Um Deus com ideias próprias:

maldição pode se tornar bênção?

 

Algo ruim que se repete, e repete, geralmente chamamos de ‘maldição’. Segundo as Escrituras Sagradas, Deus tem/e não tem a ver com isso.

Como assim?

No capítulo 28 de Deuteronômio (e outras passagens, inclusive do Novo Testamento), estão estipuladas todas as ocasiões em que – pela lei da causa-e-efeito – a pessoa pode trazer coisas ruins (ou boas) sobre si, e sobre seus descendentes.

Também, como membros de um grupo, ou uma nação, isso vai sobre o restante do grupo ou nação. Enfim, ninguém duvida disso: Tudo o que se planta, a gente colhe. Planta o bem, você colhe o bem. Planta o mal, porém, você vai colher coisas ruins.

Mas este não é o tema deste artigo.

Você sabia que não importa o quanto você tem, se você é rico ou pobre?

Aquele que tem muitas coisas (ou muito), ou aquele que tem pouco – isso, na verdade, diz pouco sobre seu estado.

Já encontrei pessoas com pouco, ou poucas coisas, e até bem pobres, mas com um sentimento tão bom, tão alegre – elas eram (e são) gratas por cada coisa, e isso faz com que elas, de fato, possuam aquilo, e mais ainda!?

Por outro lado, quantas pessoas ricas, tristes, amarguradas, tensas, com medo de serem roubadas – que são tão pobres, tão carentes, que mesmo remédios e consultas psicológicas ou psiquiátricas NÃO AJUDAM? É que elas não aprenderam a ser gratas pelo que tem, pelo que recebem. Elas vivem como se tivessem direito, um direito que outros (os menos ricos, ou então, pobres) não teriam. MENTIRA!

O segredo está no coração da pessoa.

Pessoalmente acho algo não agradável ajudar uma pessoa que não sabe agradecer. Eu até completaria: por causa dessa atitude, de ingratidão, ou de exigência até -, ela é infeliz, e vive quase(?) como que condenada a ficar na penúria, inclusive da misericórdia dos outros!

No Rio de Janeiro tinha um homem que decidiu escrever em todos os lugares onde ia (e às vezes, morava, como debaixo de viadutos!): Gentileza gera gentileza. E isso de fato é verdade: se você é uma pessoa sensível aos outros, se você recebe (e pede) com respeito, sem exigir, você NUNCA terá falta de nada. Sobretudo, porém, você gozará de uma alegria e felicidade mesmo se estiver morando “debaixo da ponte”! (Desculpe, não queria dizer isso no sentido real: creio sinceramente que cada um, e cada família merece e carece de um lugar, um abrigo digno e onde possa, além de abrigar os seus, também receber seus amigos! Essa é uma das missões principais de um governo, ou até, na falha ou fraqueza deste, de pessoas ao redor daquele que está passando por esta privação. No caso, os parentes, a comunidade próxima, a igreja: acolher pessoas que não têm onde possam descansar é um de nossos primeiros deveres como cristãos!)

Veja que costume louvável entre o povo judeu: desde os tempos muito antigos, e mesmo no meio de grandes adversidades, perseguições, perigos e miséria, eles mantiveram um costume muito digno de ser imitado. Aliás, o próprio Senhor Jesus, que nasceu judeu e nunca teve outra nacionalidade na terra até o dia de Sua morte na cruz, tinha esse costume. Em todas as situações – e especialmente antes de se alimentar – Ele agradecia com uma oração muito simples, que nós em nossa família celular temos aprendido também, na própria língua de Jesus:

Baruch atah Adonai, Eloheynu, Melekh ha olam, ha motzi lechem min ha aretz.

que traduzido, é:

Bendito és Tu Senhor, nosso Deus, Rei do Universo, que tens trazido o pão da terra.

Naquele dia em que uma multidão tinha ficado (num retiro) com Jesus o dia todo, e não havia supermercado nem fazenda por perto, Ele os alimentou com o pouco que havia (cinco pães e dois peixinhos). Sabe o que Ele fez antes de começar a distribuir a comida? Levantou os olhos para os céus e falou,

Baruch atah Adonai, Eloheynu, Melekh ha olam, ha motzi lechem min ha aretz.

Gratidão! Aí está a chave para uma vida feliz, e para milagres, não importa as circunstâncias.

Sei de experiência, que é muito difícil ser grato quando há dor, sofrimento, morte, saudades. Muito difícil, Querida, Querido!

Mas você pode imaginar comigo aquela última ceia que Jesus tomou com Seus discípulos? (Todo o mundo já viu algum tipo de pintura ou quadro daquela noite fatídica, antes de ter sido preso.)

Lá, depois de eles terem tomado a refeição principal, Ele tomou o pão e o cálice e DEU GRAÇAS. Sabe qual foi a oração dEle? Ora, aquela que está aí em cima e que começa com “Baruch atah Adonai”, isto é, Bendito és Tu, Senhor! A mesma oração Ele fez, inclusive – lembrando agora mais – agradecendo pelo pão e cálice, que simbolizavam Sua própria morte!!!!!

Amigo, amiga, sejamos gratos. Sem saber muitos detalhes, estaremos transformando coisas ruins em coisas boas, isto é, maldições em bênçãos.

Esse é o Deus que nós conhecemos pela Bíblia, e que tem ideias bem próprias. Creio profundamente que Ele está envolvido em todos os detalhes de nossa vida, mas muitas vezes, infelizmente, não pode fazer nada por causa de nossa atitude.

Sejamos agradecidos, e ajudemos uns aos outros. Cada um de nós pode fazer muito pelo próximo. Hoje, mais do que nunca, as oportunidades de ser gentil, bondoso, caridoso, misericordioso, são tantas – que dá pra ficar cansado.

Mas que cansaço bom é esse! E que sono maravilhoso podemos desfrutar quando deitamos a noite, cansados, mas abençoados!

É isso que desejo para você!

 

Rev. Rudi Augusto Krüger – Diretor, Faculdade Uriel de Almeida Leitão; Coordenador, Capelanias da Rede de Ensino Doctum – rudi@doctum.edu.br