Avô e amigo da família lamentam o ocorrido
SANTA BÁRBARA DO LESTE – Depois de confirmada a morte do garoto Elias Emanuel Martins, espancado no último domingo (27) pelo pai Werlei Francisco de Oliveira, 26 anos, a reportagem conversou com o avô do menino nesta terça-feira (29).
Nivaldo Fonseca de Souza, 55 anos, que reside no córrego Santa Cruz, zona rural de Santa Bárbara do Leste, contou que era padrasto de Emiliane Estéfane Martins, mãe de Elias, que morreu afogada aos 21 anos, em 2015, quando fez uma viagem para Santa Cruz Cabrália, no sul Bahia. Nivaldo frisou que esteve com Elias desde o seu nascimento. “Ele (Elias) ficou com a gente praticamente a vida toda. Há dois ou três meses, a avó paterna o levou para Caratinga. A minha ex-mulher (avó materna), não tinha como cuidar dele, aí ele (pai) veio pegar o menino, falou que cuidaria do menino direitinho, e como ele já tem uma filha, uma menininha, foi lá no Conselho Tutelar de Caratinga, eles passaram a guarda para ele. Mas inclusive a guarda nem tinha saído, eles tinham pegado mentira para ela (avó materna), que a guarda do menino já tinha saído para ele. Agora que ficamos sabendo que era tudo mentira”, disse o avô de Elias.
Nivaldo disse que não conhecia Werley, o pai da criança, pois estava trabalhando quando ele foi buscar o menino. Muito revoltado e triste com o caso, Nivaldo lamentou o ocorrido e chegou a culpar o Conselho Tutelar de Caratinga por permitir que o neto ficasse com o pai, sabendo de seu histórico violento. “Não tenho palavras para comentar esse caso, ele (Elias) sempre falava que gostava de ir para a casa do pai, ele chamava a avó de mãe, e disse para ela que nem precisava arrumar a trouxa dele (lágrimas), pois voltaria. Ele “pai do Elias” é um monstro, fazer uma barbaridade dessa. Mesmo ele estando preso, não vai trazer a vida do menino de volta, um menino de seis anos, fez isso só porque não teve paciência com o menino para estudar. A avó dele ainda o avisou para ter paciência com o menino, porque era assim mesmo, às vezes não comia, mas o pai respondeu que o filho o amava, e ele também amava o menino. E o próprio Conselho Tutelar de Caratinga querendo ou não, teve culpa, porque ela (avó) ainda falou para eles que o homem era violento, aí disseram que ele regenerou, que não faria nada com a criança. Entregamos Elias na confiança no Conselho Tutelar de Caratinga,” disse Nivaldo.
A reportagem do DIÁRIO DE CARATINGA entrou em contato com o Conselho Tutelar por telefone e foi informada que os conselheiros não podem falar sobre o caso, pois é sigiloso.
“O PAI DEVERIA PROTEGER…”
Lúcio Antônio da Cruz, 43 anos, funcionário público, cuidou de Elias quando ele tinha pouco mais de um ano. “O meu contato com o Elias era através da avó dele, sempre gostei de crianças, então passeava com ele, a avó era muito minha amiga. Ele tinha um ano e dois meses, a mãe dele já havia falecido. O que aconteceu é o fim do mundo. Brinco com as crianças aqui em Santa Bárbara, são bênçãos de Deus, não tem explicação. O pai deveria proteger, dar amor e carinho, a gente vê Deus através das crianças”, disse Lúcio.
Lúcio pediu que a escola também ajude as crianças e os pais. “A escola precisa ajudar as crianças, porque às vezes os pais não têm tempo e paciência para ensinar as tarefas”, afirmou.
POLÍCIA CIVIL
A Polícia Civil enviou nova nota à imprensa relatando que “sobre os fatos registrados no dia 27 de junho em Caratinga, informa que o pai da criança agredida, de 6 anos, foi preso em flagrante pelo crime de tortura qualificada. A criança chegou a ser hospitalizada, mas não resistiu e veio a falecer na noite de ontem, dia 28 de junho. A PCMG aguarda a finalização do laudo de necropsia para a conclusão da investigação. Mais informações serão repassadas à imprensa na conclusão dos trabalhos investigativos, que tramitam na Delegacia de Polícia Civil em Caratinga”.
O CASO
O homem de 26 anos espancou o filho de apenas seis, neste último domingo (27), no bairro Vale do Sol. O motivo das agressões seria o fato do menino ter tido dificuldade de entender a tarefa de casa.
De acordo com o tenente Fábio, por volta das 12h do último domingo, a Sala de Operações da Polícia Militar recebeu informações de que uma criança de seis anos teria dado entrada na UPA (Unidade de Pronto Atendimento), e apresentava várias lesões pelo corpo.
Uma equipe da PM se deslocou até a UPA, enquanto outra guarnição foi até a rua Cota Silva, onde apurou outras informações em relação ao fato. “Ainda na UPA, após fazer mais levantamentos, a polícia identificou o autor (que é o próprio pai da criança), e efetuou a prisão dele”, disse tenente Fábio.
De acordo com a PM, foram realizadas diligências policiais, sendo apurado que o pai estaria sozinho com a criança em casa, ensinando tarefa a ela, quando tudo aconteceu. “Ele (pai) ficou nervoso porque a criança não estaria conseguindo entender e aprender a tarefa. Diante disso, ele efetuou socos na região da face e no crânio da criança, e, em certo momento, aplicou uma rasteira nela, momento em que ela caiu e bateu a cabeça em um móvel, ficando inconsciente. O próprio pai, naquela situação, entrou em desespero. A criança apresentou um quadro de convulsão. O pai tentou tirar a língua da criança da boca e deu um banho nela para ver se ela reanimava. Como não conseguiu, ele mesmo providenciou o socorro até a UPA. A equipe da PM fez contato na unidade de saúde, onde confirmou a gravidade das lesões”.
Informações apuradas pela PM dão conta de que a mãe da criança já é falecida e o pai do menino tem uma companheira, com quem tem um filho, de um ano e sete meses; e ela não estava na casa no momento do ocorrido sendo que ele estaria sozinho com o garoto.
Conforme a PM, ao consultar o sistema informatizado, foi constatado que o autor já tem passagem pela polícia por homicídio. Ainda durante o atendimento da ocorrência, chegou a informação de que o autor teria pedido a sua atual esposa para esconder uma arma de fogo dele. A notícia é a de que a esposa dele saiu com a arma em mãos e teria entregue para o irmão do autor. O irmão dele foi localizado e preso. A arma ainda não foi localizada.