DA REDAÇÃO – Na edição 3576 de 14 de março deste ano, o DIÁRIO DE MANHUAÇU trouxe a reportagem “Mineira que vive em Milão conta como a Itália está enfrentando o Coronavírus”. Na reportagem, a caratinguense Deisimar de Assis Andrade, 40 anos, alertou que “se cada um tivesse feito a sua parte, talvez hoje não estivéssemos presos em nossas próprias casas”. Passadas pouco mais de duas semanas, a situação se agravou e muito na Itália. Deisimar pede aos brasileiros para que tenham precaução para que não sofram o que os italianos estão sofrendo.
Conforme informações da agências internacionais, a Itália tem mais de 100 mil casos confirmado de Covid-19, e o número segue aumentando a cada dia, sendo que já foram registrados também mais de onze mil óbitos pela doença.
O governo Italiano vem tomando medidas para evitar a propagação da pandemia e diminuir os impactos causados na economia do país, que está em isolamento obrigatório desde o dia 8 de março. O governo da Itália irá liberar para os trabalhadores fixos 100 euros (cerca de R$ 574,00), e para trabalhadores autônomos serão disponibilizados 600 euros (aproximadamente R$ 3.444,00), conforme cotação da moeda às 15h12 de ontem. Algumas empresas já começaram a decretar falência.
Deisimar de Assis Andrade mora em Milão, na Lombardia, Itália, há três anos e conta que está começando a ver as pessoas passarem necessidades, afinal não tem a previsão dos comércios reabrirem as portas. “Tem várias pessoas nas portas dos supermercados pedindo alimento, pois não tem como comprar. Se a polícia parar alguém que não comprove que está na rua por motivo de trabalho, a pessoa ganha uma multa que pode ir de 500 a três mil euros e ainda pode ser presa”.
A mineira relata que cresce um receio entre a população. “Já estamos com medo do momento que poderemos sermos saqueados dentro das nossas próprias casas. Vai chegar um momento em que a fome irá aumentar e junto dela, o desespero. Então isso pode vir a acontecer sim, e o pior é que não temos nem para onde correr, pois o mundo inteiro está assim”.
A respeito do funcionamento das empresas, Deisimar diz que tem muitas funcionando, mas com número reduzido de funcionários. “Claro que estes funcionários vão receber só o proporcional ao que estão trabalhando. Tenho amigos que estão trabalhando apenas uma vez na semana, pois está sendo realizado o rodízio dos funcionários, sendo assim eles irão receber pelos quatro dias trabalhados no mês. A maioria das pessoas recebe oito euros por hora, realmente estão passando por um momento difícil”.
Ela ainda fala que o governo adiou os pagamentos das contas de água e de luz. “O governo fez um acordo que é para quem não tem condições de pagar agora, tem o direito de pagar depois, não isenta das contas, mas já adia. Graças a Deus consegui pagar o aluguel e os boletos de gás e luz, mas mês que vem eu não sei como vai ficar”.
Ao final, ela faz um novo alerta ao povo brasileiro. “Quarentena não é férias. “Vejo que o pessoal no Brasil leva tudo pelo lado político, e não é assim que se deve ser. É hora de cada um preocupar com o que realmente importa. Percebo que as pessoas que não estão trabalhando saem de casa, as ruas continuam cheias, continuam recebendo visitas e se encontrando com os amigos, mas não estamos em momento para isso, não tem necessidade de ir aos supermercados todos os dias, vá e faça sua compra, mas não fique indo todos os dias”.