Artigo

DIVÓRCIO EM TEMPO DE PANDEMIA

Ildecir A.Lessa

Advogado

 

O confinamento em casa devido a crise da Pandemia pode ter gerado um impacto negativo sobre a vida conjugal. Um recente levantamento divulgado pelo Colégio Notarial do Brasil – Seção Minas Gerais (CNB/MG) mostrou que 646 casais mineiros se divorciaram só num mês do ano de 2020, o que representa uma alta de 19,4% em relação a meses anteriores, quando os cartórios em todo estado registraram 541 separações. Da mesma forma, no mês de setembro de 2020, a revista Época publicou o resultado de uma pesquisa que revelou um aumento de 54% de divórcios no Brasil, após caída abrupta de números no início da Pandemia.

Ao que tudo indica, parece haver uma resistência à convivência forçada, o que provoca de forma inevitável a ruptura, indo a separação. À toda evidência que, a Pandemia em si não provoca uma separação, mas outros fatores ocultos de um relacionamento que se afloram na convivência forçada.  Isso em razão de uma patente diferença entre os casais e a inabilidade de estabelecer conexões seguras. Aí a cascata do desgaste, da falta de comunicação, da ausência de admiração, das brigas e desconfianças construíram a descida à insuportabilidade da vida em comum.

E, nesse cenário de aridez, o divórcio tornou-se, para muitos, inevitável. O mais grave é que, o número de separações ainda vem crescendo. O que seria desejável, nesse tempo de crise em todos os aspectos, no caso específico da sociedade conjugal, seria organizar a vida financeira, moradia, família de origem, amigos comuns, guarda dos filhos, etc… Isso porquê em caso de uma desorganização familiar, acontece de forma inevitável, o divórcio que constitui um patamar desafiador, mas não precisa ser uma batalha. O primeiro passo é acolher e normalizar que a separação é um processo dolorido.

É viável viver essa fase respeitando o pesar e optando por não usar o arsenal bélico fartamente ofertado sob a promessa de redirecionar a dor deixando que um terceiro faça justiça. O certo é que, faz mister organizar questões patrimoniais e responsabilidades com os filhos de forma objetiva e racional é um norte que verdadeiramente minimiza a dor e os respingos dela, mas para esse desfecho eficaz é impreterível que as emoções sejam consideradas com tanta seriedade quanto as possibilidades legais. Com isso surge a possibilidade de negociação voltada ao Direito de Família focada na conciliação compila técnicas de várias áreas que vão além dos atos processuais. É na multidisciplinalidade, com foco na autocomposição, que caminhamos em prol dos casais para que eles mantenham a autonomia e sigam sendo a base para a família. O acordo é o caminho. Tudo na tentativa de mudar o efeito do divórcio, em tempos de Pandemia.

 

Diário de Manhuaçu

Recent Posts

Boletim InfoGripe diz que VSR supera covid-19 em mortes de crianças

Dados são da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) DA REDAÇÃO – A crescente circulação do vírus…

1 dia ago

Número de estudantes mineiros em cursos técnicos nas escolas estaduais cresce 470% em 5 anos

Mais de 70 mil estudantes estão em cursos profissionalizantes oferecidos nas instituições do estado para…

1 dia ago

O crescente problema da automedicação e suas consequências para a saúde

A automedicação, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), consiste no uso de medicamentos por…

1 dia ago

Principais destaques dos jornais e portais integrantes da Rede Sindijori MG

www.sindijorimg.com.br Lagos em área de interesse turístico Na semana que passou estiveram reunidos na Assembleia…

1 dia ago

EcoRioMinas recupera rodovias

COLUNA MG Principais destaques dos jornais e portais integrantes da Rede Sindijori MG www.sindijorimg.com.br EcoRioMinas…

2 dias ago

Morre Anderson Leonardo do grupo Molejo, aos 51 anos

Anderson Leonardo, do Molejo, morreu nesta sexta (26), aos 51 anos, em decorrência de um…

2 dias ago

This website uses cookies.