CARATINGA- 30 pessoas já tiveram diagnóstico de toxoplasmose em Caratinga nos primeiros quatro meses do ano. O número de casos disparou e já supera todo o ano de 2022, em que foram registrados 29 casos.
Conforme o enfermeiro epidemiológico Paulo Henrique, a toxoplasmose é uma infecção causada pelo protozoário “Toxoplasma gondii”, encontrado nas fezes de gatos e outros felinos, que pode se hospedar em humanos e outros animais. É causada pela ingestão de água ou alimentos contaminados e é uma das zoonoses mais comuns em todo o mundo. “As principais vias de transmissão são a oral e congênita. A congênita consiste na transmissão da doença adquirida pela mãe, durante a gestação, ao feto”.
A respeito dos sintomas, ele explica que o quadro clínico da doença é amplamente variado. “Tem casos que a pessoa não tem sintoma. Há casos com poucos sintomas e tem casos, principalmente, nos imunodeprimidos, portadores de HIV, crianças e gestantes, que podem ficar mais graves. Geralmente começa com uma febre, dor de cabeça, dor muscular, tosse, manchas vermelhas e se ela piorar começa a ter sintoma no pulmão, fígado, rins. E ocorre muito a toxoplasmose ocular, ou seja, o protozoário atinge a visão causando inflamação e em casos extremos chegando à cegueira”.
Dentre algumas medidas de prevenção, ele destaca: “higienizar corretamente as mãos antes das refeições, após manusear lixo, após o contato com animais, após manipular alimentos e sempre que necessário; ao manipular carnes cruas, procure usar luvas; evitar manusear terra ou solo e, se necessário, utilizar luvas e higienizar as mãos após a atividade. Ainda consumir apenas água filtrada ou fervida e manter os reservatórios bem fechados. Não consumir carnes cruas, mal cozidas ou mal passadas e não provar a carne crua durante seu preparo”.
O enfermeiro ainda orienta não consumir leite e seus derivados crus, não pasteurizados, sejam de vaca ou de cabra e controlar vetores e pragas (ratos, moscas, baratas e formigas), descartando corretamente o lixo doméstico e os dejetos de animais.
Em virtude do aumento de casos de toxoplasmose no município de Caratinga nos últimos dois anos, atendidos em consultórios médicos e notificados pelos laboratórios particulares após busca ativa, a Superintendência de Vigilância em Saúde alertou sobe a obrigatoriedade da notificação em todas as unidades básicas de saúde, hospitais, laboratórios e consultórios médicos.
Paulo Henrique também comentou a respeito da possibilidade de contaminação da população com a doença pela água, de forma coletiva. “Com relação à população estar com medo de um surto hídrico é praticamente impossível porque o sistema da Copasa de tratamento e purificação da água é muito avançado. Praticamente zera essa possibilidade, tranquilizamos que essa é uma possibilidade muito remota”.
GATOS E A DOENÇA
A médica veterinária Mariana Machado explica que a toxoplasmose é uma doença de mamíferos. O gato muitas vezes fica como vilão da doença, o que ela faz questão de desmistificar e afirma que há falta de informação. “O animal é hospedeiro definitivo da doença, então, ela vai passar por todos os mamíferos até chegar nele. Uma coisa interessante é que o rato é um dos principais disseminadores da doença, quando o rato está com a toxoplasmose, a urina dele é atrativa para o gato. Mas, é um mito muito grande falar que as pessoas são contaminadas por causa do gato, porque, geralmente, o animal faz as fezes na caixinha de areia e a pessoa joga fora. Para o protozoário começar a eclodir nas fezes, leva no mínimo quatro dias e ninguém deixa a caixinha de areia quatro dias com fezes”.
Conforme Mariana, o gato é assintomático. Mas, quando está imunossuprimido por alguma outra doença, pode ter alguns sintomas. “Febre, fica com muita dor, quando andar vai gemer de dor, pode ser que apareçam manchas vermelhas pelo corpo dele. E o ideal nesse caso é levar ao veterinário, fazer a sorologia para confirmar e o tratamento, que pode ser feito em casa com antibiótico próprio e anti-inflamatório além do suporte, com suplementação e complexo vitamínico, soro para repor as perdas e ele consegue se recuperar”.
Como forma de prevenção, ela deixa algumas dicas para tutores do animal. “Sempre pedimos para a pessoa estar sempre limpando e evitar que o animal tenha acesso a rua, porque foge muito nosso controle. Mas, ainda assim, a maioria dos seres humanos se infecta através do alimento e da água. É mesmo uma questão de higiene. Não dar carne crua para o gato. Se o animal gosta, congela antes, descongela e oferece. E água sempre filtrada”.