Cidade

Infectado por coronavírus relata sua história

Totalmente curado, empresário Antônio Limongi Annuzzo fala sobre o preconceito que sofreu e da vitória obtida. Ela ainda enfatiza a adoção medidas preventivas, como o uso de máscara

 

MANHUAÇU – Com nove casos confirmados de infectados pelo covid-19 e mais de 231 suspeitos, além várias pessoas internadas, o vírus está presente em Manhuaçu e trazendo transtornos e preocupação para todos. O empresário Antônio Limongi Annuzzo, de 42 anos, foi o primeiro manhuaçuense diagnosticado com covid-19. Antônio relata as dificuldades, o preconceito que sofreu, fala sobre a quarentena que precisou cumprir, e enfim, destaca a vitória alcançada. “Eu só tenho a dizer pra vocês que acreditem em Deus, porque a fé te dá forças pra quebrar as barreiras e subir montanhas. Então, se você tiver fé, você consegue, tudo dá certo”, aconselha.

 

As pessoas acreditam que o contágio não é uma pra eles. Quando aconteceu com você, qual foi sua reação?

Primeiramente, bom dia a todos que vão ler essa mensagem. Realmente quando eu fiz uma viagem no início de março, não sabíamos muito bem o que era essa doença porque ela não existia aqui no Brasil. Já tínhamos ouvido sobre o que estava acontecendo na China, na Europa e em outros lugares. Na verdade nós brasileiros estávamos muito mal preparados para essa doença porque não imaginávamos que dentro de 60 dias a nossa vida iria mudar totalmente, tanto a minha quanto a de 100% dos brasileiros, de norte a sul. Não existe pobre, nem rico; não existe preto, nem branco; a nossa vida foi toda mudada por essa doença. Nunca imaginei que essa doença aconteceria e que eu seria o primeiro caso confirmado de Manhuaçu, mas graças Deus com a fé que a gente tem a gente conseguiu vencer e passar bem pela doença, apesar dela ser bem agressiva, mas passei bem graças a Deus.

 

Quais os sintomas te alertaram levando à procura por médico?

Fiz a viagem e retornei bem no começo de março, por volta do dia 07 ou 08 não me lembro. Há dois anos, praticamente na mesma data, no dia 3 de março de 2018, me internei por pneumonia grave e nunca fui doente, somente uma gripezinha normal então de 2 anos pra cá eu venho me cuidando melhor. O que aconteceu é que eu cheguei de viagem e começaram os sintomas. Fiz uma caminhada no domingo até a Ponte da Aldeia, e no retorno começou uma tosse, depois uma febre por volta de terça ou quarta-feira e a tosse começou a ficar mais forte. Devido aos eventos que eu fui depois de ter informação de que alguém foi diagnosticado com a Covid-19 e como eu tive contato com essas pessoas, imediatamente, assim que começou a minha febre, me isolei e os sintomas foram febre leve de no máximo 37,8 e essa tosse aumentando sucessivamente. Aí procurei o hospital de Manhumirim na segunda-feira pela manhã.

 

A respeito do contato com outras pessoas, você sofreu algum tipo de preconceito?

Houve muito preconceito. É até bacana sua pergunta porque quero falar uma coisa muito importante para as pessoas que vão ler, porque me senti assim, sou uma pessoa que nasci e fui criado em Manhuaçu. Teve muitas pessoas que oraram, rezaram por mim. Acho que o que vale é o positivo, a gente que é do bem e que pensa no bem, não deseja o mal pra ninguém. Graças a Deus eu acho que quem pensa dessa forma sempre vai vencer, o bem vai vencer, mas eu deixo pra quem negativou e falou alguma coisa errada sobre mim, falou que eu transmiti para outras pessoas. Eu quero falar pra vocês que estudos apontam que no mundo mais de 70, 80% da população irá se contagiar, porque isso é um vírus e você não pode julgar porque todos nós temos pais, famílias, filhos e todos nós estamos com o risco de pegar essa doença e é inevitável, porque um dia você vai ter que sair na rua e esse vírus não vai acabar. Então, assim as pessoas que me condenaram e que não me conhecem tem que se informar mais sobre a doença e saber que todos nós vamos pegar esse vírus que está no ar. Não tem como eu ter pego isso em São Paulo e querer transmitir isso para as outras pessoas. Isso não existe. Que ser humano vai querer trazer uma doença dessas par dentro da casa dele onde vivem a mãe, o pai e os filhos? Então as pessoas que julgam primeiro pensem em vocês antes de julgar as outras pessoas.

 

Como foi cumprir essa quarentena em casa?

 

Eu acho que o mais difícil dessa doença é realmente cumprir essa quarentena. No meu caso foi diferente porque eu já tinha terminado a minha quarentena em casa no final de março e assim que saiu o resultado na segunda-feira que deu essa polêmica toda com o meu nome por ser o primeiro caso de Manhuaçu e região. Fiquei mais quinze dias isolado, a pior coisa da doença é esse isolamento. No quarto sem contato com ninguém, a família apenas entregando o almoço, o jantar e as outras coisas que você precisa. Eu só tenho a dizer pra vocês que acreditem em Deus, porque a fé te dá forças pra quebrar as barreiras e subir montanhas. Então, se você tiver fé, você consegue, tudo dá certo.

 

Qual o conselho você deixa a população de Manhuaçu?

 

Primeiramente, é uma doença grave. Desejo que isso passe pra gente conseguir reunir novamente com nossas famílias. O que eu posso falar pra vocês é que usem a máscara. Acho que é uma das coisas mais importantes para você não ter esse contato direto com fluídos de outras pessoas e a fé de que tudo vai dar certo e que nós vamos sair dessa bem melhor do que que quando nós entramos.

E eu queria só reafirmar sobre as fake news. Nós recebemos muitas notícias através da internet, notícias ruins e falsas que infelizmente correm mais rápido do que as corretas, então a pessoa que passa informação errada gera um pânico na pessoa que está lendo, sendo assim, tomem cuidado, pois isso é muito ruim pra todos. Informação correta salva vidas.

 

Diário de Manhuaçu

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