Ildecir A.Lessa
Advogado
O Brasil não vai ser resolvido com a simples mudança de um governo, como o atual que tem pouco mais de cem dias governando. A conquista de um progresso econômico e social, que se chama desenvolvimento, não acontece em apenas mais um mandato presidencial. Deve estar presente, todos os requisitos favoráveis. Somente com um crescimento econômico de longo prazo, haverá queda do desemprego e da pobreza, que minam as expectativas sociais.
Quando o mercado vai na direção de sensação de fracasso, passa a alimentar o que está cunhado como crise. Diante de uma crise que parece consumir milhões de empregos no país, uma solução emergencial, com potencial de reverter expectativas pessimistas, poderia ser o aumento do gasto público em obras de infraestrutura, setor que denuncia o atraso brasileiro e obstaculiza um surto vigoroso de crescimento econômico. Existem os modelos econômicos, como o que vai no sentido de aumentar os gastos públicos em um período de recessão.
Nesse período, o governo cria empregos e a renda desses novos trabalhadores passa a alimentar a demanda, gerando um ambiente favorável ao reinvestimento privado. Contudo, esse processo não são fáceis e esquemáticas assim. A evolução da experiência na política de governo, infelizmente, tem demonstrado que até as políticas governamentais tidas como benéficas tendem a falhar. A construção das crises nos governos vem acompanhadas de um complicador, que se apresenta no fenômeno da desindustrialização. Como é sabido, o que o país conquistou em termos de desenvolvimento, ao longo do século XX, foi graças ao processo de industrialização da economia. Nas sociedades centrais, como a norte-americana, por exemplo, a retração da produção e do emprego fabril implicou em uma mudança para um tipo de sociedade pós-industrial, na qual o setor terciário cresceu e as indústrias reorientaram os seus ciclos para bens de tecnologia cada vez mais elevada. E esse, definitivamente, não é o nosso caso! Retomar o crescimento econômico, condição sine qua non para o desenvolvimento, pela sua magnitude, depende de um projeto coletivo. Sem este, não é possível frear a desindustrialização e vencer a pobreza e o desemprego. E é exatamente neste sentido, que qualquer governo pode fracassar, se não estiver presente esse conjunto de elementos para impactar o progresso de um país. O destino dos brasileiros, não está atrelado à visão ideológica de um grupo.
O governo deve ser de Estado, em sua forma de ação e tamanho atual, sempre focado no seu crescimento de forma criteriosa e coerente. Razão porque, como ao fim e no limite o Estado é uma sociedade política da qual todos somos partícipes, a saída para reencontrar o caminho do desenvolvimento, com justiça social e democracia, reclama a participação em torno de associações e lideranças. São estas que vão construir um projeto coletivo com legitimidade para alimentar a nossa confiança e, com isso, dia após dia, com nosso trabalho, criatividade e empenho, permitir que transformemos qualquer fracasso, em qualquer tempo, em oportunidade para a criação de novos negócios que gerem emprego e crescimento econômico.
A crise gera incerteza, mas este é o momento em que um novo projeto de Brasil pode ser gestado, a partir da atuação de líderes criativos e plásticos o suficiente para conduzir a reinvenção em torno de uma proposta sustentável e de longo prazo. É o projeto em longo prazo do Brasil.