Vivemos uma época de questionamentos, e o pior deles é questionar a nós mesmos, questionar o nosso valor.
Creio que está errado pensar que para sermos úteis precisamos ser jovens, ou desfrutar de uma saúde ou aparência saudável.
Estou com um relato na cabeça que li nesta madrugada e que me “perseguiu” o dia todo. Vou compartilhar com você.
Outra coisa: houve uma época que eu achava o apóstolo Paulo um “cara” muito quadrado – e pensava outras coisas negativas sobre ele. Mas afinal, você já leu a biografia dele?
Aqui um pequeno extrato, no final de uma viagem de navio há 2000 anos passados. Quem descreve é o seu companheiro Lucas, médico e que o acompanhou em muitas aventuras, inclusive nessa que acabou num naufrágio perto da ilha que até hoje tem o mesmo nome – Malta:
28 Quando já estávamos em terra, sãos e salvos, soubemos que a ilha se chamava Malta. 2 Os moradores dali nos trataram com muita bondade. Como estava chovendo e fazia frio, acenderam uma grande fogueira. 3 Paulo ajuntou um feixe de gravetos e os estava jogando no fogo, quando uma cobra, fugindo do calor, agarrou-se na mão dele. 4 Os moradores da ilha viram a cobra pendurada na mão de Paulo e comentaram:
— Este homem deve ser um assassino. Pois ele escapou do mar, mas mesmo assim a justiça divina não vai deixá-lo viver.
5 Mas Paulo sacudiu a cobra para dentro do fogo e não sentiu nada. 6 Eles pensavam que ele ia ficar inchado ou que ia cair morto de repente. Porém, depois de esperar bastante tempo, vendo que não acontecia nada, mudaram de ideia e começaram a dizer que ele era um deus.
7 Perto daquele lugar havia algumas terras que pertenciam a Públio, o chefe daquela ilha. Ele nos recebeu muito bem, e durante três dias nós fomos seus hóspedes. 8 O pai dele estava de cama, doente com febre e disenteria. Paulo entrou no quarto, fez uma oração, pôs as mãos sobre ele e o curou. 9 Depois disso os outros doentes da ilha vieram e também foram curados. 10 Eles mostraram muito respeito por nós e, quando embarcamos, puseram no navio tudo o que precisávamos para a viagem. (Atos 28:6-10)
Se lermos os capítulos anteriores neste livro que conta os Atos dos Apóstolos, vamos descobrir as dificuldades imensas que ele tinha passado, e especialmente, nessa viagem que deve ter levado – segundo alguns pesquisadores – até um ano inteiro até chegarem em Roma, partindo de Cesareia Marítima (hoje, em Israel).
Os últimos dias antes do naufrágio em frente a Malta, eles não comeram nada, pois as ondas eram tão violentas, e todos estavam apavorados. Exceto um: Paulo. No penúltimo dia ele até falou com os companheiros (quase trezentos homens) que Deus tinha falado com ele aquela madrugada e lhe disse que ninguém iria morrer, todos se salvariam, e que por isso, deveriam comer algo ainda na madrugada.
Ele era um prisioneiro, sendo levado para ser questionado e julgado pelo César, e não tinha nenhuma regalia ou vantagem: estavam todos no mesmo barco, à mercê do temporal, dos raios, das ondas, e tudo o mais que podia tirar a coragem do mais valente.
E daí, quando chegaram à terra firme – Malta, vão fazer uma fogueira com o povo do lugar e, que sorte infeliz: uma cobra venenosa se agarra a sua mão!
– Que velho mais desgraçado – deve ser o maior criminoso de toda a história! – foi isso que os malteses pensaram dele.
Mas veja como acabou bem mais esse capítulo: de um criminoso, assassino, ele passa a ser um deus. Mais: ele não se aproveita de nada disso, mas trata bem as pessoas, ajuda a quem precisa, até ora e leva a cura para os doentes.
O fato é que o povo do lugar ficou muito grato a ele (e a seu time) por tudo que fizeram.
Ninguém pensou na velhice dele – nem Paulo. Ele continuou sendo quem ele era – um homem que abençoava.
Rev. Rudi Augusto Krüger – Diretor, Faculdade Uriel de Almeida Leitão; Coordenador, Capelanias da Rede de Ensino Doctum – UniDoctum; E-mail: [email protected]