A PROCURA CHEGOU AO FIM
Após 48 horas de buscas incessantes, autor de duplo homicídio é preso na zona rural de Imbé de Minas. Ação reuniu trabalhos da PM e PC
IMBÉ DE MINAS/CARATINGA – Enfim, preso. Depois de 48 horas de trabalhos contínuos, Dionísio Marcelino Ribeiro, 51 anos, autor de duplo homicídio registrado na tarde da última terça-feira (10) no distrito de São Sebastião do Batatal, foi detido. Ele foi encontrado na tarde desta quinta-feira (12) no córrego Volta Grande, zona rural de Imbé de Minas. A ação reuniu trabalhos da Polícia Civil e Polícia Militar.
Na tarde da última terça-feira, Dionísio matou Maria Lúcia Pereira Coelho, 58 anos, que é sogra de seu filho; e Geralda da Costa Lourenço Souza, 60. Ele ainda tentou contra a vida de outra mulher, porém o tiro não a atingiu.
Diligências ininterruptas
Tenente Arthuzo disse que desde a Polícia Militar tomou conhecimento do fato, equipes se dirigiram para o local e foram feitas diligências ininterruptas e os trabalhos contaram até com suporte de um helicóptero. A ação contou com apoio de militares de Caratinga, Imbé de Minas, São Sebastião do Anta, São Domingos das Dores e Ubaporanga. “O rastreamento se estendeu e assim demos segurança para a comunidade que estava revoltada e temorosa. Então, mantivemos o rastreamento por 24 horas. Demos ainda cobertura aos sepultamentos e aos velórios, pois havia o temor que o autor voltasse e fizesse mais vítimas”, frisou o oficial.
Conforme tenente Arthuzo, no decorrer dessa quinta-feira foram checadas todas as informações que eram passadas. A respeito da denúncia de que o autor estaria no córrego Rio Preto ou no córrego Volta Grande, foi feito monitoramento nestes locais e no período da tarde, Dionísio foi localizado quando tentava chegar em um bar. “Pelas características físicas e também por estar vestindo as mesmas roupas usadas no dia dos fatos, conseguimos fazer a abordagem. No momento ele não reagiu, não estava armado. Ao conversarmos com ele, acabou confessando onde estaria a arma, que foi encontrada em um cafezal. Após a prisão, o levamos a um posto de saúde, pois ele reclamava que tinha feito recentemente uma cirurgia e sentia algumas dores. Após o atendimento, o encaminhamos para a delegacia em Caratinga”, detalhou o oficial.
Sobre a motivação, tenente Arthuzo disse que o autor permaneceu calado. Aos policiais Dionísio disse que durante este período ficou escondido no meio da mata e em lavouras de café. “Demonstrou ser uma pessoa fria. Quando da apreensão da arma estava rindo”, observou o oficial, acrescentando que pessoas da região onde residia Dionísio disseram que ele era de difícil convivência e violento, porém essas informações não tinham sido passadas anteriormente para a polícia. “Não tínhamos conhecimento que era uma pessoa de má conduta com os vizinhos”, frisou.
“Os filhos e os vizinhos que sofriam ameaças, mas não relatavam por medo. O próprio filho dele disse se ele fosse preso e tivesse a arma apreendida, ele pagaria a fiança e voltaria para casa mais transtornado. Por isso o pessoal não o denunciava”, explicou o oficial, ressaltando que a arma de Dionísio é registrada.
O oficial destacou o trabalho em conjunto com a Polícia Civil, que em suas palavras, deu todo o suporte e participou de todos os levantamentos.
Transtornado
A respeito dos levantamentos, tenente Arthuzo revelou que foi passado para a PM que o autor estaria transtornado em virtude do fim de seu casamento e culpava os filhos, sendo dois que moram em seu terreno e uma que reside em Taparuba, onde a ex-mulher também vive atualmente. “Segundo os próprios filhos, ele chegou para ceifar as vidas deles, mas como não os encontrou, teve uma discussão com a sogra do filho (Lúcia). Após a senhora discutir com ele, o autor foi até sua casa, retornou armado e numa fúria tremenda, segundo testemunha, efetuou cerca de 15 disparos. Em seguida, como ele tinha solicitado a uma testemunha que buscasse um copo com água, essa testemunha foi até o filtro, quando escutou os disparos, quando a testemunha voltou, ele tomou a água. Como a mulher (Lúcia) ainda estava tremendo, agonizando, ele fez mais disparos. Depois, chegou para testemunha e disse assim: “você viu como eu sou macho? Como você é um cara bonzinho, você não vai morrer, mas agora estou disposto a matar mais gente””.
De acordo com levantamentos da PM, o autor entrou no carro e trafegou cerca de 1,5km, na região do córrego dos Pereiras, então chegou em uma casa e desceu armado do veículo. “Um morador da casa disse, “fulano, come um queijo”, então ele pegou o pedaço de queijo e levou até a boca da segunda vítima (Geralda) e falou “come”, mas ela recusou e virou as costas, então ele efetuou um disparo nas costas e a vítima se ajoelhou. Segundo o pessoal da casa, ele deu mais dois disparos nela”.
Mais uma informação é que após matar Geralda, ele apontou a arma para outra mulher e fez nova ameaça, mas a mulher correu e Dionísio efetuou mais um disparo, porém não acertou essa mulher. Na sequência, o autor fugiu, abandonou o carro e ficou escondido até ser preso na tarde desta quinta-feira.
Prisão preventiva
Delegado Sávio Moraes enalteceu a parceria com a PM que resultou na prisão do autor. “Foi uma operação em conjunto, trabalhamos desde o início trocando informações. Trabalho da Polícia Militar foi incessante, virando madrugadas. Ontem (quarta-feira, 11) entrevistamos testemunhas e hoje (quinta-feira, 12), a Polícia Militar obteve êxito em efetuar essa prisão”.
Conforme o delegado Sávio, na manhã desta quinta-feira ele havia representado pela prisão preventiva do autor com fundamento na garantia da ordem pública. “ Como tenente Arthuzo falou, as pessoas estavam muito temerosas, pois aparentemente é uma pessoa instável psicologicamente e estava armada. O fundamento foi na aplicação da lei penal, tendo em vista que ele (autor) estava foragido e indicava que não iria se apresentar e não queria colaborar com a justiça. O mandado foi deferido, foi expedido na tarde de hoje (quinta-feira, 12) quase simultaneamente do ato de captura por parte da Polícia Militar”.
Ao finalizar, o delegado disse que serão dados os próximos passos das investigações para elucidar a dinâmica do crime, a motivação, bem como realizar a oitiva do autor. “Ao final do inquérito, a princípio, o indiciamento por dois homicídios qualificados consumados e uma tentativa de homicídio qualificada”, conclui delegado Sávio Moraes.