Três abalos sísmicos foram registrados na cidade. Defesa Civil afirma que esses fatos não têm ligação com barragens
MURIAÉ – A Defesa Civil de Muriaé informou que, entre sexta-feira (21) e terça-feira (25), recebeu mais de 400 ligações de moradores relatando sobre os tremores de terra na cidade.
Na sexta, o Laboratório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB) confirmou que dois abalos atingiram o município, o maior com magnitude de 2,4 graus na escala Richter. Na terça-feira, o Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP) detectou um tremor de 1,9 graus.
De acordo com a Defesa Civil, técnicos foram enviados para avaliar três residências nos bairros Gaspar, Aeroporto e Safira.
A pasta informou que os moradores destas casas relataram que trincas nas estruturas surgiram após os tremores, no entanto nenhum imóvel foi interditado.
A Prefeitura de Muriaé aguarda o envio de um técnico da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil para avaliar melhor a situação.
Em nota, a Administração Municipal informou que “tremores de terra no município provavelmente estão sendo provocadas por acomodação natural das rochas que formam a crosta terrestre e que não há como prever se novos abalos vão ocorrer.”
‘Todas as portas da casa bateram’
A Prefeitura informou que os abalos foram sentidos com maior força nos bairros Aeroporto, São José, Planalto, Safira, União, Gaspar, Dornelas, São Joaquim e Barra.
O produtor de vídeos Rafael Garcia, de 34 anos, morador do Bairro Dornelas, que sentiu apenas os tremores na sexta-feira, tanto quanto estava em casa, quando estava em outro bairro, o Napoleão.
“No tremor de terça-feira, estava no Centro e não senti. Mas minha família, que estava no Bairro Dornelas, sentiu o abalo”, explicou Rafael.
Na sexta-feira, o morador do Bairro União, Ailton Fernandes Corrêa, sentiu vários tremores durante a tarde. “O último pareceu que jogaram uma pedra no portão. A casa tremeu toda,” descreveu.
Histórico dos tremores
De acordo com os registros e mapas da USP e da UnB, os três abalos tiveram como epicentro pontos diferentes.
1º tremor: registrado às 15h20 na sexta-feira (21) pela UnB com magnitude de 2,2 graus na Escala Richter, registrado próximo às margens do Rio Glória, acima da BR-356.
2 º tremor: registrado às 16h08 da sexta-feira pela UnB, com magnitude de 2,4 graus na Escala Richter, próximo às margens da BR-116, antes da entrada da cidade.
3º tremor: registrado às 0h14 da terça-feira (25) pela USP, com magnitude de 1,9 graus. A localização do epicentro do abalo não foi mostrada no mapa da universidade.
Escala Richter
Criada em 1935 pelo sismólogo americano Charles F. Richter, integrante do Instituto de Tecnologia da Califórnia, a escala Richter foi desenvolvida para medir a magnitude dos terremotos, que consiste no ato de quantificar a energia liberada no foco do terremoto.
A escala Richter se inicia no grau zero e é infinita (teoricamente). Um dos fatores é que ela se baseia num princípio logarítmico, ou seja, um terremoto de magnitude 6, por exemplo, produz efeitos dez vezes maiores que um outro de 5, e assim sucessivamente. Veja mais:
Magnitude menor que 2: tremores captados apenas por sismógrafos;
Magnitude entre 2 e 4: impacto semelhante à passagem de um veículo grande e pesado;
Magnitude entre 4 e 6: quebra vidros, provoca rachaduras nas paredes e desloca móveis;
Magnitude entre 6 e 7: danos em edifícios e destruição de construções frágeis;
Magnitude entre 7 e 8: danos graves em edifícios e grandes rachaduras no solo;
Magnitude entre 8 e 9: destruição de pontes, viadutos e quase todas as construções;
Magnitude maior que 9: destruição total com ondulações visíveis.
DEFESA CIVIL
O coordenador da Defesa Civil, Leandro Cunha, e o comandante do Corpo de Bombeiros de Muriaé, tenente Dornelas, divulgaram um vídeo nas redes sociais para trazer mais notícias referentes aos abalos sísmicos que ocorreram em Muriaé na última sexta-feira (21) e na noite desta segunda-feira (25).
Segundo Leandro, a Defesa Civil está em contato direto com geógrafos da Universidade de São Paulo (USP) e Universidade de Brasília (UNB). Os geógrafos afirmaram que o motivo destes tremores foram devido a um processo de acomodação de solo, algo normal depois de um abalo mais forte como ocorreu na última sexta-feira, em que foi registrado em 2,4 graus na escala Richter. O abalo de terça-feira foi inferior e chegou a 1,9 graus.
Leandro também disse que fez contato com a Defesa Civil Estadual e solicitou a presença de técnicos em Muriaé para acompanhar de perto o fenômeno ocorrido na cidade.
FAKE NEWS
O coordenador alertou também sobre as “fake news” que circularam nos últimos dias através das redes sociais e grupos de aplicativos. Leandro enfatizou que os tremores não têm nenhuma ligação com barragens e nem com destruição de rochas.
Tenente Dornelas enfatizou que não foi registrado nenhum dano material durante os tremores e recomendou que, por precaução, caso os abalos voltem a ocorrer, a orientação é que os moradores deixem seus imóveis e vão para um local aberto.
Informações G1 Zona da Mata e Rádio Muriaé