Um drone foi utilizado pelos pesquisadores para auxiliar no combate ao incêndio. Moradores da região ajudaram a combater o fogo
SIMONÉSIA – Os biólogos e pesquisadores do Projeto Muriquis do Sossego foram avisados que havia um incêndio de grandes proporções em um fragmento de floresta que oferecia risco de atingir a Mata do Sossego, o bloco de floresta onde estão localizadas duas Reservas do Patrimônio Natural, a RPPN Mata do Sossego com 270 hectares e RPPN Sossego do Muriqui com 340 hectares. O incêndio ocorreu no último dia 30 de janeiro, uma quarta-feira, por volta das 14h.
As duas UCs (Unidades de Conservação) onde nascem os principais córregos da região de Simonésia foram criadas para preservar o Muriqui, o maior macaco das Américas que se encontra criticamente em perigo de extinção. Os pesquisadores foram para a região indicada e ao localizar a fumaça decolou um drone para observar o local e avaliar qual seria a melhor estratégia de combate ao incêndio.
Pelas imagens aéreas foi possível observar o local para fazer um aceiro para impedir que o fogo atingisse as UCs. As autoridades foram acionadas e um mutirão de moradores foi organizado.
O local montanhoso dificultou o acesso a um trecho estreito de floresta, chamado de gargalo da garrafa, um ponto estratégico para impedir a continuidade das chamas, um corredor de floresta de 300 metros de largura. Estava escurecendo e aquele era o último local possível para evitar que o fogo atingisse a Mata do Sossego.
Foi feito o aceiro, separando as florestas, e utilizando a técnica do ‘fogo contra fogo’, que consiste em aceirar um trecho da floresta e atear fogo de forma controlada na direção do incêndio para que os dois se encontrem e as chamas cessem.
Durante a noite o som causado pelo fogo pôde ser ouvido à distância. O incêndio cessou ainda naquela madrugada. Desde 2017 os pesquisadores usam drones para localização dos muriquis e também para detectar incêndios na floresta. A RPPN Mata do Sossego é administrada pela Fundação Biodiversitas e a RPPN Sossego do Muriqui pelo (MIB) Muriqui Instituto de Biodiversidade.
Imagens cedidas por Alex Cavati