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Um jogo chamado Democracia

Democracia ao pé da letra significa governo do povo para o povo. Portanto, de acordo com os princípios democráticos caberá ao povo, tomado pelos seus critérios, escolher quem o governará.

É justamente o ato de escolher que fará toda a diferença, pois vencerá aquele que for o mais escolhido, que na prática significa o mais votado. Portanto, que tenhamos bem claros os motivos das nossas escolhas, algo difícil na era da manipulação midiática. Por isso é preciso estar atento à qualidade da nossa informação.

Historicamente, percebemos uma semelhança imensa entre os discursos dos ganhadores e dos derrotados. Os primeiros engrandecem a população, bajulam a escolha feita, demonstram toda a felicidade do mundo. Já os derrotados, que em nenhum lugar do mundo aceitam a derrota, sempre procuram uma forma de justificar o fracasso e na maioria das vezes culpam o povo pela sua incapacidade de saber escolher.

Agora, precisamos reconhecer que ao escolher não podemos garantir que nossas escolhas se efetivaram em sucesso e nem tampouco em fracasso. Muito menos deveríamos ser julgados por nós mesmos em qualquer das situações, caso contrário a democracia vai perdendo o seu sentido.

Escolher não é sinônimo de acerto ou derrota. Escolher é apostar. Ainda mais no Brasil que na maioria das vezes sempre estamos escolhendo aquele que acreditamos ser o menos pior. Uma sina de uma democracia que vive seu processo de construção.

Assim, o ganhador que não governa para todos e o derrotado que não aceita a derrota, no fundo transforma a democracia em uma ditadura disfarçada, pois só quer contemplar o seu grupo. E isto é inconcebível.

Acredito que a pior derrota para a democracia seria a unanimidade, pois com ela perde-se a discussão, a reflexão, o contraditório, a possibilidade de mudança, gera-se um quadro de dominação, de perpetuação do poder, de controle de tudo e de todos. E como diria o ditado popular: “toda unanimidade é burra”.

O maior legado da democracia é acreditar que quem perdeu hoje, pode ser o grande vencedor amanhã e vice-versa. A democracia permite a alternância de poder, algo muito benéfico e salutar para qualquer sociedade. Acreditar nestas possibilidades é o que faz a democracia existir e perdurar.

Num país em que seus habitantes dizem defender a democracia, respeitar a escolha do outro, mesmo não concordando, torna-se uma atitude democrática. Como diria ironicamente Millôr Fernandes: “democracia é quando eu mando em você, ditadura é quando você manda em mim”.

Só não esqueçamos que o ato de escolher não nos redime de sermos cidadãos. E isto implica em ter zelo, em aplaudir e/ou se for o caso, a coragem de cobrar e reconhecer que a escolha foi equivocada, que infelizmente não se traduz naquilo que se esperava. Afinal, daqui alguns dias poderemos escolher novamente na esperança de acertar.

 

Walber Gonçalves de Souza é professor e escritor

Diário de Manhuaçu

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