DA REDAÇÃO – Dois produtores de café de Espera Feliz ganharam no 17º Concurso de qualidade de cafés de Minas Gerais. O agricultor familiar Ademir Abreu de Lacerda foi o grande campeão da competição, já a produtora Maria Luiza Lacerda Gomes, sobrinha de Ademir, ganhou na categoria regional e recebeu o certificado de Mulher Empreendedora. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (14), em solenidade virtual promovida pela empresa, com a participação de produtores rurais, técnicos e autoridades.
Este é o quarto ano consecutivo que um cafeicultor de Espera Feliz leva o grande prêmio estadual. Além disso, o pai do Ademir, seu Onofre, já venceu a competição em 2012. São três gerações na família produzindo café. “A emoção é muito grande de estar aqui, representando esta família. Agradeço a todos que nos ajudaram nessa caminhada, a nossa família, ao pessoal da Emater e do Sicoob. Trabalhamos muito e o trabalho está reconhecido graças a Deus. Muito obrigado”, disse Ademir Lacerda ao comemorar o prêmio por videochamada.
Cafés campeões
O 17º Concurso de Qualidade de Cafés de Minas Gerais contou com 1.792 amostras participantes, das quatro regiões produtoras do estado: Cerrado Mineiro, Chapada de Minas, Matas de Minas e Sul de Minas. O concurso tem duas categorias: Café Natural e Café Cereja Descascado, Despolpado ou Desmucilado.
O produtor Ademir Abreu de Lacerda foi o campeão geral ao obter 92 pontos (de um total de 100), de acordo com a metodologia da Associação de Cafés Especiais (SCA). Mais de 100 cafeicultores de Espera Feliz produzem cafés especiais. A agricultura familiar é predominante no município. A maioria usa a mão de obra da família como única força de trabalho na lavoura. Outra prática comum é a troca de serviço entre os agricultores. Neste sistema, eles se reúnem para trabalhar em uma propriedade e fazem um revezamento entre elas. Isto é muito comum, principalmente no período da colheita.
“Neste sistema de parceria, eles conseguem colher lotes mais uniformes, facilitando o trabalho pós-colheita”, informa o técnico da Emater-MG Antônio Teixeira, responsável pela assistência aos agricultores na certificação de propriedades. Ele explica que os cafés são colhidos de forma seletiva e secados em terreiros suspensos ou de cimento. Esses cuidados são determinantes para a qualidade do produto final. Além disso, as lavouras de café onde estão os cafés premiados ficam entre mil e 1,4 mil metros de altitude, com clima ameno e úmido.
Nos últimos anos, os cafés de Espera Feliz premiados em concursos têm sido comercializados, em média, por R$ 3 mil a saca de 60 quilos. Mas alguns lotes chegaram a mais R$ 15 mil por saca. Para se ter ideia da valorização, a saca do café commodity (considerado comum), é comercializada por aproximadamente R$ 600.
A rede de supermercados Verdemar, um dos patrocinadores do concurso ao lado do Sistema Sicoob, tem adquirido lotes dos cafés dos primeiros colocados na competição para comercialização em suas lojas de uma linha especial chamada “Cafés Campeões’. O preço pago ao vencedor do concurso do ano passado pela rede de supermercados foi de R$ 5 mil/saca.
Outros produtores da região também foram premiados na categoria regional. Na categoria Café Natural, o produtor Marcos da Silva, de Alto Jequitibá, ficou em 1º Lugar na região das Matas de Minas, já Carlizany dos Reis Cordeiro da Silva, também de Alto Jequitibá, ficou em terceiro.
Na categoria Café Despolpado, além de Ademir e de sua sobrinha Maria Luiza, houve outro ganhador, o produtor José Alexandre Abreu de Lacerda, também de Espera Feliz, que ficou em segundo lugar.
Promovido pelo Governo de Minas Gerais, por meio da Emater-MG e Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), o 17º Concurso de Qualidade de Cafés de Minas Gerais conta também com o apoio da Universidade Federal de Lavras (Ufla), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas e a Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão (Faepe).
Concurso do Queijo
Além do anúncio dos vencedores do concurso de qualidade de café, também foi anunciado os vencedores do Concurso Estadual do Queijo Minas Artesanal 2020. Este ano o Concurso Estadual do Queijo Minas Artesanal foi uma edição especial pelos 300 anos de Minas Gerais. O julgamento com a escolha dos 20 finalistas reuniu estudiosos da produção queijeira e profissionais com ampla experiência na área. Foram escolhidos os cinco melhores queijos do estado.
O queijo vencedor do concurso de 2020 é do produtor Reinaldo de Faria Costa, do município de Vargem Bonita. A produção fica na Fazenda Capivara. Ele começou a produzir queijo muito jovem, atividade que aprendeu com seus pais. Na propriedade, são produzidas 30 peças de queijo por dia. O queijo da propriedade do Reinaldo recebeu do júri técnico nota 95 de um total de 100. “Muito feliz. Quero agradecer a Deus e a minha família. Minha esposa e meu filho, Vinícius. A gente procura fazer o melhor. E com pessoal da Emater eu aprendi a fazer o queijo, fazendo os cursos, eu comecei a aprender e a valorizar o queijo”, contou o produtor ao receber a notícia da premiação.
Reinaldo comercializa os queijos de sua propriedade, no aeroporto de Confins, que fica na região metropolitana de Belo Horizonte, e em diversas regiões de Minas Gerais, além dos estados de São Paulo e Goiás, e também em Brasília.
No concurso, concorreram queijos produzidos nas regiões caracterizadas e reconhecidas como produtoras da iguaria: Araxá, Campo das Vertentes, Canastra, Cerrado, Serra do Salitre, Serro e Triângulo Mineiro. No total foram 185 queijos. Todos legalizados e com inspeção municipal ou estadual.
Este ano, além do júri técnico, também foi eleito o melhor queijo por uma comissão formada por jornalistas. Eles avaliaram os 20 queijos finalistas selecionados pelos jurados técnicos. O escolhido foi queijo do produtor Sérgio Antônio Rodrigues Costa, do município de Alvorada de Minas, região do Serro. O produtor aprendeu a fazer queijo com os pais. Atualmente, ele faz 50 peças de queijo por dia que são comercializados na cooperativa do Serro.
O Concurso Estadual do Queijo Minas Artesanal é promovido todo ano pela Emater-MG com o objetivo de estimular a produção de queijos de qualidade, promover a divulgação entre consumidores e incentivar a legalização de queijarias.
Reconhecimento
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, gravou um vídeo exibido na abertura da cerimônia. Ele parabenizou os produtores de café e queijo pelo trabalho realizado. “Nós precisamos ser um estado produtor de cafés especiais e de queijos reconhecidos em todo o Brasil e mundo afora. E vocês estão mostrando que isso é possível. Parabéns a todos. Minas precisa muito de exemplos como o de vocês”.
O presidente da Emater-MG, Gustavo Laterza, destacou a importância dos concursos para a cadeia produtiva do queijo e do café. “O primeiro objetivo é reconhecer o trabalho exitoso dos produtores de queijo e café, divulgando esses novos produtos. Os concursos valorizam a importância econômica, cultural e social desses produtos, com a marca de Minas Gerais. Eles também têm um papel educativo, com interação entre extensionistas e produtores, na busca continuada da melhoria da qualidade dos produtos. Além disso, os concursos aproximam os produtores dos mercados mais exigentes, que demandam queijos e cafés de qualidade”, afirmou.
O evento de encerramento do concurso ainda contou com a participação, ao vivo, do vice-governador Paulo Brant. Ele destacou a melhoria da qualidade dos produtos do estado. “Minas Gerais sempre se destacou no ponto quantitativo. Mas é importante que a gente produza com qualidade. Estes concursos ressaltam a preocupação da Emater e dos produtores em oferecer um produto de excelência”, afirmou.
“Eu quero parabenizar a todos, principalmente, aos funcionários da Emater, que se dedicaram num ano tão difícil para que os concursos fossem mantidos. E, como diz o nosso vice-governador, a Emater-MG é um orgulho para o nosso estado. Um abraço especial para todos os campeões, que se esforçaram muito para receber esse prêmio”, disse a secretária de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ana Valentini.
Para o diretor comercial da rede de supermercados Verdemar, Alexandre Poni, a parceria com a Emater no concurso valoriza a cultura de produzir café em Minas Gerais. “É importante reconhecer o que é de Minas, mostrar para nossos clientes como é produzido um café até chegar à premiação. O importante é divulgar a cultura e a dedicação que é produzir café”.
O diretor superintendente do Sistema Sicoob, Elson Justino, ressaltou a importância do concurso para valorizar a qualidade do café mineiro. “O Sicoob reconhece a cafeicultura como motor da economia mineira. Estamos presentes em todas as regiões que produzem café. Queremos ressaltar o esforço da Emater com este concurso. Mais do que ser um grande produtor de café, é importante ter qualidade”, disse.
Com informações da Emater-MG