Alto preço do óleo diesel é a principal reclamação
REALEZA – MANHUAÇU– Na tarde de ontem, os caminhoneiros fecharam a BR-262 em Realeza (no entroncamento com a BR-116). O principal motivo da manifestação foi a questão da alta de preço no óleo diesel. Esse tipo de protesto aconteceu em vários estados do Brasil e na tarde desta segunda-feira (21), o presidente Michel Temer convocou reunião para tratar desse assunto.
A paralisação em Realeza foi iniciada por volta de 14h30. O movimento havia feito uma carreata no dia 1º de maio entre a cidade e o distrito percorrendo a BR-262 como forma de protesto. Agora, aderiram ao movimento nacional. O bloqueio afetou as rodovias 262 e a BR-116 em Realeza, no entanto, ônibus, carros de passeio e veículos de serviços públicos passam normalmente.
MOTIVOS
Para o presidente do Sinditac (Sindicato dos Transportadores) de Minas, Antônio Vander Silva Reis, que acompanha os protestos no estado, o que tem sido cobrado de combustível está inviabilizando o trabalho dos caminhoneiros. “O aumento é absurdo, tem lugar que o diesel, que custava cerca de R$ 2,70 há seis meses, está custando R$ 3,70 ou R$ 3,80. O preço está chegando aos R$ 4”, disse.
Segundo Antônio Vander, o impacto na atividade de quem trabalha com fretes é enorme, pois o preço pago pelos contratantes dos serviços não mudou. “Não tem mais condições de rodar. Hoje o combustível já está ultrapassando em 60% o valor do frete”, conta.
Se um motorista pega um serviço de transporte de mercadoria por R$ 1000, são R$ 600 destinados somente ao combustível. Na avaliação do sindicato, uma conta justa seria de três por um. Ou seja, se o gasto com o diesel for de R$ 600, o motorista deveria receber R$ 600 pelo serviço e mais R$ 600 pelo desgaste do veículo.
Os caminhoneiros pedem a retirada dos encargos tributários cobrados sobre o óleo diesel. Também querem a isenção da Contribuição sobre Domínio Econômico (Cide) sobre a venda do óleo diesel usado pelos transportadores autônomos.
REUNIÃO EM BRASÍLIA
O presidente Michel Temer convocou na tarde de ontem, uma reunião emergência para discutir a alta dos preços dos combustíveis. A reunião ocorreu no momento em que os caminhoneiros deflagraram uma paralisação por tempo indeterminado e que bloqueia rodovias em pelo menos dez estados. Os caminhoneiros se queixam do reajuste das tarifas do diesel.
A reunião, no Palácio do Planalto, estava marcada para as 18h. Foram chamados para participar da conversa com o presidente os ministros Moreira Franco (Minas e Energia), Eduardo Guardia (Fazenda), Eliseu Padilha (Casa Civil), Esteves Colnago (Planejamento) e o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid.
Pela manhã, os presidentes do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), anunciaram a criação, nesta quarta-feira (23), de uma comissão geral no Congresso que deverá acompanhar os desdobramento da política de reajuste de preços de combustíveis no país.
Ontem pela manhã, Guardia disse que o governo examina a redução de tributos incidentes sobre os combustíveis, mas não tem ainda nenhuma decisão sobre o assunto. Em teleconferência com a imprensa estrangeira, ele afirmou que medidas para reduzir as alterações constantes nos preços estão sendo discutidas, mas destacou que o governo não tem neste momento “flexibilidade fiscal”.