Carlos Eduardo Amaral pontua as ações de combate à Covid-19 e explica como está sendo a maior operação para campanha de vacinação da história de Minas Gerais
DA REDAÇÃO – O assunto coronavírus está na pauta do governo de Minas Gerais desde janeiro do ano passado, quando foi elaborado o plano de enfrentamento e combate à transmissão da covid-19. Em meio às ações contra a pandemia, foi criado o plano “Minas Consciente – Retomando a economia do jeito certo”, que orienta o retorno seguro das atividades econômicas nos municípios do estado. No último dia 18, começou a vacinação em solo mineiro. O secretário de Saúde de Minas, Carlos Eduardo Amaral, está presente em cada uma dessas ações, assunto da entrevista que ele concedeu com exclusividade ao DIÁRIO, onde ele explica como está sendo a maior campanha de vacinação já realizada no Estado. Ele também destaca, “a participação e o engajamento de toda a sociedade como indispensável no enfrentamento bem-sucedido à Covid-19”.
Carlos Eduardo Amaral Pereira da Silva é médico formado pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) em 1992, neurocirurgião e neuroradiologista intervencionista, servidor público de carreira da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) desde 1994. O secretário possui MBA em Gestão de Negócios e MBA em Gestão Hospitalar e Segurança do Paciente, com experiência em gestão de qualidade. Passou no processo seletivo para ocupar o cargo de secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais e assumiu a gestão da pasta em 14/2/2019.
Secretário, ninguém esperava por uma pandemia. Como foi montada a estratégia para enfrentar o coronavírus?
Em Minas Gerais, o primeiro caso de covid-19 foi confirmado no dia 8 de março, dois meses após o Governo já ter iniciado o planejamento para enfrentar e combater a transmissão da doença. Em janeiro, a Secretaria de Estado de Saúde criou o COES – Centro de Operações de Emergência em Saúde, que foi fundamental para o monitoramento dos casos e para atuação na tomada de decisões.
Em fevereiro, apresentamos o Plano de Contingência para Emergência em Saúde Pública Covid-19, que tornou mais efetiva as capacidades de antecipação e planejamento por parte do Estado.
No mês de abril, foi lançado o Programa Protege Minas, que garantiu Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para profissionais de saúde que trabalham na linha de frente contra a covid-19 no estado. Na ocasião, também foi criado o plano Minas Consciente, importante instrumento de avaliação que tem como objetivo orientar os prefeitos na retomada segura das atividades econômicas, a partir de indicadores técnicos, assistenciais e epidemiológicos. No mesmo mês, colocamos em prática o Medicamento em Casa, o projeto, fruto de parceria entre a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) e Defesa Civil estadual, foi viabilizado por meio de doação de uma empresa de mobilidade urbana. Ele teve como finalidade descentralizar a distribuição de medicações, o que evita exposição de pacientes mais vulneráveis à covid-19 em filas e aglomerações nas Farmácias regionais de Saúde.
Em maio, o Governo disponibilizou, gratuitamente, o aplicativo Saúde Digital MG – Covid19, uma plataforma para auxiliar os cidadãos a realizarem autoavaliação de saúde com foco no coronavírus e direciona para o acesso à rede de Saúde do Estado. Sua eficiência garante que muitas pessoas, especialmente do grupo de risco, não precisem sair de casa, o que diminui filas e aglomerações e desafoga o sistema de saúde.
Em relação à qualificação da rede de saúde pública do estado, aumentamos o número de leitos de UTI em cerca de 95% e de enfermaria em aproximadamente 80%. Além disso, foram adquiridos 1.047 respiradores para auxiliar os municípios no enfrentamento à pandemia.
A consolidação do parque de testagem da rede pública estadual também foi destaque como ação para enfrentar o novo coronavírus. No início da pandemia, a média era de 77 resultados/dia; em julho 1.106, em dezembro foram liberados uma média de 3.034 exames diários para detecção do vírus, pelo método RT-PCR e, em janeiro, a média ficou em 1.740 resultados liberados por dia. Desde 6 de outubro, foi incrementado o público a ser testado pela rede pública, como todos os casos de síndrome gripal leve.
Foi criado também pela SES, o Escritório de Gestão de Leitos (EGL), que monitora diariamente as internações, entra em contato com hospitais e municípios para conferir os dados referentes à ocupação de leitos. A atualização é publicada diariamente no site da secretaria, demonstrando a realidade assistencial do estado. A análise dos dados é utilizada para o redirecionamento de fluxo e melhores condutas.
Importante falar sobre as videoconferências semanais com gestores de saúde e prefeitos, por meio das quais mantemos todo o estado com o mesmo nível de informação e conduta de forma ágil, para buscar o equilíbrio do cenário.
A SES também desenvolveu o Contact Tracing, documento técnico voltado para os profissionais de saúde de todo estado, cujo intuito é aperfeiçoar o rastreamento de casos próximos a quem tem sintomas de covid-19, acompanhá-los, examiná-los e monitorar se apresentarão manifestações da doença.
Outra estratégia fundamental foi a criação da Sala de Situação, grupo composto por médicos, enfermeiros, estatísticos, bombeiros, entre outros profissionais, que monitora, em tempo real, o cenário epidemiológico e os casos de covid-19 no estado. Foram criadas também, Salas de Situação nas 28 Unidades Regionais de Saúde, onde são compilados os dados, realizadas as análises da região e enviadas para o Nível Central, em Belo Horizonte.
Já no que se refere à imunização contra a covid-19, o Governo de Minas, por meio da Secretaria, colocou em prática, no mês de setembro, seu Plano de Contingência para Vacinação Contra a Covid-19. Visando a garantia de insumos para imunizar a população, foram adquiridas 50 milhões de seringas agulhadas. E também mais de 700 câmaras refrigeradas para serem distribuídas aos municípios para que possam se estruturar para armazenar os imunizantes de modo ideal.
No início da pandemia houve um turbilhão de informações, muitas delas falsas. Qual o momento mais difícil que Secretaria de Saúde de Minas enfrentou?
O momento mais difícil no enfrentamento à covid-19 foi quando os tivemos os primeiros casos da doença no Brasil e em Minas Gerais. Na ocasião, tínhamos um cenário mundial de guerra. Vimos uma quantidade de casos muito grande na Itália, na Alemanha. Era muito difícil comprar equipamento de proteção individual, medicamento, ventiladores, monitores. Ali foi o momento mais difícil. Mas, com planejamento, eficiência, resiliência, conseguimos nos organizar da melhor maneira e tomar medidas antecipadas.
Qual o maior acerto feito pelo governo de Minas em relação ao combate à covid-19? Digamos, houve medidas, caso tomadas hoje, o senhor acredita que o governo teria um posicionamento diferente?
Iniciamos o planejamento imediato e eficiente de ações de enfrentamento à pandemia, no momento em que a epidemia ainda não havia chegado ao Brasil.
Para enfrentar a covid-19, o governo, junto à SES, fez um planejamento muito eficiente. Todas as ações que citei foram imprescindíveis para que Minas Gerais fosse um dos estados com menor número de óbitos por cem mil habitantes, resultado que permaneceu até poucas semanas atrás.
Compramos os respiradores com o preço mais baixo do país e dobramos o número de leitos de UTI para salvar vidas. Concluímos a entrega do primeiro lote de vacinas em tempo recorde. O Governo de Minas também está entregando seringas e vacinas em todas as cidades do estado. Estamos preparados para a vacinação.
Qual avaliação que o senhor faz a respeito dos resultados do Minas Consciente?
Os resultados do plano Minas Consciente são muito claros e positivos. Durante quase todo o tempo da pandemia, o estado tem uma das menores taxas de mortalidade por 100 mil habitantes do país. O Estado fechou 2020 com 32 bilhões em atração de novos investimentos. Minas tem também o melhor resultado do Sudeste e um dos melhores do Brasil em termos econômicos, criou em 2020, 32.717 empregos.
Tais resultados demonstram que o plano, que direciona a retomada da economia, deu muito certo. Outro indicativo de sucesso é que observamos que sempre que a onda vermelha é estabelecida para determinada região, em 15 dias os indicadores da região melhora. Muito importante para que o plano dê certo é o monitoramento, que é feito de forma muito representativa.
O Minas Consciente está em constante revitalização para acompanhar o processo dinâmico que é a pandemia. A metodologia é sempre reavaliada, inclusive por meio de consulta pública.
Em sua avaliação, por que neste mês de janeiro alguns municípios estão deixando o Minas Consciente?
Hoje, 665 municípios estão aderidos ao plano, o que representa 78% do total de 853 municípios mineiros. Este é momento em que têm mais municípios aderidos ao plano. Os gestores municipais têm autonomia para aderir ou não aderir, ou mesmo de sair e fazer planos próprios.
Dentro das estimativas feitas pela Secretaria de Saúde, quando todas as pessoas que residem em Minas devem estar vacinadas?
A campanha de vacinação contra a covid-19 depende muito da quantidade de vacinas e hoje temos uma escassez em todo mundo. A nossa expectativa é que dure o ano todo. A imunização está sendo feita priorizando grupos mais vulneráveis à doença, que serão vacinados à medida que tivermos a vacina.
O que vai demandar o exato tamanho da campanha de vacinação será a capacidade produtiva dos laboratórios que estiverem produzindo a vacina ou no Brasil ou no mundo.
No dia 18 de janeiro, iniciamos a maior operação para campanha de vacinação na história de Minas Gerais. Três remessas já chegaram a Minas Gerais: 577.480 mil doses de CoronaVac, 190.500 mil doses de AstraZeneca e mais 87.600 mil doses de CoronaVac. Totalizando: 855.580 mil doses de vacina contra a covid-19. Até o momento, 735.193 já foram entregues. Recebemos as vacinas do Ministério da Saúde, e distribuímos para as 28 Unidades Regionais de Saúde, que entregaram para os 853 municípios do estado. A logística partiu de um planejamento eficiente, que executou a entrega em tempo curto, propiciando o início rápido da vacinação em todo o estado.
A distribuição das doses de vacinas e o número de mineiros vacinados podem ser acompanhados, em tempo real, por meio do site vacinômetro: https://coronavirus.saude.mg.gov.br/vacinometro
Por incrível que possa parecer, existem pessoas fazendo campanha e colocando até em descrédito as vacinas contra a covid-19. Como o governo de Minas pretende trabalhar para que as pessoas se conscientizem e se vacinem?
A vacina foi um dos maiores avanços de saúde pública que aconteceu na sociedade. Temos no Brasil uma agência reguladora extremamente séria, um Sistema Único de Saúde com três níveis de coordenação, um deles é a União, por meio do Ministério da Saúde. Os estados participam com suas secretarias estaduais e os municípios, que trabalham para chegar uma vacina confiável, da forma correta e na quantidade correta. Para o cidadão, a vacinação é o que há de melhor para saúde neste momento que estamos vivendo. Vacinas salvam vidas!
Secretário, obrigado pela entrevista, qual sua mensagem ao povo mineiro?
A participação e engajamento de toda a sociedade é indispensável no enfrentamento eficaz à covid-19, por isso, agradeço muito a todo cidadão mineiro que nos ajudou até aqui a enfrentar esta batalha. O apoio e participação de todos foi fundamental.
Agora, além de todo o planejamento e ações realizadas pelo Estado, é preciso que a população esteja consciente de que a pandemia não acabou. Esperamos seguir aliando as ações do poder público e as ações individuais da população para superarmos da melhor maneira possível a epidemia da covid-19 em Minas Gerais. O aconselhamento que fazemos sempre é de que as pessoas tenham o máximo de cuidado, que mantenham o distanciamento, uso de álcool em gel e de máscara. Isso será sempre necessário, enquanto tivermos o vírus circulando na sociedade.