Autores: Mariane Kaizer, Dayvid Rodrigues Couto & Talitha Mayumi Francisco Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA), Santa Teresa, Espírito Santo
Rede Eco-Diversa para Conservação da Biodiversidade
Criado em 1961, o Parque Nacional do Caparaó, localizado na divisa dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, completa 63 anos de criação no próximo dia 24 de maio. Muito conhecido por abrigar o terceiro ponto mais alto do Brasil, o Pico da Bandeira com 2892 m de altitude, o parque detém uma outra riqueza ainda pouco conhecida pelas pessoas: sua biodiversidade.
Com uma variedade impressionante de flora e fauna, o parque abriga espécies únicas e ecossistemas preciosos, e fornece uma diversidade de serviços ecossistêmicos essenciais às comunidades locais.
Biodiversidade
A diversidade da flora do Parque é notável, com mais de 1790 espécies catalogadas, abrangendo desde árvores emblemáticas como cedros e canjeranas até a graciosa palmeira juçara. Destacam-se também um número impressionante de orquídeas, bromélias, gramíneas (Poaceae), quaresmeiras (Melastomataceae) e margaridas (Asteraceae). Essas espécies podem ser encontradas em diversas áreas do Parque, especialmente nas Florestas Estacionais e Ombrófilas, predominantemente na vertente capixaba. Além disso, podem ser encontradas em áreas de afloramentos rochosos, conhecidos como inselbergues, localizados abaixo dos 1.600 metros, assim como nos campos de altitude, que surgem acima dos 1900 metros. Desde 1940, a flora do Caparaó tem sido objeto de estudo e coleta por parte de pesquisadores, que têm registrado amostras de plantas e documentado sua diversidade.
Desde pequenos invertebrados até mamíferos de grande porte, o Caparaó é lar de uma variedade impressionante de animais. Entre as milhares de espécies de insetos encontradas no Parque, destaca-se a rara e ameaçada borboleta oitenta-e-oito (Catagramma hydarnis). As aves também são abundantes. Atualmente, o Parque abriga cerca de 350 espécies de aves, incluindo 98 espécies que só ocorrem na Mata Atlântica, e 33 espécies ameaçadas de extinção. Destas, destacam-se a garrincha-chorona (Asthenes moreirae), o tovacuçu (Grallaria varia) e o papagaio-moleiro (Amazona farinosa). Entre os mamíferos, podemos encontrar uma grande diversidade de espécies que vai desde pequenos mamíferos terrestres, como camundongos, gambás, e morcegos, até espécies de médio e grande porte, como o tamanduá-mirim e a onça-parda. Até o momento, são conhecidas cerca de 35 espécies de pequenos mamíferos não-voadores, 35 espécies de morcegos, e 34 espécies de médio e grande porte habitando os mais diversos ecossistemas do PARNA Caparaó. Dentre essas espécies, destacam-se espécies ameaçadas de extinção, como os primatas muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus), o sagui-da-serra-claro (Callithrix flaviceps), e o bugio-ruivo (Alouatta guariba). Além disso, anfíbios (sapos, rãs e pererecas) e répteis (cobras e lagartos) também fazem parte da rica fauna do Caparaó. Com cerca de 61 espécies de anfíbios, o PARNA Caparaó está entre os 10 locais com a maior riqueza de anfíbios da Mata Atlântica. A diversidade de animais do Parque Nacional do Caparaó não só encanta os visitantes, mas também desempenha um papel fundamental na manutenção do equilíbrio ecológico do ecossistema.
Serviços ecossistêmicos prestados à população humana
O Parque é um fornecedor chave de serviços ecossistêmicos não só para as mais de 100 mil pessoas que vivem nos nove municípios ao redor do parque, mas também para milhares de pessoas que habitam a Mata Atlântica. A região fornece água limpa e pura para as comunidades vizinhas, e abastece rios e nascentes de pelo menos três bacias hidrográficas
(Rio Doce, Itabapoana e Itapemirim). Além disso, a biodiversidade presente no parque contribui para a polinização de cultivos agrícolas, a regulação do clima local e a proteção do solo contra a erosão. A conservação da biodiversidade e dos ecossistemas naturais no parque não apenas promove a saúde ambiental, mas também sustenta a qualidade de vida das pessoas que dependem dos recursos naturais da região.