SIMONÉSIA– Um movimento popular contra a mineração tem surgido em várias cidades da região em reação a intenção da Mineradora Curimbaba em extrair bauxita na região. Ao todo são 22 cidades que possuem áreas ricas no minério que é utilizado na fabricação do alumínio.
O movimento Mineração Aqui Não – Região do Caparaó tem realizado reuniões com a população e candidatos das eleições municipais, com o intuito de barrar a exploração e a instalação da mineradora na região.
A representante do movimento, Caroline Nunes, conta que a resistência contra a mineração na região do Caparaó existe desde o início dos anos 2000, quando a empresa Mineração Curimbaba fez grandes investimentos para iniciar a extração nos municípios de Simonésia e Manhuaçu. “Movimentos sindicais, organizações de agricultores familiares e ambientalistas das duas cidades vem se organizando desde este período para impedir a atividade minerária. Com a crise de 2008, a Curimbaba sofreu drasticamente e parou suas investidas na nossa região, o que nos fez acreditar que ela realmente havia desistido. Entretanto, em 2019, com a flexibilização de leis ambientais e apoio do governo federal para garimpo e mineração, a corporação voltou a solicitar licenças, o que fez com que o movimento de resistência retomasse sua agenda de luta e conscientização, e no início de 2020, com apoio do Movimento Pela Soberania Popular na Mineração (MAM) foi então criada a Comissão de Enfrentamento à Mineração na Região do Caparaó, que atualmente conta com representantes de 10 municípios da região e membros de organizações da sociedade civil”.
Caroline ainda conta que movimento ressurgiu por conta da mineradora ter pedido alguns documento junto a prefeitura de Simonésia. “No final de 2019 a Curimbaba solicitou Declarações de Conformidade à Prefeitura de Simonésia, que ficou alerta com essas documentações e comunicou ao movimento dos agricultores familiares do município, que retomou a luta. Desde então, o movimento vem crescendo e conseguindo mais aliados para barrar a mineração e legitimar nossa região como um Território Livre de Mineração”.
A agricultura familiar seria a que mais sofreria impactos com a liberação da extração de bauxita na região, segundo Caroline. “Nossa região tem a agricultura como principal atividade econômica. Com a chegada da mineração coloca-se em risco o modo de vida, os empregos, e a fonte de renda de quem sobrevive da produção de alimentos, sobretudo da produção de café, visto que as ações de recuperação dos solos após a atividade são complexas, demoradas e caras. Também não há garantia por parte da empresa de que haverá recuperação destas áreas. Além disso, a bauxita tem papel fundamental no solo, pois ela funciona como uma esponja que absorve a água e devolve lentamente ao lençol freático, reabastecendo-os e recarregando as nascentes. Teremos nosso abastecimento de água e de alimentos seriamente comprometidos, gerando consequências em nossa saúde física e mental e em nossos laços comunitários. Serão consequências severas na história de nossas cidades, a maioria delas irreversíveis”, destaca.
Ainda segundo Caroline o papel do movimento é conscientizar o maior número de pessoas sobre a questão. “Primeiramente precisamos conscientizar o maior número de pessoas, levar a informação e conseguir aliados nos poderes públicos e também na sociedade civil. A luta não é construída por poucos, é preciso que as pessoas se envolvam e compreendam os verdadeiros impactos dessa atividade. Somente assim conseguiremos lutar na justiça, na mídia e nas ruas, para dizer que Mineração Aqui Não!”.
A melhor forma da população participar deste movimento é se organizar, segundo Caroline. “A principal forma de organização é através dos núcleos municipais de enfretamento. Mas se a cidade ainda não possui, as pessoas podem nos procurar para ajudarmos no processo de criação. E para além disso, existem ações diárias e simples que podem ser realizadas, como colocar o assunto da mineração no dia a dia, ajudando a informar e conscientizar outras pessoas. A população também pode acompanhar nossas postagens para saber das informações, ajudando a compartilhar nas redes sociais. Outro ponto importantíssimo está também nas eleições municipais. Votar em candidatos comprometidos com a luta contra a mineração nos ajudar a ganhar força no poder público”. Caroline destaca que devido a pandemia o movimento tem encontrado dificuldades para realizar reuniões, mas que tem tentado não se desmobilizar. “Estão programados encontros com candidatos ao legislativo, entre outras ações ainda sem data marcada devido à pandemia. Mais informações serão divulgadas nas redes sociais do nosso movimento”.
A reportagem perguntou à representante se ela acredita em uma mineração responsável. “Eu, particularmente não acredito em grandes corporações, pois suas ações são norteadas majoritariamente pelo mercado internacional e acumulação de capital. Quando falamos em sustentabilidade temos que levar em consideração, não três, mas quatro fatores: ambiental, econômico, social e também o ético. Somente a ética pode garantir o equilíbrio para qualquer ação sustentável ou responsável. E quando se coloca o fator econômico acima dos demais, bem, então não temos ética, responsabilidade e nem sustentabilidade. Acredito que poderá existir no futuro, com evolução para um sistema com mais harmonia entre pessoas e meio ambiente, mas atualmente, vivendo nesse sistema de acumulação e exploração para estocagem eu pessoalmente não conheço atividades minerárias que sejam eticamente responsáveis”.
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