Seguindo os passos da família

Jean Gomes Ferreira conta sua ligação com a cafeicultura. Ele até tentou morar na cidade, mas acabou voltando para o campo, onde se sente realizado

MANHUAÇU – O êxodo rural cresceu muito nas últimas décadas, mas existem aqueles que resolvem voltar para suas origens, como é o caso de Jean Gomes Ferreira, 33 anos. Ele foi morar na área urbana, estudou, trabalhou, mas despois resolveu voltar para o campo, onde se sente realizado. “Sou a quarta geração na produção de café, começou com o meu bisavô quando ele veio aqui pra comunidade. Naquela época não havia questão de compra de terreno, a pessoa vinha e tomava posse de um pedaço e começava a cultivar. Passou pelo meu avô, passou para o meu pai, nessas passagens de geração foi aumentando a produção”, conta.
Jean rememora sua infância. “Eu trabalhava junto com meu pai e tive um problema de saúde aos oito anos. Então eu não fui muito para a roça, onde era dado início aos ensinamentos para cuidar de tudo, então comecei a estudar e gostava. Fui para escola, fui estudando, terminei aqui na roça a escolinha, fui para a cidade, terminei o segundo grau e resolvi fazer faculdade. Mas sempre trabalhando aqui na roça, ajudando meu pai na área do café, na área do leite que ele mexia. Terminei a faculdade e fiz estágio. Tentei abrir meu próprio negócio, que era no ramo de autopeças, onde foi meu segundo emprego, mas não deu certo”.
Nesse passar de tempo, a mãe de Jean veio a falecer. “Minha mãe faleceu há sete anos e meu pai resolveu dividir a parte dela na venda das terras. Então saiu uma pequena parte para cada filho, somos quatro irmãos. Voltei para a roça para tomar conta da minha parte e estou aqui há quase oito anos. Comecei a trabalhar a questão da qualidade do café até chegar no café especial que eu trabalho hoje”.
Ele descreve as vantagens de morar na zona rural. “Hoje eu vejo que é muito mais lucrativo ficar no campo, trabalhar a terra, trabalhar o que temos aqui porque é uma paz muito grande. Além de ser muito gratificante você poder mexer na terra, você cultivar, plantar e vender seu produto é muito gratificante. É bem-estar muito grande, aqui tenho contato com a natureza”.
TECNOLOGIA NO CAMPO
Ele fala que morar no campo é ótimo, ainda mais com a tecnologia. “A mudança é radical, na nossa época não tinha internet não tinha WhatsApp, não tinha telefone. Para brincar tinha que se virar, fazer brinquedo de lata de óleo, tinha que inventar, brincar no meio da terra, no meio da lama. Hoje a facilidade é muito grande, têm telefone e tem tablet, notebook”, lista.
Mesmo com tanta inovação, Jean avalia que algumas coisas permanecerão intactas. “Eu acredito que as características no campo não mudarão mesmo assim, depende da cultura da família, dos ensinamentos que vamos passar de pai para filho, de avô para neto para não perder para não perder essa essência. Temos que usar essas tecnologias para nosso benefício na zona rural, ajuda muito. Um exemplo, conseguimos olhar a previsão do tempo, conseguimos olhar produtos que serão usados na lavoura, plataformas de gestão para ajudar no meio rural. Então eu acredito que vai ser essa passagem de pai para filho, esses ensinamentos que devem ser muito bem feitos para que essa parte tecnológica não afete essa sucessão familiar no campo”.