Cidade

São Lourenço: a origem do feriado em Manhuaçu

MANHUAÇU – Neste dia 10 de agosto é comemorado o
padroeiro de Manhuaçu: São Lourenço. Ao contrário do
que muitos pensavam, quem adotou este santo foi Luís
Antônio de Cerqueira, que solicitou registro de uma capela
de São Lourenço em substituição à que já existia de Santo
Antônio. Isto aconteceu no dia 10 de agosto de 1856.

ANTECEDENTES HISTÓRICOS

Em 1571, Sebastião Fernandes Tourinho chegou à região
da confluência do Rio Manhuaçu com o Rio Doce e
verificou que os índios daqui falavam de três grandes rios:
o Vatu (Doce), Mandij (Manhuaçu) e Ceci (Suaçuí
Grande), então resolveu entrar pelo Manhuaçu, depois
pelo afluente Capim, dizendo nascer numa Lagoa
(Branca), isto devido à quantidade de Caulim, nesta
região.
Em 1572, Vasco Fernandes Coutinho Filho, segundo
donatário da Capitania do Espírito Santo, percorreu o Rio
Manhuaçu até suas nascentes. Está descrito em seu
memorial, às margens do Rio Tejo em Lisboa Ocidental:
novamente em 1573, Tourinho realiza nova expedição
subindo o Rio Manhuaçu, indo até a Serra do Caparaó, que
descreveu como a Serra dos Órgãos.
Por volta 1650, na cidade de São Paulo, já tinham notícias
de dois sertões explorados no leste que tinham muito ouro,
a Casa da Casca, região que ia desde Abre Campo até
Cuietê Velho, e o Rio Manhuaçu.
Em 1693, Antônio Rodrigues de Arzão e Bartolomeu
Bueno de Siqueira descobrem ouro num afluente do Rio
Matipó, que em 1750, seria a freguesia de Santana do
Abre Campo e Conceição da Casca, criada pelo primeiro
Bispo de Mariana Dom Frei Henrique da Cruz.
Em dezembro de 1735, Pedro Bueno Cacunda, sargento
mor da Capitania do Espírito Santo, sobrinho de
Bartolomeu Bueno de Siqueira, descreve suas expedições

pelo Rio Manhuaçu, chamado por ele “Rio de
Mayguassu”.
Nesta carta ele cita construção de edificações, que mais
tarde seriam chamadas de Quartéis, para defender dos
índios Puris e Botocudos. Ele registra que povoou a região
de Manhuaçu, mas quando voltou de Castelo, onde
também explorava ouro, todos tinham sido mortos pelos
Puris, que tinham uma aldeia no Ribeirão do Coqueiro.
Ano de 1800: demarcação de divisas das Capitanias de
Minas Gerais e Espírito Santo, entre os Rios Guandu e
Manhuaçu. Isto geraria muita confusão, que só foi
resolvida em 1917.
No ano de 1814, foi construída uma estrada, depois Rota
Imperial São Pedro de Alcântara, que ligava Vitória a Vila
Rica na capitania de Minas Gerais. Esta estrada passava
até o Rio Pardo, quase mesmo trajeto da atual BR-262, só
que na altura da Santana do José Pedro ela seguia o rio e
passava onde está Manhumirim.
A estrada serviu para o povoamento da nossa região,
capixabas povoaram o Rio Pardo, criando depois o
município de Iúna. Os mineiros povoaram em grande
maioria as terras do Vale do Rio Manhuaçu.
Domingos Fernandes de Lana pacificou os índios Puris e
registrou em nome de sua mulher, terrenos na região de
Manhuaçu, a partir daí foi começando a surgir um
pequeno Pouso de Santo Antônio inicialmente.

A PRIMEIRA CAPELA A SÃO LOURENÇO

Depois no dia 10 de Agosto de 1856, Luís Antônio de
Cerqueira, vindo do rio, alguns anos atrás, pediu construir
uma capela ao seu santo de devoção “São Lourenço”.
Em Agosto de 1874 solicitou documentos do registro
anterior e o direito de ser a Matriz. Finalmente em 15 de
fevereiro de 1878 o Bispo de Mariana Dom Antônio Maria
de Sá e Benevides instituiu canonicamente a Freguesia de
São Lourenço do Manhuaçu.
A capela anterior de Santo Antônio, dizem, ficava entre a
Casa do Fagundes depois Abelha (Coronel Antônio David
Abelha) e a praça central. Segundo informações na Rua de
Santo Antônio, depois Antônio Welerson. Quem a
construiu não se sabe, Lana ou Cacunda, não existe
registro dela em Mariana. Procurei no Rio de Janeiro e
Itapemirim. Livros estão interditados por destruição de
cupins e traças. Poderão ser escaneados em breve e
teremos acesso a essa parte da história.
(José Olinto Xavier da Gama, Membro da Academia
Manhuaçuense de Letras)

Bases da Pesquisa:
(1) Enciclopédia da Capitania do Espírito Santo de Basílio
Dos Santos Damon, 1878, Vitória ES, APES.
(2) Instituição Canônica na Diocese de Mariana, Cônego
Raimundo Trindade, Cúria de Mariana.
(3) Memorial de Vasco Fernandes Coutinho Filho,
Arquivo Ultramarino, Lisboa Ocidental, cedido por

Geraldo Ponte de Araújo, Diretor da Helivia e Fundação
Chico Boticário de Rio Novo MG.
(4) Carta de Pedro Bueno Cacunda ao Rei Dom João V de
Portugal, Arquivo Ultramarino, transcrita pelo historiador
João Eurípedes Franckin Leal, BNDES, APES.
(5) Rota Imperial São Pedro de Alcântara, BNDES APES,
Trabalho de João Eurípedes Franckin Leal.
(6) Casa de Vereança de Mariana, Vários autores,
ICHUFOP, Campus de Mariana.
(7) Jornal Subsídios, Cúria de Caratinga, Editor Padre
Raul Mota de Oliveira, Diretor Dr. Lázaro Denizart do
Val, colaboradores diversos, Caratinga, 1 de agosto de
1967.
(8) Entrevista com Padre Júlio Pessoa Franco

Diário de Manhuaçu

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