Flávio Roscoe
Com grandes desafios a enfrentar, os governantes que tomaram posse no primeiro dia do ano têm a responsabilidade de tirar o Brasil da grave crise econômica na qual está mergulhado. No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro e, em Minas Gerais, o governador Romeu Zema. Com pronunciamentos alentadores, ambos renovaram os compromissos que sensibilizaram e mobilizaram os brasileiros nas últimas eleições. Na ocasião, os eleitores expressaram o desejo por mudanças capazes de recolocar o país nos trilhos do desenvolvimento sustentável, com crescimento econômico e avanços sociais. Escolheram candidatos nos quais perceberam compromisso claro com o país, compromisso com Minas Gerais e compromisso com a sociedade.
A indústria mineira está otimista e trabalha com boas expectativas em relação à gestão do governador Romeu Zema, que, entendemos, assume com clara consciência do que precisa ser feito para que Minas Gerais volte a crescer e para que as pessoas recuperem os empregos perdidos – no Brasil, são cerca de 13 milhões de trabalhadores e, em Minas, certamente mais de 1 milhão de desempregados. O governador também tem o senso de urgência que o momento impõe. Acreditamos, sim, no presente e no futuro. Afinal, como afirmamos em manifesto, nenhuma crise é maior que os mineiros. E Minas precisa seguir em frente.
Não será tarefa fácil, mas trabalhando juntos é mais que possível. Os mais de 70% dos eleitores que escolheram Romeu Zema certamente sabem que não basta votar – é preciso acreditar, apoiar e, principalmente, é preciso participar. A retomada do crescimento econômico de Minas Gerais precisa, necessariamente, ser sustentada por dois pilares principais: o saneamento das finanças públicas – em seu discurso de posse, o governador Zema disse que, se nada for feito, o déficit nas contas públicas em Minas chegará a R$ 30 bilhões este ano. A melhoria do ambiente de negócios é o segundo pilar de sustentação do processo de retomada do crescimento da economia mineira.
Sanear as finanças públicas significa, com certeza, rever prioridades e os gastos que geram. Criar um ambiente de negócios melhor e mais amistoso, capaz de atrair investimentos, de viabilizar novos projetos e gerar empregos de qualidade, exige rever e modernizar políticas públicas em todos os setores. Os exemplos são muitos e começam pela necessidade de aperfeiçoamento da legislação ambiental, o que é necessário para garantir a Minas Gerais isonomia na disputa com outros estados por investimentos no setor produtivo. A legislação ambiental precisa se fundamentar no caráter pedagógico e na valorização das boas práticas. Apenas punir e multar só desconstrói.
A questão tributária é outro desafio a enfrentar. Atualmente, antes mesmo de abrir as portas, empreendedores que se disponham a criar um novo negócio são sufocados pela perspectiva de ter que encarar mais de 90 tipos de impostos que geram enormes custos burocráticos e acabam por afugentar investidores, reduzir a competitividade das empresas e travar a atividade econômica. Vale lembrar, igualmente, que quem paga impostos são os cidadãos, as famílias – a sociedade.
Enfim, para que se confirmem as previsões de crescimento da economia do Brasil e de Minas Gerais, é preciso fazer reformas estruturais que vêm sendo postergadas há muitos anos, nos campos fiscal, tributário, das relações trabalhistas e Previdência Social. A mais importante e urgente, sem dúvida, é a reforma da Previdência, inclusive nos estados. No dia 1º, quando terminou a posse dos novos governantes, o Brasil tinha perdido mais de R$ 63 milhões por ainda não ter feito a reforma da Previdência. Anualizado, se nada for feito, esse prejuízo diário chegará, no final de 2019, a R$ 22,8 bilhões. Não dá mais para esperar!
Não devemos, no entanto, colocar sobre os ombros dos novos governantes toda a responsabilidade pelas mudanças que precisam ser feitas – a participação da sociedade é fundamental para dar o tom e o ritmo das reformas e das mudanças que são necessárias e urgentes para transformar o país e os estados. Não é mais suficiente apenas demonstrar uma indignação passiva, no conforto do sofá da sala da nossa casa. Somos todos responsáveis e, por isso, devemos nos unir para apoiar e cobrar a realização das reformas que, longe de interessar a segmentos específicos da sociedade, são indispensáveis para que o país volte a crescer – para que Minas Gerais volte a crescer. Mostrar a importância da sociedade neste processo é o nosso objetivo.
FLÁVIO ROSCOE – Presidente do Sistema Federação das Indústrias de Minas Gerais (Sistema Fiemg)