro da Silva Moreira e Tobias da Silva Moreira é conhecido internacionalmente. Para Lázaro, existem alguns itens a serem observados nesta produção. “Muitas pessoas falam sobre colher o café e às vezes não seria só colher. Onde o pessoal dá menos crédito, acho que faz toda a diferença é a seca. O vínculo da lavoura para o terreiro é onde está sua qualidade. Ali que tem que ser o maior cuidado, o maior capricho, ali temos que direcionar”, ensina.
Lázaro conta que os cursos são importantes para atingir este nível, pois o mercado exige capacitação. “Porque simplesmente pensamos em despolpar o café, porque vou procurar qualidade, às vezes natural é melhor. O café te diz qual a melhor forma dele ficar melhor. Se você ‘conversar’ com o café, você sabe o resultado”.
O cafeicultor sabe da importância deste produto para a economia, mas avalia que algo mais deve ser feito. “Penso que falta apoio. Precisa de mais representatividade e marketing. O produtor não conhece, então precisa das redes sociais, precisamos de apoio da prefeitura, precisamos de publicidade. Nós temos o café, no entanto está apagado”.
Ele fala de suas ligações com o campo e do diferencial do café. “Tenho outra empresa que é de manutenção de máquinas agrícolas. Na verdade eu estou no campo. Antes não como produtor, mas estava lidando com produtores diariamente. Foi onde optei em saber se existia um café melhor. Aí fui buscar o conhecimento, me transformei produtor. Continuo na missão de manutenção de máquinas e na ideia de uma cafeteria, porque não conhecemos café. Se analisarmos o público em geral, não sabe o que é café. Tem gosto de que o café? Você pergunta uma pessoa, ela diz gosto amargo. Não, café tem gosto de tudo que é gostoso mesmo, no entanto fica vago, então vamos em busca de conhecimento”.
Sobre ser referência neste meio, Lázaro se mostra modesto. “Não sei se sou referência, mas precisamos buscar conhecimento e o mundo está aí, é grande. Só precisamos tentar ser melhor amanhã do que sou hoje. O resultado é natural. Eu quero ser melhor do que eu fui. Eu não quero competir com ninguém, meu objetivo é competir comigo mesmo, buscar conhecimento, trazer inovação. E mostrar que simplesmente todo mundo tem aquelas contradições de café. Café não tem receita de bolo. Café é pegar e fazer”.
O CONCURSO
A respeito do concurso, onde seu produto foi o vencedor, Lázaro conta que foram 200 amostras, de quase 90 cidades. “A notícia de campeão foi impactante. Entramos para o concurso com a meta de estar entre os melhores. No início só queríamos estar representando. Na primeira etapa passamos entre os dez, depois entre os cinco. Aí ficou difícil porque brigávamos com os melhores do Brasil. Era meu primeiro ano disputando o concurso. Tínhamos feito um trabalho excepcional. Após provarmos todos café, soubemos que o nosso café era bom. No entanto, a briga era contra os melhores do país. Mas nos dedicamos, sofremos, foi difícil, mas fomos os campeões”.
A respeito de seu produto, Lázaro comenta: “Disseram que o campeão era um café raro. Cafés raros são difíceis, porque são conhecidos acima de 90 pontos na tabela SCAA. Não é natural termos isso na nossa região, sinceramente nível Brasil. Geralmente conhecemos cafés com notas de 88, 89, mas 90 não. Aí brinquei com a minha esposa Camila Oliveira: ‘estamos fora, não é briga nossa’. Combinei com vizinho, amigo e levamos algumas amostras, eu tinha mais quatro da nossa região. Tiraram o que considerei que era “o cara”, depois ficamos eu e mais um colega, quando falou a nota fiquei satisfeito, mas fomos campeão com 91.99. É padrão elite, então não tem preço”, comemora.
Essa conquista, Lázaro divide com sua família. “A base é a família, quem torra é minha esposa, quem coloca na xícara é ela. Se obteve 91.99; 90 pontos são deles, 1.99 é meu. Se não for empenho deles não vai”.
Concluindo a entrevista, Lázaro faz uma observação. “O povo que fala em largar a roça e ir pra rua está invertendo. Está mais fácil, fica difícil se o cara simplesmente se acomodar. O café é para batalha, é pra quem quer lutar. Café é dedicação. Quando eu falo que sem a família não vira, é porque 1h da manhã estamos junto. Hoje temos informações muito rápidas, que meu pai, meu avô, clientes antigos não tinham. E eu acho que o futuro é isso. A quarta onda é o café”.

Camila Oliveira e Lázaro mostram o consagrado café

Diário de Manhuaçu

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