Artigo

SER LGBTQIA+ “FICOU” TÃO LEGAL: A

visibilidade gay como forma de ganhar dinheiro no dia dos namorados

 

Há um tempo ser uma pessoa LGBTQIA+ era uma sentença de exclusão e de discriminação. Essa “minoria”, que não tinha espaço nos meios de comunicação, não expressava suas sexualidades livremente e não era pauta de políticas públicas e de direitos. Hoje em dia, felizmente, a situação é outra.

Nas campanhas de ‘Dia dos Namorados” de um tempo pra cá, especialmente nas desse ano, grandes marcas começaram a perceber a potência que é ser associado ao universo não heteronormativo. Tal ato, que anteriormente era sinônimo de transgressão e irreverência, hoje é comum e a quantidade de casais plurais nas campanhas nós faz achar que sim, o mundo é totalmente tolerante.

Com isso, um termo bastante irônico, foi utilizado pra categorizar tal ato de marketing através das questões gays, o famoso “Pink Money”. Ele versa sobre quando uma marca ou uma personalidade abraça a causa LGBTQIA+, sendo que em sua história nunca havia se importado.

A grande questão é perguntarmos se essa visibilidade implica numa mudança de paradigma, em um medo de cancelamento por parte de grupos ativistas, ou se segue o padrão social, que não admite mais exclusão e a estipulação de um ideal de casal perfeito, normalmente sendo o heteronormativo! Na semana que se passou, praticamente todas as marcas que divulgaram algo sobre uma das datas comemorativas mais rentáveis do ano, utilizaram a temática LGBTQIA+.

De acordo com um estudo da “Universidade de McKinsey”, por exemplo, existe uma correlação entre diversidade de gênero, orientação sexual, pluralidade racial e melhores resultados financeiros. As empresas com maior diversidade, em quadro de funcionários e em ações de publicidade, tinham, em média, 25% a mais de chance de obterem resultados acima da média para o setor. A raiz da solução talvez não seja a mesma raiz do problema, então. Enquanto o grande público consome esse tipo de conteúdo, acreditando numa “normalização do normal”, podemos inferir que ainda existe um potencial capitalista dentro da proposta.

No fim, quem ganha são as grandes marcas, mas também a comunidade LGBTQIA+. Nas ruas, a realidade ainda torna o jovem não heteronormativo alvo e marginal, porém nas telinhas de nossas casas, isso se torna natural. Acredito que é uma questão de insistência, de visibilidade. Quanto mais essa visibilidade se tornar real, mais a sociedade a colocará na normalidade. Ainda não temos um casal de mesmo gênero par romântico principal de uma novela global, mas já temos a última edição do BBB exibindo o primeiro beijo entre dois homens de forma natural. Ainda estamos sim no meio do caminho. Numa proposta de subir degraus longos, mas estamos subindo.

No próximo ano, continuaremos vendo essa demonstração de amabilidade pelas marcas, acredito esse ser um movimento que não tem volta. A partir de agora, o grande papel social, é estabelecer que seja natural e não uma estratégia. Precisamos naturalizar o amor entre dois homens, duas mulheres ou naturalizar a existência de pessoas trans, como algum dia, infelizmente, naturalizamos a violência a esse grupo que sim, não é mais uma minoria.

Marllon Bento

Jornalista, Assessor de Comunicação e Produtor audiovisual.

Diário de Manhuaçu

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