Agricultores, sindicalistas e caminhoneiros fizeram manifestações
REALEZA (MANHUAÇU) – O 1º de maio, data em que se comemora o Dia do Trabalho, foi marcado por protestos. Agricultores familiares, sindicalistas e caminhoneiros fizeram manifestações. Os movimentos não tem ligação entre si, enquanto uma classe cobrava direitos e questionava a prisão do ex-presidente Lula; a outra reclamava do preço do óleo diesel, do valor do frete e das condições das estradas.
AGRICULTORES E SINDICALISTAS
Agricultores familiares e sindicalistas fecharam o entroncamento das rodovias BR-116 e BR-262, no distrito de Realeza. Na pauta, direitos da classe e os questionamentos sobre a prisão do ex-presidente Lula, que foi condenado a 12 anos e 1 mês de prisão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. O congestionamento atingiu vários quilômetros nos quatro sentidos das rodovias. O protesto começou por volta das 9h. Eles saíram do local por volta das 10h30, liberando a pista, depois da presença da imprensa para registrar a manifestação. O número de pessoas que participou do ato não foi informado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), que ressaltou que o movimento foi organizado e o ato totalmente pacífico e sem incidentes.
Segundo Genilton Miranda, coordenador de comunicação da Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiares (Fetraf Minas), o movimento teve adesão de membros do Movimento dos Atingidos pelas Barragens e do Partido dos Trabalhadores, além de outros movimentos sociais. “A nossa indignação é com relação ao desmonte que está sendo feito com relação às políticas públicas por causa do golpe que aconteceu desde o impeachment da ex-presidente Dilma e agora uma prisão injusta do ex-presidente Lula. Estamos aqui para dizer que o Lula deve ser livre e que esse governo Temer está acabando com toda a classe trabalhadora com relação a salários, direitos sociais, congelamento de recursos da Saúde e Assistência social, reforma da previdência parou e vai voltar. A gente está aqui para dizer que toda essa crise política está trazendo muitos prejuízos para a classe trabalhadora”.
Ainda de acordo com o manifestante, os protestos em todo o país são para “dar o recado aos governantes e principalmente para o Judiciário Brasileiro que não está cumprindo com seu dever. Está agindo politicamente contra a classe trabalhadora. Tudo isso para nós está errado. É falta de um projeto popular de governo. (…) Não vemos avanço de agricultura familiar por falta de políticas públicas”.
Outra representante da Fetraf Minas, Eliete Costa, argumenta que a presença das mulheres foi para exigir respeito. “Foi uma falta de respeito com nós mulheres e agricultores. A retirada da Dilma foi o início disso tudo. Se fosse um homem, não tinham tirado. Ela foi tirada do cargo pelo machismo que impera na nossa sociedade. Nós mulheres estamos aqui para dizer que estamos indignadas e fazemos parte da sociedade. Somos agricultoras e somos lutadoras”.
Ela também ressaltou que o movimento quer Lula Livre, criticou a TV Globo e afirmou que não há provas do tríplex ser do ex-presidente Lula. “Estamos aqui para lutar mesmo. Contra as reformas. Contra esse governo federal. Enquanto nós tivemos voz, nós iremos gritar, por nós, por nossos filhos, nossas famílias e nossos agricultores”.
Após a liberação das pistas, o trânsito fluiu lentamente até que terminassem as filas formadas nas rodovias federais.
CAMINHONEIROS
Caminhoneiros protestaram contra o aumento do diesel, o valor do frete e as condições precárias das estradas. Eles se concentraram na Ponte da Aldeia e saíram de Manhuaçu até o trevo das rodovias BR-262 e 116, no distrito de Realeza, retornando à cidade.
De acordo com a organização do movimento, motoristas de caminhões e carretas participaram do ato. Apesar de terem ocupado a rodovia com a mobilização não houve interrupção do trânsito ou atos de vandalismo.
Os trabalhadores buscam melhorias para o setor. O aumento do diesel teve que ser absorvido pelos profissionais, porque o preço do frete não acompanha o reajuste. Nesse momento de crise, ficou impossível passar essa diferença para o cliente.
Desde o ano passado, com a nova política de preços da Petrobrás, o Diesel está subindo toda semana e o frete não acompanha esses valores. Segundo um dos transportadores, na média uma carreta gasta cinco mil litros de diesel por mês. O litro hoje está na cidade na faixa de R$ 3,60, enquanto ano passado era R$ 2,69.
O frete não é reajustado e essa defasagem gera o sucateamento da frota, onde está impossível dar manutenção, pois não sobra para isso.
Além disso, protesto reclamou do IPVA caro pago pelos motoristas e que não retorna em investimentos e estradas adequadas. “São muitos buracos, estradas interditadas e sem manutenção. Isso tudo gera prejuízos enormes para o caminhoneiro. Cada pneu custa na faixa de R$ 1.500,00 e uma carreta usa 22 pneus na média. Essas más condições da malha rodoviária prejudicam muito nosso setor. O custo do km rodado hoje está altíssimo e nada é feito para os trabalhadores dos caminhões e carretas”, explicou outro manifestante.